Capítulo 17

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A luz da cabeceira é incômoda e pela enésima vez a desligo, irritado com minha indecisão entre deixa-la acesa ou apaga-la. Lour House é quieta, tranquila, mas foi construída no alto, sob o foco em direção a lua e o clarão, que adentra minha cama através da janela entreaberta, hoje está desagradável.

Giro meu corpo mais uma vez buscando uma posição confortável que possa me fazer relaxar, mas não encontro.

— Droga! — Pestanejo meu sussurro. — Esta será mais uma noite mal dormida, constato importunado, refletindo sobre o fato de estar falando alto comigo mesmo — e pelo motivo de minha mediocridade.

O que mata, é que ensaiei por vezes um encontro com Coe, por isso resolvi procura-la na intenção de acalmar os nervos que me dominaram desde que me vi sem ela. Alias dias vazios e discrepantes, que iam do morno ao frio. Não encontrei ânimo para nadar o que acarretou em dores em minhas pernas. Como se não bastasse, permaneci nas barras por mais tempo que o recomendado. Abusei até mesmo do conhaque.

A contragosto, decido que senti saudades dela. Mas é porque eu já estava me acostumando com ela. Começava meu dia com a natação, depois drenagens e quando ela estava aqui comigo, fazíamos amor. Ou fazíamos amor em seu apartamento, ou no barco após um encontro romântico. Uma, duas ou três vezes. Mais, dependendo de como a paixão explodia entre nós. Era estrondosa nossa disposição para fazer amor, um ato incansável, regrado de luxúria. Paixão. E depois, ao acordar, eu sentia seu corpo junto ao meu, tocando-me, roçando-me, fazendo-me estremecer em contato com o seu. Estava até mesmo acostumado com sua voz suave e rouca em meus ouvidos todos os dias. Por isso não acho estranho não sentir falta de Coe.

Lembro-me da frustração que senti quando soube através de Ralph que sua madrinha partiu, baseado em minha atitude grotesca quando a ofendi no dia em que ela precisou viajar. Fui egoísta. Mas não frio ao ponto de não me sentir angustiado pelo modo como ela sofreu com essa perda.

Sua expressão de choque ainda é visível em minha mente, quando me lembro de que ela foi embora magoada comigo. Nem eu mesmo sei dos motivos que me levaram a exigir que Coe escolhesse entre mim e Ollay.

— Isso foi ridículo! — exclamo socando o travesseiro, num gesto agressivo. Queria poder voltar atrás em minhas palavras. Voltar no tempo, porque certamente estaríamos juntos, e eu poderia consola-la, protege-la. Afinal, ela tinha muito apreço pela madrinha.

Ao invés disso, estou aqui, só. Deitado em minha cama, visualizando o clarão da lua que banha meus lençóis e que por muitas noites banhou o corpo de Coe.

Considero nossa relação como algo puramente sexual, intimamente corporal. Levando em conta de que nunca falamos sobre nossos planos. Nunca previ que Coe pudesse ter os seus, ela nunca me contou sobre seus sonhos. Uma vez comentou algo sobre sua carreira. Eu é que não me dei conta de que isso poderia acontecer. Por minha soberba, muitas vezes exigi sua presença aqui e ela sempre disposta a arcar com suas responsabilidades me atendia, afinal existia seu compromisso financeiro com a madrinha. Talvez, em minha prepotência nunca considerei que um dia ela pudesse me deixar. Que pudesse viver do modo como sonhou e projetou para si.

Noto que passei a noite inteira reconsiderando meus sentimentos, tentando talvez, compreendê-los. Agora, o clarão do sol atinge meu rosto e meus olhos reclamam a intensidade da luz. Dormi pouco, se é que dormi.

Passei a noite em claro, pensando em Coe e todo o filme passa rápido em minha mente, fazendo-me viver mentalmente as emoções da noite anterior.

Penso em procurá-la novamente e tentar esclarecer os fatos do rodamoinho de emoções que me tomaram nos últimos dias. Ou simplesmente, confessar que me apaixonei por ela.

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