Capítulo 32

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Natasha estava totalmente apagada quando Lónan e Petrus saíram dali. Eles precisavam do que faltava para completar o ritual. Petrus e Lónan foram até a Avenida dos Corvos. Tudo aquilo seria mais fácil do que eles imaginavam. Era como se o universo estivesse conspirando para aquele momento.

– Eu sei onde podemos conseguir o que está faltando – disse Lónan, estacionando o carro em frente a uma creche.

– Você está louco? Sacrificar crianças? Eu jamais deixaria você fazer isso ou faria parte de algo tão sujo assim. Nós somos bem diferentes, Lónan. Eu sei que as pessoas não vão entender quando descobrirem o que eu fiz, mas eu estou fazendo isso por amor.

– Estúpido... Você está insinuando que eu não amo Anna?

– Seu espírito está tão mergulhado na escuridão, que não importa mais suas intenções, Lónan. Para ser bem sincero, se eu não precisasse de você, jamais trairia aqueles que devotaram suas vidas à magia e a proteger o mundo de pessoas como você. Mas não tenho muitas escolhas.

– Seu papo já está me entediando, Petrus. Essa sua necessidade de parecer mais iluminado, ou seja lá o quê... Isso é tão ultrapassado. Aceite que você, como eu, também tem seu lado sombrio. Talvez você goste tanto como eu da magia negra, só não tem coragem de admitir em voz alta ou para si mesmo.

– Vamos acabar logo com isso. Há um lugar que podemos nos divertir um pouco! – Petrus interrompeu Lónan.

Petrus foi apontando as direções para Lónan. Foram até uma das saídas da cidade. Passando alguns minutos, eles estavam em frente à penitenciária de São Cipriano. Em um muro perto da construção, havia a ilustração bem colorida de um anjo carregando uma espada em chamas. O bairro distante tinha poucas casas. Em um lugar como São Cipriano, poucos queriam morar perto do presídio.

– Previsível. Você acha que é melhor pegar pessoas que já fizeram algo errado do que alguém inocente. Petrus, Petrus... Um dia você vai entender que não existem pessoas que não erram. Faz parte da natureza humana. Não importa o que os livros religiosos tenham te ensinado sobre magia, é impossível viver sem cometer maldades, mesmo as pequenas. Uma vez que você para de lutar com essas estúpidas regras, tudo fica mais fácil.

– Como se eu não soubesse disso... Te poupar quando eu poderia muito bem ter acabado com você, Lónan. É algo que eu espero não me arrepender tão cedo.

– Como nós vamos exatamente fazer isso?

Petrus explicou o plano para Lónan. Pareciam dois adolescentes ansiosos para o que estava por vir.

O druida entrou invisível na delegacia e Lónan sabia que daria muito trabalho arrastá-los. Ele foi até a sala onde ficavam as chaves dos automóveis e pegou uma das chaves do camburão da polícia. São Cipriano era uma cidade tão pequena, que além de não ter tanta criminalidade, havia uma baixa quantidade de oficiais e de equipamentos. Petrus sabia dos riscos que estava correndo. Apesar de ter magia, não era imune a tiros.

Lónan foi invisível até um oficial e sussurrou no ouvido dele. Precisava que ele libertasse os presos e esquecesse o que estava acontecendo. Antes de deixá-lo abrir as grades, Lónan foi até os presos e pediu para que eles entrassem no camburão da polícia, sem fazer muitas perguntas, que eles seriam transferidos.

– Eu posso ver você – disse um deles, apontando para Lónan.

Lónan deu um soco no estômago do homem e repetiu o comando. O homem assentiu com a cabeça. Todos eles vestiam calças bege, camisetas brancas e chinelos. Lónan os acompanhou, enquanto eles seguiam até o camburão. Petrus piscou para ele e Lónan acenou em despedida para o policial que ficava olhando a cena, acenando de volta, como quem não entende nada do que está acontecendo e ficou lá assim até que foi encontrado.

O Livro - Os Bruxos de São Cipriano Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora