Capítulo 22

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A manhã estava bonita, era como se tivesse acordado com um peso a menos nas costas.

Eu finalmente consegui enfrentar meu pai. Talvez tarde, pois da última vez que fui açoitado, ele me deixou várias marcas nas costas. As quais a única pessoa que sabia da existência era America. Apartir de agora, meu pai nunca mais irá me encostar um dedo em mim.

Eu já sou um homem e tenho forças para lhe enfrentar. O problema todo é minha mãe. Ela é boa demais para estar no meio de quaisquer confusão entre eu e meu pai. Sabia que ela sofria por nós nos atacarmos tanto.

Eu não tinha o direito de machucá-la. Ela realmente amava meu pai, e acreditava que ele era uma boa pessoa. Mas, pelo contrário. Meu pai apesar de dizer que a amava, já tinha ficado com outra mulher. Lembro-me bem do dia que vi uma mulher e meu pai juntos. Ela estava apenas conversava com ele, porém falou da existência de uma filha, eu fiquei surpreso e ele percebeu que eu tinha visto. Foi a primeira vez que fui açoitado. Eu tinha apenas quatorze anos. Ele me fez ficar de boca calada esse tempo todo. Caso contrário eu pagaria, disse ele.

Eu poderia falar a minha mãe agora. Mas, será mesmo que valia a pena? Após tantos anos! Deus, ele não a merecia. Ela também não merecia ver minhas costas, era só um emaranhado de várias cicatrizes que se cruzavam. Desde que ele me bateu pela primeira vez eu tenho uma rotina de exercícios que me deixam mais fortes. Naquela época eu tinha o intuito de ficar forte para poder enfrentá-lo.

Fui tirado de meus pensamentos por uma criada que se aproximava discretamente.

-Vossa alteza. -Ela fez reverência. -Desculpe incomodá-lo mas, preciso lhe entregar isso.

Ela me entrega um pequeno pedaço de papel que tem escrito.

"Alteza das altezas, as damas da elite requisitam, imediatamente, a menos sofisticadas das suas câmeras para..."

Leio o papel e quase que instantaneamente um sorriso se forma em meus lábios. O que será que essas garotas estavam aprontando? E juntas! Para completar aquele "..." Estava me matando de curiosidade.

Fui até meu quarto, recolhi uma câmera e fui em direção ao salão das mulheres. O qual eu deveria pedir permissão para entrar. Era um lugar restrito só para elas.

Bati a porta e abri uma pequena fresta. Estavam todas lá, sorrindo para mim, e minha mãe estava no canto sentada, também com um sorriso no rosto.

-Posso entrar?

Kriss correu até mim.

-Não. Só queremos a câmera. -Ela tomou a câmera de minhas mãos e fechou a porta na minha cara.

Fique surpreso com sua atitude. Mas, o que poderia fazer.
Ouço as gargalhadas delas saindo pela porta do salão e sei que estão se divertindo. Só queria saber com o que.

- O que vocês estão fazendo aí? -Perguntei, porém elas estavam ocupadas demais gargalhando da situação.

Desisti e fui para o meu quarto. Ler alguns relatórios sobre a situação do país, gráficos da economia e coisas do tipo. De vez em quando lembrava das garotas e isso só aumentava a minha curiosidade de saber o que estava havendo com elas. Volto ao meu trabalho. De repente ouço batidas na porta e é um dos conselheiros do meu pai.

-Alteza. O rei Clarkson solicita sua presença em seu escritório imediatamente. -Ele diz seco e sai. Droga! O que deve ter ocorrido desta vez?

Fui até seu escritório, não precisei bater pois a porta estava entreaberta.

-O que há de errado pai? -Pergunto entrando.

-Boa tarde meu filho.

-Boa tarde pai. Não que você se importe com meu bem-estar.

-Sempre fazendo piadas, Maxon.

-Eu tenho trabalho a fazer. -Falo seco. -O que houve?

-Espere. Falarei quando a cinco chegar.

Quando ele se referiu a America como cinco, quis rebater. Entretanto não gostaria de outra briga.

America aparece atordoada acompanhada de um soldado e logo faz sua pergunta.

-O que aconteceu?

-Eu sei tanto quanto você.

O soldado assumiu seu posto lá de fora e eu acompanhei a America para dentro. América entrou e eu fiquei ao seu lado e meu pai estava com um papel em suas mãos.

- O que exatamente você fez com a princesa italiana? -Meu pai perguntou se voltando para America.

Droga, tinha esquecido daquilo. Eu e America estávamos pegando armas da Nicoletta. E se meu pai descobrisse. Seria o fim.

- Não sei o que o senhor quer dizer. -America fala tranquila.

- Há décadas que tentamos fazer alianças com os italianos e, de repente, a família real italiana está bastante interessado em receber uma visita  nossa. Entretanto... - Meu pai abriu lentamente o papel que estava segurando e começou a ler. -" Embora seja mais que uma honra receber a graça da vossa companhia e da vossa família, esperamos também que a senhorita America possa vir nos visitar. Após conhecer toda a elite, somos capazes de afirmar que não imaginamos alguém capaz de seguir os passos de rainha tão bem como ela."

Meu pai a encarou

-O que você fez? -Berrou

Involuntariamente me coloquei a sua frente como forma de proteção.

-Fale direito com ela! -ronei de volta para meu pai.

Mas estava nas mãos dela, agora America teria que ter uma boa desculpa para o rei.

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