HERNANDO MEZA MORAVA EM UMA PARTE DE CORAL Gables que era bacana, mas
não muito; por isso, protegida por sua própria mediocridade, não havia mudado nada nos últimos
vinte anos, diferentemente do resto de Miami. Na verdade, a casa dele ficava a apenas uns dois
quilômetros de onde Deborah morava, o que os tornava praticamente vizinhos. Infelizmente,
aquilo não fez nenhum deles agir com a política da boa vizinhança.
Começou logo após Debs bater à porta. Pelo jeito que ela sacudia um dos pés, eu podia
dizer que minha irmã estava excitada e acreditava realmente ter achado algo. E quando a porta
fez um zumbido meio mecânico e abriu para dentro revelando Meza, o pé de Deborah parou de
se mexer e ela disse:
– Merda! – para si mesma, mas ainda assim bem audível.
Meza ouviu e respondeu com um – Vai se FODER! – e ficou encarando-a com uma
quantidade impressionante de hostilidade, considerando que ele estava em uma cadeira de rodas
motorizada e sem conseguir mexer nenhum de seus membros, exceto por alguns dedos de cada
mão.
Ele usava um dos dedos para mexer em um controle igual ao de um video game instalado
em uma bandeja e anexado à parte da frente de sua cadeira, e ela andou uns centímetros para
frente. – O que quer aqui, porra? Não parecem inteligentes o suficiente para serem Testemunhas
de Jeová, então, querem vender algo? Eu bem que estou precisando de esquis novos.
Deborah olhou para mim, mas eu não tinha nenhum conselho ou ideia para dividir com
ela, então apenas sorri. E por alguma razão, isso fez com que ela ficasse mais nervosa; suas
sobrancelhas se juntaram e seus lábios ficaram bem finos. Ela se virou para Meza e, em um
perfeito tom de voz de Policial Frio, falou: – Seu nome é Hernando Meza?
– O que sobrou dele – Meza falou. – Você fala como policial. Isso é porque corri pelado
no jogo dos Marlins?
– Queremos fazer algumas perguntas. Podemos entrar? – Debs falou.
– Não.
Deborah já estava com um pé levantado, o peso meio jogado para frente, antecipando
que Meza, como a maioria das pessoas, nos deixaria entrar automaticamente. Então fez um
pausa e deu meio passo para trás. – Como assim?
– Nããããooooo – ele falou devagar, como se conversasse com uma pessoa lenta que não
entendia o conceito. – Nãããoo, você não pode entrar. – E então mexeu no controle e a cadeira
pulou para frente de forma bem agressiva.
Deborah pulou para o lado, depois retomou sua dignidade profissional e ficou em frente a
Meza de novo, mas agora a uma distância segura. – Muito bem, então falaremos aqui mesmo.
– Opa, vamos fazer aqui mesmo? Óóótimo! – ele falou e mexeu no controle fazendo sua