Capítulo 20

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Fui para o meu quarto atordoado pelo que meu pai havia falado.
Se ele tivesse falado isso antes da seleção começar eu teria aceitado sem nem pensar duas vezes.

Sei que a Daphne é uma ótima pessoa e uma amiga excelente. Mas, eu nunca senti nada mais além de amizade por ela. E eu simplesmente aprendi a gostar dessas garotas, até mesmo a Marlee; que quando aconteceu tudo aquilo, meu coração partiu. Não porque tinha ficado alguém da corte, mas porque nunca quis ela machucada. Era outra coisa que era contra o meu pai. Como alguém que apenas queria o direito de amar poderia acabar sendo chicoteado? Meu pai era uma pessoa horrível. Daria tudo para saber o que fez minha mãe o amar. Porque sim, ela o amava verdadeiramente. E ele, saia com outras mulheres a quais eu tinha nojo, pergunto-me como um homem que diz amar alguém, consegue ter relações com outras pessoas. É desprezível. Pergunto-me também como uma pessoa sabendo que a outra é comprometida pode ficar com essa sem nem pensar na pessoa que é fiel a esta outra. Também é desprezível, é falta de empatia. É óbvio que o pior é a que é comprometida mas mesmo assim é um erro mútuo.

Enfim, realmente aprendi a gostar da Celeste. Apesar de sua falsidade e acidez -as vezes boa quando intimamento- por dentro era uma boa pessoa. Só tinha medo que isso transparecesse.

Kriss, sua doçura de menina me encantava, não a amava mas, gostava dela profundamente.

Elise era uma boa pessoa. De poucas palavras, era verdadeira.

E... America. Droga, eu tinha que me apaixonar, eu tinha que gostar justamente a mais complicada de todas? -Parei para pensar e sim, eu tinha que me apaixonar. Era apaixonado por seu olhar, suas ações, seu lindo sorriso e jeito de falar, como me tratava como pessoa e... Ela não era a pessoa mais complicada, era também, porém não a "mais". Ela era humilde, forte, divertida, linda, indecisa... Sim, muito indecisa. Incrivelmente aprendi a me acostumar até com isso dela.

Esse "mais" era meu pai. Meu pai, não aceitava o fato de eu me casar com uma cinco. Toda sua implicância com a America era isso. Medo.
Medo que a America e eu fôssemos melhor que ele. Medo que a America conseguisse dissolver as castas. Medo que de um futuro onde o poder não era todo dele. Medo, apenas medo.

Eu não aguentava mais. Tinha que falar com ele. Falar que nada que ele fizesse iria mudar a minha opinião sobre tudo.

Eu andava em círculos no meu quarto quando ouvi leves batidas na porta e abri. Minha mãe, era minha mãe.

Me mandou sentar na cama, e logo sentou a meu lado. Pegou minha mão, e com a outra acariciou meus cabelos.

-Oh, meu filho.

-O que eu faço mãe? Eu não sei o que fazer. Eu... Eu estou apaixonado mãe. Nada que ela faça me parece errado ou de todo o mal, as vezes erra mas é com boas intenções. Ou será eu? É isso? Eu não enxergo a realidade?

-Não Maxon. Não, claro que não. Ela é uma boa moça. E eu sei que tudo o que faz é pensando no melhor. Mas, seu pai não ver as coisas assim...

-E como ele vê mãe? Ele é um mostro.

-Ele não é um monstro, Maxon. Só teve um caminho difícil até aqui. E isso o fez ser como ele é hoje. Ele é uma boa pessoa, mas tem uma casca dura, ele usa esse jeito mal como armadura com medo de se machucar. É só isso, um dia entenderá.

-Desculpe mãe. Mas, eu não vejo como.

-Meu filho, você já é um homem. Eu não posso botar nada em sua cabeça. Já está bem grandinho para tomar suas próprias decisões.

-Sim, estou.

-E é por isso que estou aqui.

Franzi o cenho.

-Não importa o que acontecer. Siga seu coração. Sempre.

Ela levantou e deu um beijo na minha testa.

-Me prometa. Que independente de tudo, você será feliz. Não importa quais as circunstâncias, o quão errado seja. Mas, seja feliz. Faça sua vida valer a pena.

-Sim, mãe. Prometo.

-Eu te amo meu filho. Me abraçou bagunçando meus cabelos com mão. Ela foi indo em direção á porta.

-Eu também te amo.

Ela apenas sorriu e saiu. Me deixando sozinho com meus pensamentos novamente.

*****

Tomei coragem e fui falar com meu pai. Apesar do medo eu tinha que fazer isso.

Bati na porta.

-Entre. -Sua voz era seca e fria.

Entrei e fechei a porta.

-Veio falar que aceita minha proposta? Porque você não tem escolha. Isso é o melhor a se fazer.

-Não, pai. Eu vim lhe falar que eu não aceito. Eu quero continuar a seleção!

-Tudo bem.

-E o senh... O quê? Tudo bem? -Perguntei incrédulo.

-Sim. Mas, -Sempre tem um mas. -A cinco está fora.

-NÃO!

-Você ousa gritar com seu pai Maxon? -Ele pergunta, se levantando da cadeira e ficando de frente para mim. Um arrepio percorre meu corpo, mas, eu tenho que enfrentá-lo, não posso viver o resto da minha vida assim.

-Sim pai! Eu grito. Sabe porque? Porque essas meninas só podem sair daqui quando EU, falar que elas vão sair. Essa é a tradição. A seleção só termina quando O PRÍNCIPE quer.

Ele olhava para mim com um olhar que me dava medo. De repente ele começou a bater palmas devagar. E sorriu.

-Então, a cinco vai ficar?

-Sim!

-Eu tenho que dar os parabéns a ela pessoalmente? Porque ela de fato, conseguiu o príncipe, o trono, e as riquezas.

-Ela não é assim. Não pensa em riquezas. Ela nem queria essa vida!

-E porque ainda está aqui? Ela o ama? Ela já te disse isso?

-Ela está aqui porque gosta de mim.

-Não seja tolo Maxon. Ela quer o você tem. Não você. Todas elas, para ser sincero.

-E a mamãe? Ela era de uma seleção certo?

-Não compare a Amberly, com aquela cinco desclassificada ou a qualquer uma que tenha aqui.

-America não é desclassificada. Ela é a melhor pessoa que eu já conheci. E nada, nem ninguém vai me fazer mudar de ideia.

-Você está sendo burro. -Ele falou socando forte a mesa.

-Ela fica. -Falei e sai da sala batendo a porta.

Eu não podia deixar meu pai nos separar. Agora eu tinha apenas que vê-la e lhe confortar. Eu iria lutar pela minha America até o fim.

O PríncipeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora