Capítulo 52 - Deus está entre nós ❤

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Lorena estava sofrendo. Era nítido. E como ela não estaria? Quando algo assim acontece está longe de ser normal alguém aceitar "numa boa" ou ficar em paz consigo mesmo durante um tempo. Ela está se questionando e, suas olheiras me dizem, ela está chorando, e muito.

Tenho certeza que ter Arthur ao lado dela deve amenizar sua dor.

Quando entramos na casa de Lorena, ela estava sentada com a bíblia e acariciando a mesma com as mãos. Era difícil ver ela assim. Eu não tinha como fazer nada.

— Vocês finalmente vieram? Vão tentar me convencer de falar com meus pais? – Lorena disse.

— Mais claro! Você é doida ou o que? Já pensou se eles chegam em casa e descobrem sobre isso? E pior... Descobrem que você está assim há dias. Eles vão desabar. – Diego senta-se ao lado dela e a abraça.

— Eu não quero contar. Já basta vocês com pena de mim – Ela abaixa a cabeça.

— Quem é que tem pena de você? – Rebato. — Você não tem nada para ter pena – Estalo a língua.

— Liga logo para eles Lore. Vai ser melhor – Arthur diz trazendo suco para nós.

— Escuta seu namorado – Diego diz num tom debochado.

— Ei! – Ela dá um soco em seu ombro. — Não tire sarro!

— Não bate nele, Lore – Sento ao lado de Diego que faz um bico enorme enquanto massageio o local que ele apanhou.

— Chega, gente! – Lorena rosna, fechando seus olhos e respirando fundo. — Eu tenho medo, ok? Eu sei que vocês conhecem meus pais por eles serem legais com vocês, gentis, mas são julgadores, são rígidos e... – Ela respira mais uma vez, bem fundo. — Nunca aceitaram exatamente como eu sigo a vida.

— Como assim? Eles não são cristãos? – Diego indaga.

— São. E muito. Eles são missionários e queriam que eu fosse também, entenderam? Eles vão achar que isso que está acontecendo agora é porque eu não ouvi eles quando me pediram para ir com eles.

— Eles pediram isso? – Questionei.

— Sim, nas férias de verão, um pouco antes de eu descobrir a diabete. Eles já acham que essa doença é resultado da minha desobediência, agora isso... – Uma lágrima cai do seu olho. Meu coração aperta.

— Lore, se Deus não mandou você ir, você não tem que ir. Eu sei, eles são seus pais, mas a bíblia mesmo diz que primeiro você deve obedecer a Deus. – Digo, afagando sua mão.

— Eu não sinto que meu chamado está em coisas assim, ir a outros países, ver crianças passando fome, mas parece que isso é um pecado. Eu sei que eu tenho que "ir e pregar o evangelho a toda criatura", mas eu preciso sair da minha cidade para isso?! Acho que não. – Mais lágrimas dela caem na minha mão.

— Você está certa. – Arthur concorda.

— Eu não quero salvar o mundo todo e perder minha vida. Eu ainda não sinto que tive um encontro real com Deus e eu quero isso. Vocês sabem. Eu sou fútil, escandalosa, e pelo que dizem eu sou uma vadia. – Ela prende mais algumas lágrimas.

— Quem diz essas coisas? As pessoas estão tão vazias e com suas vidas tão chatas que precisam olhar para o que as outras pessoas fazem e aí falam a primeira besteira que lhes vem à cabeça. Vadia? Procurar o amor e a felicidade agora é ser vadia? E daí que você já namorou muito? E daí se você nunca namorou? Se você não pecou contra Deus, acho que Ele não se opõe a sua felicidade. Pode ser sim que ele não queria que você saia beijando várias bocas por aí, mas as pessoas erram na busca acelerada pelo amor. É a vida. – Diego se levanta e pigarreia, estufando o peito antes de falar mais. Eu rio. — Lembrem-se: O que as pessoas dizem de vocês fala mais a respeito delas do que de vocês.

O preço de ser cristãOnde as histórias ganham vida. Descobre agora