— Eu sou Luke Devereaux, o novo Lorde Berwick. Você me enquadrou em sua lista dos mais cobiçados solteirões em seu artigo no magazine deste mês.

— Você é... — ela tentou colocar a xícara sobre o balcão, porém o tremor de seus dedos fizeram com que o recipiente virasse e derramasse o líquido sobre o balcão. Ela guardara na gaveta uma foto dele tirada por um paparazzo e não ha­via prestado muita atenção nela. Porém, agora, podia lem­brar-se da semelhança. Ainda assim, não conseguia enten­der a razão pela qual ele parecia sentir-se culpado de alguma coisa. — Que coincidência!

— Não foi uma simples coincidência.

— Não? — O que exatamente Luke queria dizer com tudo aquilo?

— Eu aceitei o convite para jantar na casa de Jack por­que queria conhecê-la. Estava aborrecido com aquele arti­go que publicou. Ele me causou muitos problemas nas úl­timas semanas e... — ele deu uma pausa para respirar e depois prosseguiu:

— Tinha a intenção de dizer-lhe o quanto havia me prejudicado com aquele artigo.

Ela se segurou num canto do balcão para disfarçar os dedos trêmulos:

— Não estou entendendo — o olhar de remorso no bri­lho dos olhos dele agora estava mais evidente. — Por que não me diz logo o que está pensando?

Ele gesticulou com as mãos no ar.

— Quando fomos apresentados eu imaginei que você soubesse quem eu era na realidade. Depois, quando começamos a flertar... Bem, acho que ficou mais complicado para lhe dizer o que eu tinha em mente.

— Está querendo me contar que tudo o que partilhamos fazia parte de sua "armação"? Queria apenas me fazer de idiota?

Se aquela era a intenção de Luke, ele havia tido pleno sucesso, ela considerou. Louisa se derretera nos braços dele, confessara que estava se apaixonando e até lhe conta­ra sobre o teste de Meg Ryan. Abrira seu coração para um homem que a desprezava. Uma sensação de angústia amea­çou bloquear-lhe a garganta, mas Louisa engoliu a saliva para conter a emoção. Toda a alegria que sentira durante a tarde inteira se desvanecera em segundos.

— Não é bem assim — Luke tentou justificar-se. Depois se ergueu e aproximou-se dela.

Louisa recuou um passo para impedir que ele chegasse mais perto.

— Então como é? — perguntou ela. E sem esperar pela resposta prosseguiu:

— Corrija-me se eu estiver enganada. Pelo que entendi, você despreza o que eu faço e mesmo assim resolveu me seduzir...

— Você está exagerando! — Luke reagiu interrompendo-a. — Eu até havia esquecido sobre o artigo no momento em que chegamos aqui.

— Ah! Muito conveniente para você! Acha que por con­fessar isso, eu me sentiria melhor?

— Não precisa ser tão sarcástica — ele afirmou, estrei­tando os olhos. — Acontece que eu tinha o direito de estar zangado. Poderia pelo menos ter tido a gentileza de me contatar e perguntar se eu gostaria de fazer parte de sua lista.

Louisa ficou boquiaberta. Luke não poderia estar falan­do sério. Será que ainda se julgava no direito de culpá-la pelo que tinha acontecido entre eles?

— Já que pensava dessa maneira, deveria ter revelado quem você era desde o minuto em que fomos apresentados. Mas preferiu me seduzir para poder me humilhar, não foi?

— Não. Eu não tive essa intenção. E também não fui o único a desfrutar da situação. Não ouvi você reclamar quan­do eu lhe proporcionei o seu primeiro orgasmo.

— Seu convencido arrogante! — ela exclamou, cega de raiva. E sem perceber apanhou a xícara que estava sobre o balcão da pia e jogou na direção dele.

Num gesto de puro reflexo, Luke desviou a cabeça para um lado e a xícara espatifou-se contra a parede azulejada da cozinha.

— Calma — ele pediu, enquanto passava a mão pelos cabelos.

— Saia do meu apartamento! — gritou ela com a voz trêmula. Como ela poderia ter sido tão idiota? — pergunta­va-se mentalmente.

— Está bem. Não precisa gritar. Se é assim que deseja, sairei imediatamente.

Luke girou nos calcanhares e caminhou na direção da porta de saída do apartamento. Ao passar pelo hall apanhou a jaqueta que ainda estava no chão e depois de sair, bateu a porta com força.

Louisa o havia seguido e feito mais alguns protestos, po­rém Luke nem mesmo olhara para trás.

Assim que o viu sair e bater a porta, Louisa recostou-se na parede do hall. A mesma parede em que, minutos atrás, Luke Devereaux a aprisionara e a levara ao paraíso por duas vezes seguidas.

Não demorou muito para que as lágrimas de frustração jorrassem abundantes pelo rosto dela. As pernas estavam tão trêmulas que Louisa deslizou o corpo devagar, apoiando-se na parede, até chegar ao piso. Abraçou as pernas e afundou a cabeça entre os joelhos, na tentativa inútil de esconder a própria estupidez.

Como poderia achar que estava apaixonada por alguém com quem passara um único dia? E agora que sabia a frau­de que era Luke Devereaux, por que sentia o peito tão vazio como se lhe tivessem arrancado o coração?

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