Capítulo 4

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America de fato, havia ficado com raiva de mim. Mas o que eu podia fazer? As palavras saíram da minha boca sem nem eu pensar, eu não quis insinuar que ela fosse uma sem vergonha, foi só a maneira de falar. Não era minha intenção.

Fui até seu quarto na esperança de que ela falasse consigo. Talvez eu até jantasse com ela. Eu precisava consertar aquilo, eu tinha que consertar. Bati á sua porta, e houve um momento de silêncio, ouvi alguns passos apressados e bati novamente. Desta vez uma das criadas de America atendeu.

ㅡEla está no banho, alteza. - Examinei todo o seu quarto e vi que tinha um prato. Parecia que America já tinha começado a comer, mas, não chegou nem na metade e decidiu que iria tomar banho. America não queria falar comigo. Ela sabia que era eu quem estava na porta. Isso explicava a demora, ela estava inventando alguma desculpa.

ㅡAh, tinha esperança de que ela ainda estivesse comendo. Pensei que talvez pudéssemos jantar juntos. -Falei, olhando bem nos olhos da criada.

ㅡA senhorita America decidiu tomar banho antes de comer. -A sua voz vacilava um pouco, certamente por está mentido para mim. Decidi que iria parar de lhe incomodar, porque não era culpa sua. America que tinha mandado ela mentir.

ㅡEntendi. Bom, você poderia pedir para America me chamar quando terminar? Gostaria de falar com ela.
- insisti uma última vez.

ㅡHumm... Talvez o banho seja demorado alteza. -Ela realmente não queria me ver.

ㅡAh. Tudo bem. Você pode por favor, dizer a ela que estive aqui e que ela pode me chamar quando quiser conversar? Diga também para não se preocupar com a hora. Eu virei. -Falei por fim.

ㅡSim, senhor -Falou, totalmente nervosa.

ㅡBem... Obrigado. Boa noite.

ㅡBoa noite, alteza.

America não tinha tido nem o trabalho de ligar chuveiro, ou fazer alguns barulhos de água na banheira. De fato não queria me ver. Mas decidi que iria esquecer tudo aquilo. Eu tinha que ter meu orgulho. Mais cedo ou mais tarde ela teria que falar comigo.
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Fui acordado subitamente do meu sono, no meio da noite por um guarda. O soldado Leger.

ㅡAlteza, o senhor tem visitas.

ㅡAGORA ? -Perguntei alto ?

ㅡSim, alteza. Eles falaram que é um assunto que pode tratar apenas com o senhor.

ㅡSim, avise que já vou. Obrigado soldado.

Me vestir rápido, calcei meus sapatos e fui para o primeiro andar.
Chegando lá dei de cara com duas pessoas um homem e uma mulher, que estavam cercados por pelo menos meia dúzia de soldados.

ㅡOra, ora. -Falou o homem, ao me ver.

ㅡQuem são vocês? -Perguntei com a voz firme.

ㅡSomos rebeldes senhor. -Falou me olhando com um certo desprezo. ㅡNão precisa se preocupar, somos nortistas e estamos aqui apenas para conversarmos. Eu, o senhor, minha parceira e a senhorita America.

Fiquei olhando para os dois sem saber o que fazer. O que nortistas queriam "conversar", e o que diabos queriam com a America?

ㅡPor que? O que quer? -Perguntei

ㅡJá disse. Apenas conversar.

Pensei um pouco. E olhei para um dos soldados que estavam próximos a mim.

ㅡChame a senhorita America. Rápido.

ㅡSim, alteza.

O mesmo sumiu na escuridão a caminho do quarto de America.
Houve um momento de silêncio enquanto o soldado ia chamá-la e lembrei , que eu havia pensando que America deveria falar comigo mais cedo ou mais tarde.
Bem, seria mais cedo do que eu imaginava. Então, ela chegou ofegante e quando olhou nos meus olhos, achei que nunca tinha visto nada tão... impressionante. Dizem que os olhos é a janela da alma e por Deus, transmitem sentimentos como nenhuma outra parte do corpo. Os olhos de America demonstravam uma mistura de angústia, desespero, remorso e agonia, não conseguia explicar.

ㅡComo eles estão ? - America perguntou. ㅡFoi muito grave?

E me surpreendendo correu para os meus braços, e óbvio a recebi com prazer.

ㅡO que ? -Perguntei, enquanto a envolvia em meu braços.

Ela me apertou forte e em seguida levantou a cabeça, olhando para mim.

ㅡMeus pais, meus irmãos! Como eles estão? -Perguntou, tão nervosa que estava gaguejando

Segurei seus braços, firmemente e olhei em seus olhos.

ㅡEles estão bem, America. Desculpe, eu devia ter imaginando que essa seria a primeira coisa a vir na sua cabeça. -Ela respirou fundo. E eu continuei. ㅡOs rebeldes estão no palácio.

ㅡO quê? E porque não vamos nos esconder?

ㅡNão estão aqui para atacar.

ㅡEntão, por que estão aqui?

ㅡSão apenas dois rebeldes nortistas. Não vieram armados e querem falar especificamente comigo... e com você.

ㅡPor que eu? -Perguntou confusa.

ㅡNão seu ao certo. Vou falar com eles agora. Eu e você.

ㅡEstou de camisola!

Analisei o fino tecido da camisola, lembrei que a primeira vez que nos virmos, ela estava exatamente daquele jeito. E depois daquele dia. Vi ela de camisola várias vezes,  ela nunca ligava, nem reclamava quando estava comigo vestida daquela forma. Aquila mínima atitude, mostrava que nós tínhamos alguma intimidade. Não tinha visto nem uma outra garota de camisola. Só ela.
Realmente ela não deveria está vestida daquela forma. Mas não tínhamos tempo.

ㅡEu sei, mas vai ser bem informal. Não tem problema. -Menti.

ㅡVocê quer que eu fale com eles?

ㅡA escolha é sua, mas estou curioso para saber o que eles querem falar com você em especial. E não sei se vão contar o motivo se você estiver ausente.

ㅡTudo bem. Tudo bem. -Ela falou.

ㅡVocê não vai se machucar, America. Prometo.

Segurei sua mão e apertei forte.

ㅡVá na frente. -Falei ao soldado. ㅡMantenha o coldre aberto por precaução

ㅡClaro, alteza. E seguiu pelo corredor até o grande salão.

ㅡVocê poderia dispensar seus cães de guarda? Pediu um dos rebeldes.

Ele era alto, magro, loiro e parecia um sete. E ao seu lado uma moça.
America deu um pequeno sorriso.

ㅡO que foi? -Perguntei

ㅡDepois. -America cochichou.

ㅡViemos em paz. -Falou o homem. ㅡEstamos desarmados. Sei que talvez seja inadequado pedir privacidade, mas gostaríamos de descutir assuntos que ninguém mais pode ouvir.

ㅡE America? -Perguntei.

ㅡQueremos falar com ela também.

ㅡCom que finalidade?

ㅡMais uma vez, precisamos conversar a sós.

ㅡSe você acha que pode machucá-la ... -Falei firme.

ㅡSei que vocês não acreditam em nós, e por um bom motivo. Só que não temos por que machucar vocês.

Refleti um pouco e decidi que iríamos conversar.

ㅡVocê. -Ordenei a um dos guardas. -Traga uma mesa e quatro cadeiras para cá. Depois, afastem-se para dar espaço aos visitantes.

Eles obedeceram.
Ainda em pé junto a mesa, o rebelde estendeu a mão.

ㅡNão acha que é hora de fazer as apresentações?

Olhei para ele e falei na lata.

ㅡMaxon Schreave, seu soberano.

ㅡÉ uma honra, senhor.

ㅡE você, quem é? -Perguntei.

ㅡAugust Ilhéa, a seu serviço.

O PríncipeWhere stories live. Discover now