CAPITULO-SEIS

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CAPITULO SEM REVISÃO

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CAPITULO SEM REVISÃO

2001 – O encontro

Sentiu- se envergonhado naquele momento, mas adorou saber que ela já sabia de sua existência.

Alguns dias depois elas contaram que Julia o descrevia todos os dias, roupas, calçado, cabelo, e até o que fazia de conta que comia, para poder ficar ali a observando. E a partir daquele momento, passou a substituir Julia sempre que ela não podia estar tornaram-se amigos, e os três trocavam ideias, livros e ate conselhos.

Foi o inicio de uma vida feliz repleta de planos, sonhos e realizações, tudo tornou-se perfeito, namoro, com flores, e encontros, jantares a luz de velas, o noivado foi curto, tinham pressa em estar para sempre lado a lado, o casamento não foi uma grande festa, mas foi maravilhoso, tudo que planejaram as famílias, amigos. Construíram uma vida juntos, tiveram três filhos maravilhosos, o orgulho deles.

Foram amigos, amantes, confidentes e cumplices de realizações, felizes, é o que posso dizer, muito feliz.

...

- Papai, papai!- Marco acordou novamente sentindo um peso em seu peito, e uma voz conhecida e muito suave lhe chamando.

Era Paul, seu querido filho, não esta acreditando, ele estava vivo? Como? Estava feliz, mas ao mesmo tempo confuso, poderia os outros também estar ali? Abriu os olhos e deparou-se com o olhar de seu filho, chorando muito.

- Papai, eu não estava lá, desculpe, não estava lá para protegê-los, a culpa é minha. – E jogou-se de joelhos aos pés da cama, desesperado.

Ambos choraram, pela dor, pelo remorso por não estar lá, por não ter chegado mais cedo, por não ter esperado um pouco mais, choraram como duas crianças, que se amavam e tinham perdido toda a razão de viver. E a partir deste momento, ambos sabem que estão sós, tem um ao outro apenas. A dor permanecerá para sempre...

...----...

Brasil

Ao mesmo tempo Vivian, já cansada e desiludida, não sabe o que fazer de sua vida, já tentara de tudo.

Sentada na cadeira de lata de uma birosca a beira da estrada, já tinha chorado tudo, as lágrimas secaram, contemplava tristemente o movimento de automóveis, caminhões e ônibus. A dona do local já lhe deu comida e um lugar para dormir a três dias, porem tinha consciência de que precisava procurar algo para ganhar dinheiro, ainda tinha objetivos na vida, ao longo destes dez anos não desistiu do seu objetivo, já caminho muito, procurou, por todo o sul do país, terá que desistir. Está perdendo as esperanças.

O Jeep da Zuleide, dona do local parou em frente, ela desceu toda eufórica:

- Vivian, desculpe a demora, e o abuso de ter que tomar conta para mim, mas é uma boa causa. Na cidade fiquei sabendo de uma senhora já idosa, beirando noventa anos, está precisando de alguém para cuidar dela e da casa, o que acha? – Disparou ela.

- Tá, mas eu não sou enfermeira, não tenho experiência em cuidar de idosos, só sei limpar, e cozinhar, assim mesmo o trivial, acho que não dá pra mim. – triste ela respondeu.

- Não, você não entendeu, ela tem enfermeira, medico, e todo que podem cuidar da saúde, que alias vai muito bem. Ela procura companhia, alguém para limpeza leve, e cozinhar seu jantar, tomar essas coisas, falei de você pra moça da agencia, é fui lá assim que soube, ela marcou pra você estar lá amanha as sete da manha para entrevista! – esticou a mão e passou-lhe o cartão – Aqui está o endereço da agencia, e parece que a casa é na beira do mar, vai, mais do que um não você não vai ganhar.

- Tá eu vou, mas não vai se animando, meu curriculum não me garante muito – Estava realmente pessimista.

-Só tem uma coisa, Escolhe uma roupa bem sóbria, e arruma o cabelo, vamos dar uma domada nele, cortar as pontas o que acha?

-Meu Deus! Tá tão ruim assim?- Vivian fez uma careta – Tá legal, vamos nessa.

Às seis horas da manha Vivian estava na beira da estrada esperando o ônibus, decidiu ouvir os conselhos da mais nova amiga, única neste momento, e foi para a cidade.

A entrevista foi boa, e por milagre foi aceita, a tarde iria conhecer a senhora Salivam. Não tinha dinheiro para o almoço, por isso resolveu comer um pequeno lanche, não sabia a que horas voltaria para o bistrô. Duas horas da tarde o carro que levava ela e a agente estacionou em frente a casa.

A paisagem muito bonita, em frente a casa um jardim muito bem cuidado, com flores e folhagens e alguns cantis para pássaros, a casa não é grande, vista de fora tem um ar anos 50, a pintura já desgastada mas que lhe dá um certo charme.

Tocaram a campainha, foram recepcionados por uma senhora de uns 45 anos mais ou menos. Baixinha e robusta, riso fácil, muito simpática, e falava sem parar, é o que perceberam logo depois.

- Boa tarde, vocês devem ser da agencia, entrem, por favor, aguardem na sala de estar, querem tomar alguma coisa, suco, água, Senhora Salivam já vem atender. - Disparou a falar, sem dar tempo de responder.

Olhando uma para outra, sentaram-se no sofá, e sem dar tempo à senhora foi para outro cômodo da casa, que parece ser uma cozinha.

A Sra. Salivam era uma senhora muito franzina, mas elegante, os cabelos brancos como a neve, muito bem penteados, sem um fio fora do lugar, bem vestida com terninho azul turquesa, e sapatinhos de princesa com um pequeno salto, unhas muito bem feitas pintadas de um rosa queimado. Calorosa ela foi logo abraçando as duas recém-chegadas, e elas puderam sentir seu perfume, flores de lavanda, e a pele enrugada era muito macia.

- Minhas queridas! Estou muito feliz que tenham vindo Rosa, por favor, traga chá com biscoitos, - falou assim que a mulher que as recebeu voltou à sala- E, por favor, nos deixe a sós – Rosa saiu, não gostando muito daquela ordem, queira saber tudo, uma bisbilhoteira foi o que concluíram logo depois.

- Boa Tarde, Senhora Salivam - Falou a agente – Sou Nelma da agencia de empregos, e trouxe aqui a moça de quem falamos por telefone, Vivian – Apontou para ela, que soltou um sorriso tímido.

- Muito prazer senhora, estou encantada com sua casa, devo lhe dizer que não tenho experiência como cuidadora, apenas com limpeza - Nem terminou de falar.

- Não se preocupe com isso, na verdade, estou procurando por companhia, Rosa vai para sua casa o todos os dias às seis da tarde, e aos sábados as onze, e as enfermeiras se revezam em horários, necessito de alguém para morar aqui, tomarmos chá, ler para mim, fazer pequenas caminhadas, acha que poderia aguentar uma velha senhora no fim da vida? Graças a Deus ainda posso fazer pequenas coisas, crochê, um bordado, caminhar na praia. Meu marido Pedro, faleceu no começo deste ano, desde então estou só.

- Oh! Sim, não teremos problemas, confesso que já estou adorando este lugar.

Combinaram o salário, bem acima do que Vivian imaginava isso já a deixou feliz, em pouco tempo juntaria dinheiro para continuar sua busca, não desistiria agora que Deus abrira esta porta para ela. Sua busca já dura dez anos, mas ainda tem esperança de encontra-la, uma nuvem de tristeza passou pelos seus olhos, tratou logo de desviar o pensamento, ou desabaria num choro novamente.

- Então vamos Vivian, amanhã a deixo aqui as sete da manhã, certo? Até logo Senhora Salivam, nos veremos amanha. – Nelma despediu- se seguindo para aporta.

- Até logo queridas, amanha nos veremos. – Abraçou Vivian, que sentiu o carinho daquele abraço, uma paz lhe invadiu a alma, como a muito não sentia.


O LIVRO DA NOSSA VIDAWhere stories live. Discover now