Capítulo 38

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Dois meses se passaram desde a prisão do Vampiro de São Cipriano. As notícias ganharam destaque internacional, mas trouxeram alívio para os moradores da cidade. Saber que o maníaco estava na penitenciária da cidade, até ser transferido para uma prisão mais adequada, era o que eles precisavam para voltar para suas rotinas.

Manu estava brincando com Legolas no jardim de casa. O cachorro saltava de um lado para o outro, correndo atrás de uma pokébola de borracha e carregando na boca até o garoto. Antes de adotá-lo, Manu nem se lembrava de quando tinha sido a última vez que ficara ali. O rapaz passava tanto tempo dentro do quarto, seja estudando para tirar boas notas, se perdendo em suas leituras ou jogando RPG, que a ideia de ter um cachorro não pareceu tão ruim. Mesmo divulgando exaustivamente nas redes sociais, ninguém se manifestara como dono. Parte do que o maníaco havia dito tinha ficado marcado em sua mente sobre como ele estava ajudando a cidade a se livrar de vira-latas.

Os pais de Manu o fizeram prometer que iria cuidar do bichinho. É preciso ter o coração muito ruim para abandonar um cachorro, pensou. Os seres humanos são muito egoístas.

O celular dele começou a vibrar no bolso. Manu segurou Legolas e ficou massageando seu focinho, enquanto atendia a ligação.

– Você já está pronto? – perguntou Jess.

– Logo estarei.

– Não se atrase. Minha mãe vai com a gente. Ela deve ficar um pouco lá.

– Olha, se duvidar, Amanda vai pedir para trabalhar na Céu de Estrelas, só para ficar por dentro do que estamos fazendo.

– Não dê ideia!

***

Sylvanus ficou tão animado com o seu retorno que decidiu fazer uma festa de reabertura da Céu de Estrelas. Ele escolheu uma noite de eclipse lunar. Jess e os amigos receberam um convite. Sylvanus sabia que era melhor contar a novidade a todos do que ter explicar um a um. Já estava se preparando para ouvir os comentários de "você é tão parecido com ele". Lorenzo Sylvanus, irmão gêmeo do Paulo. Lembrou do nome de um primo que todo mundo da família dizia o quanto eles eram parecidos, como se tivessem sido irmãos separados da maternidade e pegou emprestado. No final das contas, daria o mesmo. As pessoas sempre o chamavam pelo sobrenome.

– Você está ansioso? – perguntou Petrus.

– A água molha? – Sylvanus respirou fundo e colocou o dedo indicador na testa. – É claro que estou. Você sabe como são as coisas em cidades pequenas. Espero reconquistar a confiança dos clientes e atrair novas pessoas para a loja.

– Vai dar tudo certo.

Petrus abraçou Sylvanus.

– Sem sombras nos olhos hoje?

– O que você acha? Se eu ficar idêntico demais, as pessoas não vão acreditar que sou um irmão gêmeo. Você realmente precisa me deixar mais nervoso ainda? Já basta eu ter que deixar a barba crescer e raspar a cabeça.

– Se te serve de consolo, você ficou um gato assim. Vou ter que ficar de olho em você ou alguma dessas solteironas vai querer te levar para casa.

Três batidas na porta. As luzes da loja ainda nem estavam acesas. Sylvanus revirou os olhos e fez um sinal para Petrus atender.

Jess, Manu e Amanda entraram na loja. A mãe da garota ficou deslumbrada com tantos objetos esotéricos. Estátuas de divindades de diferentes religiões, bonecas de bruxas de diferentes tamanhos e tipos, uma variedade de cristais que ela nem imaginava que existia, entre velas, incensos, objetos mágicos e símbolos.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora