Capítulo 14

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A ligação de Carl me desperta e eu sorrio instantaneamente antes mesmo de ouvir sua voz.

— Você poderia ter ficado aqui comigo.

Eu compreendo o desapontamento em seu tom e suspiro baixinho. Era o que eu queria. Queria muito. Mas precisei voltar para casa naquela sexta feira apenas para alertar minha mente sobre minhas obrigações. Tenho minhas preocupações com Ollay, tenho contas para pagar, tenho roupas para lavar e casa para limpar. Esqueci disto durante os dias em que passei em Lour House, vivendo meu romance com ele e de fato foi muito bom. Mas, talvez Carl nunca compreenderia que preciso voltar, de vez em quando, a viver minha vida fora do conto de fadas.

— Carl eu te disse que...

— Eu sei, você precisava resolver suas coisas, apesar de que eu me ofereci para te ajudar. Mas podia ter voltado de tarde, eu passava para te pegar.

Eu deixo o silencio porque nada que eu disser pode justificar, de um jeito ameno, a realidade da situação. Seria fácil ter deixado tudo para ele resolver e no fim da tarde estaríamos juntos de novo. E eu permaneceria em sua casa até me viciar, até ficar dependente dele. Era isso o que eu mais temia. Já estou tão apaixonada, depender dele seria o fim de minha autonomia.

— Desculpe. Não quero que se sinta sufocada Coe.

— Não é isto, Carl. Eu só precisei voltar um pouco e dar esse espaço para nós dois.

— Espaço?

— Sim, espaço.

— É só isto? Espaço.

— Sim.

Alcanço seu sorriso do outro lado da linha e relaxo, ouvindo-o respirar em seguida.

— Está bem, espaço dado.

— Que bom.

— Mas amanhã vou passar para te pegar bem cedinho.

— Hum, e aonde vamos?

— Será surpresa. Mas uma dica, leve roupas leves e frescas. Ah, e fáceis de tirar também.

Eu rio alto da malicia inserida propositalmente em uma frase que começou casual. Carl demonstrou ter um humor diferente de tudo o que já vi. Na verdade, ele tem humor o que eu nunca notei antes.

— Ok, farei isto.

— Fique pronta as sete. Sou pontual, você sabe.

— Claro que sei... Até amanhã, Carl.

— Até amanhã. Durma bem e sonhe comigo.

Ele nem precisava pedir de novo. Ultimamente, mesmo dormindo ao seu lado, abraçada ao seu corpo quente, minhas noites de sono são acompanhadas por sonhos. Alguns eróticos, outros sem fundamentos. Mas todos têm Carl. Minha cabeça toda está tomada por ele, assim como meu coração.

Eu me sento na cama sem sono. A voz de Carl ainda ecoa em meus ouvidos e sinto um desejo incrível de estar com ele. Ociosa, alcanço um livro e folheio na intenção de ler e acompanhar a historia. Meu gesto de folhear as páginas tomadas pelas escritas faz com que me canse, esgotada por ler, ler e não compreender a mensagem do livro. E sei por quê. Aborrecida, eu me deito e aperto os olhos na tentativa de chamar o sono. Nada mais é interessante em minha vida. A vida com Carl é melhor. Eu acreditava que era feliz antes quando era objetiva, sensata e até impessoal. Mas agora, sou emotiva e confusa, tampouco sei o que está acontecendo comigo neste momento. Bem, sei que estou apaixonada e isso deveria justificar meu comportamento nos últimos dias. E sei que os riscos de sofrer aumentam quanto mais eu ficar com Carl e render-me a relação viciosa que ele propõe.

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