- Ei, olhe! - disse Elisa, apontando para o mar, enquanto minha mão ainda explorava seus pelos pubianos.

Olhei. Eram duas dúzias de barcos, veleiros, vindo do mar e aproximando-se do rio, em direção ao centro da cidade. Entre eles, catboats, como chamavam as embarcações menores, de apenas um mastro e uma pequena vela, que comportava até duas pessoas. Também haviam alguns maiores, com cabines completas, quarto, banheiro e cozinha, dois mastros e grandes velas, os ketch boats. Observei, atento e animado, as bandeiras que se agitavam em alguns conveses. Itália, França, Suíça, Costa do Marfim, África do Sul, Brasil. Eu adorava aquele colorido, aquela diversidade de cultura. Conhecer novos costumes, idiomas, ouvir histórias daqueles estrangeiros aventureiros.

Adentraram o rio, o vento favorecendo que navegassem contra a corrente. Eu e Elisa estávamos animados, a temporada dos velejadores estava começando. Naqueles dias eu não olhava mais o calendário, apenas curtia dia após outro, sem saber números nem em que dia estávamos, a beleza das férias de verão. Alguns dos marinheiros estavam sobre o convés, rindo e assoviando, acenando para nós. Estranhei, geralmente eles ignoravam os habitantes locais em seus primeiros dias, até se acomodarem. Quando olhei para o lado, entendi, Elisa havia tirado a parte de cima do biquíni e boiava com o rosto para cima, expondo seus seios e vagina para aqueles estrangeiros. Senti raiva, dela e dos homens. Do tempo que passa rápido demais. Percebi que nossa adolescência havia finalmente chegado ao fim, Elisa agora era uma mulher e eu não mais era um menino.

Um dos barcos me chamou a atenção, um catboat, um pequeno, com uma pequena cabine, que provavelmente só continha uma cama de solteiro. Em seu casco, com letras garrafais, estava pintado de azul marinho a palavra SOTAFORD. Mas o que me chamou atenção não foi o nome excêntrico do barco, e sim seu velejador, que estava sozinho, ao contrário das outras embarcações, com sempre dois ou mais homens. Ele não olhava para o corpo nu de Elisa, mas olhava para mim, diretamente em meus olhos. Quando viu que eu o olhava, deu um sorriso com um canto da boca, acenou com a cabeça e virou-se para o outro lado, guiando o leme. Suas costas brancas e cheias de sinais estavam avermelhadas, queimadas pelo sol dos dias que passaram atravessando o oceano. Quantos dias será que levaram? Semanas? Não estava ventando muito ultimamente, o que explicava um menor número de embarcações do que o normal. Nessa época do ano, favorecidos pela corrente e pelo vento, vintenas de veleiros, fazendo suas travessias de oceano, dando voltas no mundo, paravam aqui em nossa ilha por alguns dias, às vezes semanas. Era como um porto seguro, para abastecimento, noites de sono confortáveis, bebida e sexo.

Observei-os, não todos, apenas o Sotaford, passar por nós e seguir rio adentro até a marina, no centro da cidade, onde alugariam quartos de pousadas e passariam no máximo três semanas fora do mar, curtindo a vida, que para nós era monótona, mas para eles era agitada, do nosso arquipélago. Ainda observava as costas do velejador do Sotaford, largas, os músculos retesados com a força para manejar leme, músculos definidos pelo esforço constante que fazia para guiar o barco. Desci meus olhos e observei sua sunga, laranja, na parte de trás costurada a palavra Dortnellas, seja lá o que fosse aquilo, acompanhando a curva de sua bunda. Um traje de banho horrível.

- Ai, estou toda queimada - queixou-se Elisa, ao meu lado.

Olhei para ela, pela primeira vez vendo seus seios. Era branco, nunca antes exposto ao Sol, e agora estava vermelho vivo. Parecia doloroso.

- Bem feito. - Foi o que falei.

Ela jogou água na minha cara e nadamos até a praia para nos vestirmos.

Nunca levávamos toalha para a praia, não precisávamos nos secar, o Sol e a brisa davam conta disso. Quando saíamos do rio, o caminho atravessando a faixa de areia até a mata era suficiente para nos deixar secos.

Ilhados - [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora