Capítulo 11

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HÁ POUCAS COISAS QUE ACABAM COM UMA CONVERSA, COMO dizer ao seu irmão que

você está considerando prendê-lo por assassinato, e mesmo minha lendária inteligência não

esteve à altura da tarefa de pensar em algo a dizer que valesse a pena gastar o fôlego. Então

descemos a interestadual U.S.1 em silêncio até a 95 Norte e depois saímos da via expressa e

entramos no bairro do Design, logo depois da saída para a Julia Tuttle Causeway.

O silêncio fez o caminho parecer mais longo do que foi realmente. Olhei uma ou duas

vezes para Deborah, mas ela parecia absorta em pensamentos – talvez decidindo se usava suas

algemas boas comigo ou aquelas baratas que guardava no porta-luvas. Qualquer que fosse o

caso, ela olhava diretamente para frente, virando a direção mecanicamente e se movendo pelo

tráfego sem pensar nele de verdade, e também não perdendo nem um pouco de sua atenção

comigo.

Achamos o endereço rapidamente, o que foi um alívio, pois o peso de não nos encararmos

nem nos falarmos estava um pouco demais. Deborah parou bem em frente, um tipo de armazém

na Northeast Fortieth Street, desengatou e desligou o carro. Ainda não olhava para mim, mas fez

uma pausa, depois sacudiu a cabeça e saiu do carro.

Acho que eu deveria segui-la como sempre, a pequena sombra de Debs. Mas tenho um

mínimo de orgulho, e vamos falar sério, se ela ia se virar contra mim por causa de alguns

crimezinhos recreacionais e insignificantes, será que alguém esperaria que eu a ajudasse a

resolver este caso? Não que eu ache que a vida é justa – nunca é –, mas isto parecia forçar a

barra dos laços da decência.

Então fiquei sentado no carro e não olhei quando Deborah chegou à porta e tocou a

campainha. E foi apenas pelo canto do olho e sem nenhum interesse que vi a porta se abrir e mal

notei o sonolento detalhe de Deborah mostrando seu distintivo. E de onde eu estava no carro, sem

vigiar nem um pouco, não consegui ver se o homem a acertou e ela acabou caindo ou se apenas

a empurrou e então desapareceu para dentro da casa.

Mas fiquei um pouco interessado quando ela se esforçou para ficar de joelhos, caiu de

novo e não se levantou.

Ouvi a campainha do meu Alarme Central: algo estava errado e todo o melindre que eu

tinha com a Deborah se evaporou como gasolina em um asfalto muito quente. Saí do carro e

corri o mais rápido que pude.

A três metros vi o cabo de uma faca saindo de um dos lado dela e diminuí um pouco com

a onda de choque que percorreu meu corpo. Uma poça de sangue horrível e molhado já se

formava na calçada e lá estava eu de novo no contêiner refrigerado com Biney, meu irmão,

vendo aquele terrível líquido vermelho, grudento, grosso e nojento espalhado pelo chão e eu não

conseguindo me mover e nem respirar. Mas a porta se abriu e o homem que havia esfaqueado

Dexter - O Design de Um AssassinoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon