Cap. 6 - LEMBRANÇAS DE ESCOLAS E ESCOLHAS INESPERADAS

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DEPOIS DE ALGUNS MINUTOS EU ACORDEI, sentindo uma leve dor de cabeça. Olhei de relance na tela de meu celular e reparei a marca pulsante em minha testa, que lembrava um grande "V" de metal, na capa do livro!

Curiosa, eu me levantei e começei a folheá-lho.

Após algumas horas andando pela clareira e apreciando a obra; e...

Pelos belos versos e confissões ali gravados começei a deduzir que se tratasse de algum tipo de diário - um... Diário de "V"?

- Quem era "V"? - Perguntei sentindo um arrepio naquela atmosfera funesta.

- O fizera aquele "V"? - Sussurrei passando a mão em minha testa.

- O que era "V"? - Perguntei lembrando-me de Claurent, da festa.

Por que eu quase sempre tinha a sensação de que uma garota ruiva de longos cabelos cacheados com olhos carmim e usando um poncho surrado de pele branco, estava me observando de algum lugar?

- Não pode ser! - Disse ao ler o final dum verso, uma caligrafia que eu reconheceria mesmo depois do amanhecer!

As palavras estavam ali, escritas em letra cursiva, alguém havia deixado aquele diário cair ali, e não fazia muito tempo...

- Vinte e Nove de Fevereiro de 29? - Perguntei continuando a leitura sem observar para onde estava indo enquanto caminhava novamente.

- Mas como pode estar tão conservado? Isso é...

De repente escorreguei com o diário e tudo.

Minhas mãos se abriram e ele voou para o alto, mas para minha sorte, o livro se abriu e das páginas caiu uma pequena corrente dourada que possuía um anel na ponta.

- Meu... - Sussurrei estranhamente - Meu...

Entendi minha mão para cima, e no último segundo... Consegui recuperar o diário enfiando meu dedo médio no anel!

Chicoteada por arbustos e samambaias daquela imensa floresta temperada; continuei escorregando até ser arremessada contra uma estranha parede de metal que surgiu à minha frente.

Findo o impacto... Meu corpo precipitou-se num solo estranho; uma mistura de seco e molhado.

Com muito esforço, me levantei e caminhei lentamente na direção do que parecia ser a calda dum avião parcialmente escondida por arbustos enormes.

- Uma base militar ou... Um aeroporto? - Perguntei confusa, enquanto me aproximava cada vez mais da imponente estrutura metálica... Cada vez mais envolta por pedaços de plantas e árvores quebradas por toda a parte.

- Mas o que... - Eu sussurrei diante duma cena que já tinha visto antes, mas me negava a acreditar:

Destroços espalhados por toda parte dum avião que acabara de cair. Pessoas feridas e ensanguentadas se arrastavam, engatinhavam, se levantavam, caminhavam e corriam... Outras caíam... Por toda parte!

Umas diziam que aquilo era o fim, enquanto outras já montavam acampamentos improvisados.

Havia algumas bem estranhas também. Estas gritavam revoltadas... Como se não acreditassem no fato de terem voltado para alguma ilha misteriosa. Perdidos!

Esfreguei meus olhos... Negando-me e acreditar naquilo tudo que eu via, quando contemplei, mais à frente, perto dum enorme pedaço da asa esquerda do avião... Dois jovens apaixonados...

Não! Desta vez não havia jovens apaixonados; e não era mais uma campina, e sim uma praia - o lugar era lindo; exuberante claro - porém a areia branquinha e fofa, e a água azul e translúcida do oceano a alguns metros de distância... Eram maculadas por aquelas mesmas pessoas machucadas e ensanguentadas de outrora. Algumas já estavam mortas e enterradas em túmulos improvisados, as que sobreviveram já tinham seus ferimentos tratados.

Começou então o questionário ordinário, no entanto necessário:

De onde aquele avião teria partido?

Por que havia caído? - Perguntei caminhando pela praia, enquanto meus pés se banhavam com a areia fina e agradável ao tato.

Vez ou outra eu tropeçava em algum corpo, ou então pisava na cabeça; ou partes íntimas de alguma pessoa enterrada na areia; mas...

Mesmo observando atentamente cada semblante abatido, cada rosto ferido, e às vezes correndo para verificar quando havia um novo falecido...

Não conseguia ver nenhum rosto conhecido!

De repente...

Um, dois, três... Cinco dedos brancos e frios tocaram meu ombro direito.

Mas aquilo foi diferente, uma sensação prazerosa apesar de muito estranha:

Fechei meus olhos por alguns segundos, enquanto... A baixa temperatura e a incrível palidez me deixaram incrédula.

- Como aquilo era possível? - Perguntei ressabiada, enquanto me virava lentamente para trás.

Abri meus olhos.

- V-Você? Como? - Gaguejei contemplando aquela pele branca, os olhos sobrenaturalmente acobreados, o nariz traçando uma linha perfeita no rosto, aquele rosto lindo, contornado pelas formidáveis costeletas que se erguiam como labaredas, rumo ao céu, de onde com certeza veio aquele anjo em minha vida.

- Impossível! - Sussurrei ao ver diante de mim, meu... - Tudo bem; vou falar. - Etward, lindo, perfeito e... Bem ali diante de mim!

- Mas o que ele estaria fazendo aqui? - Questionei folheando algumas páginas dum livro rubro-negro do qual me lembrei ter guardado em minha bolsa de onde conseguia tirar qualquer coisa.

- Presente duma antiga colega de escola - Disse a mais bela das vozes, enquanto minhas lembranças me faziam voltar alguns meses e capítulos atrás, quando Etward me presenteou com aquela bolsa, cuja grife gravada em alto-relevo numa fivela me chamou a atenção desde o início.

As letras J. K. R. possuíam o curioso formato de raios e ficavam muito bonitas quando refletiam a luz de qualquer ambiente. O problema era usar a bolsa para ir à escola ou passear quando não estava chovendo, porque em dias de sol; sempre acontecia algum acidente no trânsito... Ou coisa do tipo.

 Ou coisa do tipo

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[UDG/F1] RUA NOVA - A SAGA QUE MÚSCULOWhere stories live. Discover now