Não falei nada enquanto subia a escada com Arnaud, estava encabulado. Sentia-me uma criança, um adolescente inexperiente, por ter ficado todo aquele tempo encarando o corpo dele enquanto ele esperava para apertar a minha mão. E se ele tivesse notado? Por que eu estava encarando o corpo de um homem, de toda forma?

De um lado, o corredor tinha duas portas, primeiro, o quarto do meu irmão, que agora seria o quarto de Arnaud por dois dias. Depois, a porta do meu quarto, que ficava em frente ao banheiro. No fim do corredor ficava o quarto dos meus pais, uma suíte. Entramos no quarto dele, era amplo e pouco mobiliado. Apenas uma cama de solteiro (será que ele era solteiro?), um guarda-roupas preenchido apenas por cabides vazios e uma mesa, sem cadeira. Um tapete redondo era a única decoração. Na parede oposta da porta ficava uma grande janela e uma porta, que dava para a varanda. Ele foi até lá conferir a vista.

- Uau - falou, dando de cara com a imensidão do oceano, meio azul turquesa, como o biquíni favorito de Elisa, meio verde esmeralda.

Entre minha casa e a encosta do mar, ficava um pequeno gramado, com uma piscina e uma banheira de hidromassagem, mas ele pareceu não notar. Ao lado, perpendicular à nossa casa, e de frente para a piscina, ficava a pousada do meu pai. Era um pequena construção que ele havia colocado de pé naquele mesmo ano, com a minha ajuda, e nesse verão abriria pela primeira vez. Tinha apenas quatro quartos, dois embaixo, com terraços que davam para o gramado, e dois em cima, com varandas iguais às nossas. Cada um com seu próprio banheiro e uma pequena cozinha, muito embora os hóspedes poderiam se sentir livres para comer na nossa casa.

- Se quiser uma rede, dá pra armar uma aqui - falei.

Ele olhou para mim com os olhos brilhando. Reparei que seus olhos eram da cor do mar, não aquele azul-esverdeado cristalino que atraía os turistas ao nosso arquipélago, mas aquela do mar revolto, turvo com a água do rio que desembocava na minha praiazinha secreta.

- Seria perfeito - respondeu.

Voltamos para o quarto, ele acomodou as malas em cima da cama e se espreguiçou, erguendo e esticando os braços. Sua regata levantou e pude ver um pedaço de sua barriga, perto da virilha, onde os pelos finos e loiros de seu abdome começavam a se misturar com os pentelhos mais grossos.

- E o banheiro, onde fica? Tem um aqui em cima ou devo descer, quando precisar? - perguntou, olhando pra mim. Eu rapidamente desviei o olhar e fingi estar olhando para o mar.

- No final do corredor - falei, e com a mão gesticulei para ele me seguir. Lá, abri a porta do banheiro e falei: - aqui. Ele não respondeu. Olhei para trás, para ver se havia me entendido, mas ele estava de costas para mim, olhando para meu quarto, que estava com a porta aberta.

- É aqui o seu quarto? - perguntou, com seu sotaque engraçado.

Tive vergonha, meu quarto estava bagunçando, provavelmente tinha uma cueca suja jogada em cima da cama. Geralmente eu arrumava minha cama pela manhã, mas naquele dia eu e Elisa tínhamos saído cedo para a praia e não deu tempo.

- Gosto musical interessante - falou, referindo-se aos pôsteres colados na parede atrás da cama.

Não sabia o que ele quis dizer com interessante.

- O almoço tá pronto! - gritou minha mãe, lá de baixo, e nossa atenção foi rapidamente desviada. Eu estava faminto.

- Estou faminto! - exclamou ele, sorrindo e dando tapinhas na barriga.

- Estou faminto! - exclamou ele, sorrindo e dando tapinhas na barriga

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Ilhados - [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now