CAPITULO-QUATRO

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Ola florzinhas lindas, aos poucos estamos voltando com as postagens.

Bem gostaria de convida-las a ler nosso novo livro "ÍDOLO TAMBÉM SOFRE" já acabamos ele e estou postando aqui no wattpad e em breve estará na Amazon lindo e completinho....E com um final maravilhoso. Não deixem de seguir  a autora aqui e de dar sua opinião sobre nossos livros. Bjos e ótima leitura.

                                                                         

                                                                         

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Fomos para o jardim, mas não sem levar o restante do vinho, sentamos nas espreguiçadeiras, Quim deu uma palmadinha a seu lado convidando Sara para se juntar a ele, foi o que ela fez, ali estava toda sua força.

- Fico olhando e ouvindo vocês dois e vejo cumplicidade, como se quisessem proteger um ao outro.

- Não é só proteção, é compensar pelos anos de sofrimento que tivemos, apagar cicatrizes, se é possível – Quim respondeu apertando sua mulher em um confortável abraço.

- Bem Quim, continuamos de onde parou? – A jornalista está ansiosa.

- Eu vou te contar o que me lembro de quando ele foi embora, engraçado, mas é como um filme na minha mente sabe como se tivesse rebobinado e agora repasso tudo.

- Vamos lá então. –liguei o gravador, e o bloco de notas agora são inseparáveis, anoto tudo que ouço e vejo.

As lembranças que tem de Quim são muitas, desde que se conhece por gente, mas algumas estão marcadas com maior profundidade em sua mente, ficou muitos anos sem pensar especificamente nele, mas de vez em quando ouvia seu nome, ou via alguém nas suas com suas características e as lembranças povoavam sua cabeça.

Lembrou-se do apelido que colocará nela, só ele a chamava assim, Sereiazinha, uma vez leu para ela a história da pequena sereia e descrevera seus cabelos, o nariz arrebitado, lábios finos, mas bem desenhados, disse então que era ela a Sereiazinha, e assim a chamou pelo tempo em que conviveram.

Ela o adorava, estava sempre por perto, quando não estava na escola ou com seus amigos, enquanto ainda era pequenina, todas as vezes que era surrada pelo pai, sentava- no fundo da casa no canto da área que dividia as casas. Ao ouvir seus gemidos Quim logo aparecia para lhe acalmar, fazia carinho em sua cabeça ou contava alguma história de princesa, sempre vitoriosa e independente, era assim que sonhava ser.

Certa vez depois de intermináveis castigos do pai, já estava com sete anos, ele já era um rapaz, estudava muito contava seus sonhos para ela, mais por contar, achava que ela não entenderia, mas lembrava-se de cada detalhe, ficou guardado em sua mente, ele contou que seria seu último ano na escola, iria para outra cidade, fazer faculdade, pretendia ser um grande contador, contava para ela de seus namoros de adolescência. Naquele dia Sara soube que perderia seu protetor, seu amigo. Imaginava que Quim era seu Príncipe, como nas histórias que lia para ela.

Quando Sara completou oito anos, Quim se foi, despediu se prometendo que voltaria que estaria sempre com ela, mas isso nunca mais aconteceu, ela então guardou a sete chaves as lembranças, as recordações e o amor de menina.

Um ano depois da partida dele, seu pai se envolveu em brigas em um bar perto de casa, mudaram dali, para um bairro distante, onde não conheciam ninguém, as ruas eram um tanto perigosas, e não tinha Quim.

Por um longo tempo chorou em seu quarto com as lembranças e a falta que ele fazia. Mas os maus tratos de seu pai e o sofrimento de menina e depois de adolescente fizeram com que se tornasse uma garota sem nada dentro de si, amarga, sem expectativas, sem nenhuma autoestima e sem vaidade.

Não era uma menina de bonita, com os cabelos grandes e sempre em desalinho pela falta de cuidados, usava roupas quase sempre herdadas de doações e maiores do que ela. Na escola estava sempre sozinha, mas era uma excelente aluna, respeitava os professores e suas notas eram as melhores da turma, principalmente em cálculos matemáticos, afinal seu sonho era a contabilidade.

Seus pais nunca souberam de seus sonhos, nem de suas notas nem dos prêmios que ganhava, não iam à escola nas reuniões de pais, não se interessavam pela vida dos filhos. Os irmãos menores também eram bons alunos, um pouco rebeldes, mas iam bem.

Quando se lembrava de Quim indo para a escola de quando ele a acompanhava para atravessar a avenida, deixando-a no portão da escola, e seguindo seu caminho para o colegial, sorria, e continuava seguindo suas recomendações de cuidados, ele dizia:

- Olha sempre para os dois lados da rua antes de atravessar, não fale com estranhos, não aceite ajuda de homens ou mulheres desconhecidas.

Isso ela levou para sempre como ensinamento. Na escola pensavam que ele era seu irmão, mas ela sorria e falava pra si mesmo, é meu Príncipe, tratava de guardar rapidamente os pensamentos para que as lembranças não a machucassem mais ainda.

Chegou à adolescência quase não pensando nele, mas sempre com um vazio e um propósito, sairia daquela casa assim que pudesse, queria ganhar o mundo, estudar, ter outra vida e encontrar Quim, mostrar para ele que aprendeu a lição e que tudo que ele lhe ensinara a protegia, mas não foi bem assim, os anos passou ela foi perdendo as esperanças.

Terminou de contar e foi chamada a realidade pelos beijos carinhosos de Quim em sua face, ele acariciava sua mão, as lágrimas correram, assim que novas lembranças surgirão. Para desfazer a tristeza, Quim falou:

-Amor tem novidades! Os meninos chegam semana que vem, disseram que vem a compromisso de trabalho, Na quinta desembarcam em Brasília a negócios, e no sábado querem nos encontrar, pensei em irmos para o litoral, passar fim de semana, Selha vem com a gente.

- Que maravilha, boa ideia, Selha, você vai adorar os meninos, e a casa também!

- É uma boa ideia, quem são os meninos? Filhos de quem seu ou dela? – falou apontando para os dois.

- Nossos – disse ele – bem, mas isso você vai entender depois, então vamos?

- Adoraria, vou ver se não estão precisando de mim na ONG, e ligo para vocês confirmando amanhã, ok? Bom, agora já vou indo, já é tarde, preciso descansar vocês também, além do que quero começar a escrever logo seu livro, boa noite. - falou jogando beijos no ar e saindo – não precisa me acompanhar, podem ficar ai namorando, eu bato a porta quando sair.

Eles ficaram ali, entrelaçados, perdidos em pensamentos, acariciando um ao outro, até que ele levantou pegou-a pela mão e seguram para o quarto.

- Venha meu bem, por hoje chega de tristeza, estou feliz por tudo que você contou, não imaginei que tivesse estas lembranças a meu respeito, agora vamos tomar uma ducha e descansar.

17/05/2017

O LIVRO DA NOSSA VIDAWhere stories live. Discover now