CAPITULO-CINCO

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Olá, depois de meses e meses, voltei. Espero que gostem dos capítulos a seguir.

SEM REVISÃO

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Paris 2001

Marco foi sedado novamente, o estado de choque que se encontrava não permitiria que, levantasse da cama e fosse para casa, até mesmo porque não tinha motivos para ir, o que encontraria lá? Caiu novamente em um sonho profundo, e as lembranças vieram através de sonho.

Aos 28 anos, já um homem maduro e vivido o suficiente, veio do Brasil para trabalhar em uma multinacional assim que terminou sua graduação em contabilidade, seu sonho desde muito jovem. Estava em Paris há seis meses depois de uma passagem pelos Estados Unidos, aonde chegou a trabalhar por quase um ano na Multinacional, pareceu-lhe certo se alistar ara ir ao Iraque, era um sonho seu servir ao exercito, como não conseguiu no Brasil, foi o que fez, mas, seus relatos e lembranças, tornaram-se pesadelos, as tragédias vistas e vividas por lá. Assim que retornou, decidiu aceitar outro emprego oferecido a ele agora na França, em Paris, mais precisamente, para trabalhar com consultoria e assessoria contábil para ONGS e pequenas empresas, em uma empresa de grande renome na Europa.

Os primeiros meses vivendo na Europa foram solitários o bastante para que cogitasse a possibilidade de retornar ao Brasil, mas sua mãe, carinhosa como sempre o aconselhou a esperar mais alguns meses, melhoraria seu Curriculum e ele se acostumaria, afinal era seu futuro eu estava em jogo, e tudo que eles queriam era sua felicidade. Então decidiu aproveitar as ruas de Paris, começou a fazer grandes caminhadas, andar de bicicleta, frequentar cafés, registrando tudo, teria muitas belezas para contar aos seus pais quando retornasse. E foi assim que chegou o dia em que sua vida se transformou, começou a ter sentido, razão de viver ali tão distante.

Ao aproximar-me do café A La Bonne Bière, cada dia parava em locais diferentes, para poder provar todos os sabores de cafés e Pettit Four, mas este dia decidiu voltar a este café, e estava mais perto dali do que de outros.

Assim que desceu da bicicleta, avistou sentada no café em Paris, uma linda moça, e apaixonou-se antes mesmo de ouvir sua doce voz, ficou parado a certa distancia, certo de que ela também o olhava, foi chegando de mansinho, um pouco envergonhado, ela não desviava o olhar, ate perceber que, conforme foi chegando, seu olhar não o acompanhou, continuou vidrada naquele rosto lindo, pele alva, não era magra demais, seus cabelos negros e lisos tinham um corte da moda e emolduravam seu rosto.

Aproximei-me da mesa ao lado e sentou, imaginando que ela estaria esperando alguém, por isso não retribuiu seu cumprimento, ficou sentado ali, por longos quinze minutos, ela não desviou os olhos, que estavam fixos em um ponto qualquer, que não conseguiu identificar, a atendente chegou pediu um café com bolo, comeu demoradamente admirando aquele quadro, querendo guardar aquela imagem para sempre, ouviu um pessoa chamar e assim descobri seu nome:

- Anne, querida, aqui, venha o carro esta bem à beira da calçada a sua frente. Consegue sozinha?

- Sim mamãe, quantas vezes tenho que pedir para não me tratar como uma imbecil? Posso muito bem me virar sozinha.

Anne levantou-se e Marcos já apaixonado, tudo nela era lindo, estava boquiaberto, quando a atendente saiu correndo lá de dentro:

- Já se vai? Desculpe não te dar muita atenção hoje Anne, estou sozinha no balcão, mas prometo amanha recompensa-la, mesmo horário, ok?

- Tchau Julia, sim amanha voltarei, não se preocupe, estava muito agradável a manha hoje, não me entediei.

Dizendo isso, entrou no carro e se foi, ele ficou ali sentado, como um expectador embriagado pela beleza, pelo perfume e pela sua voz. Ouviu quando ela disse que voltaria amanhã, pelo visto era sua rotina, e a partir de hoje seria a sua também.

E assim foi por vários dias seguidos, chegava, sentava na cadeira de uma mesa no canto onde podia observar, as duas amigas conversavam, riam liam e se despediam. Ele ia embora cada dia com um sonho diferente. O que o entristecia era não conseguia roubar-lhe nem sequer um olhar.

Naquela manha, cheguei antes dela ao café, sentado na mesma mesa de sempre bebericando quando um carro encostou a porta se abriu, e ele a viu, o dia se iluminou, quando foi descer do carro ela tropeçou em uma cadeira que estava fora do lugar a beira da calçada, automaticamente foi correndo a seu encontro, amparando-a em seus braços, segurou firme, querendo que permanecesse ali para sempre.

_ Oh! Perdoe-me, acho que Julia não esta por aqui hoje, ele não teria o descuido de deixar a cadeira aqui. - Sua voz acariciou seus ouvidos

- Não foi nada, mas você tem que olhar por onde anda... - Falou isso a soltou devagar para que se ajeitasse novamente.

-Poderia me conduzir até a cadeira, por favor, acho que hoje, não conseguirei andar livremente, os objetos estão fora de lugar por aqui, ai! – Bateu com a mão na ponta de uma mesa. Percebeu que ela não poderia olhar, nem por onde anda, e nem devolver meus olhares apaixonados, seus olhos eram cegos. Uma dor aguda cruzou seu coração, e naquele momento prometeu a si mesmo, caso ela permitisse , cuidaria dela, por todos os dias.

- Claro que sim, parece que Julia não pode vir hoje, aconteceu alguma coisa com Rafael, foi o que ouvi da outra atendente.

- A sim, Rafael é o gato que Julia encontrou na rua, cuida dele como um bebe, tomara que não tenha sido nada grave- Sorriu.

- Se importa de eu lhe fizer companhia? Já que sua amiga não está, poderíamos ler juntos, quer dizer, eu leio para você se não se importar - Tomou coragem e perguntou.

- Eu adoraria não gosto muito de ficar só, sem ver quem esta a minha volta fico sempre apreensiva, Julia é meus olhos quando estou aqui, narra para mim tudo que acontece, pelas ruas, calçadas, casas, e com pessoas. Alias você deve ser o rapaz de cabelos rebeldes que tem vindo aqui todas as manhas?


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