C A P Í T U L O 37

Start from the beginning
                                    

          ― Vamos ver o que você tem pra mim, boneca ― disse ele jogando a franja para o lado antes de levar sua mão até os meus óculos de sol que, estrategicamente, eu ainda não havia tirado. ― Senhor! ― berrou todo escandaloso. ― Quem jogou pimenta nos seus olhos?

          Quanto exagero! Reprimi uma careta.

          Eu não estava em um dos meus melhores dias, tinha que admitir. Estava consciente que toda a apreensão da última semana havia me tirado o rosado das faces, assim como todo o brilho dos meus olhos fora levado embora pelas lágrimas, mas não era para tanto. Ainda eram nove horas da manhã, e até à noite minhas pálpebras e os meus olhos já teriam voltado ao normal porque eu não choraria mais. Ao colocar os pés para fora da cama, prometi para mim mesma que mais nenhuma lágrima minha seria derramada.

          Pelo menos não naquele dia.

          ― Você é magnífica, boneca, mas precisamos dar um jeito nesses olhos inchados com algumas bolsas de gel e máscaras faciais, mas é melhor fazer a depilação primeiro ― falou ele mexendo no meu cabelo. ― Francine! Venha aqui, agora!

          ― Depilação? ― murmurei, a voz quase não saindo.

          Lancei um olhar aturdido para as minhas amigas que riam ainda sentadas na poltrona, até que Sophi se levantou.

          ― Milos, ela não precisa de uma ― ele deu-lhe uma olhadela cética até que Sophi emendou compreensiva. ― Ela é uma fada... ― o cabeleireiro franziu a testa como se ainda não estivesse entendendo ― autêntica.

          ― Oh! ― A expressão dele se suavizou migrando da confusão para a surpresa. ― São tão raras que acho que nunca vi uma! Eu sei que híbridas ainda possuem pelos, mas então é verdade que as originais são lisinhas?

          Sophi gargalhou, e eu só encolhi os ombros sentindo minhas bochechas enrubescerem enquanto confirmava aquelas palavras tão diretas com um simples meneio. Não ter pelos do pescoço para baixo era algo normal, mas muito íntimo, e eu nunca havia compartilhado tal informação com estranhos.

          ― Tudo bem, pularemos essa parte, vamos direto para a massagem e tratamento facial.

          ― Eu não quero pular essa parte! ― exclamou Mel saltando da poltrona e elevando os ombros diante da expressão divertida da Sophi. ― O que foi? Estou precisando.

          Naquele segundo uma moça de cabelos curtos e azuis entrou na sala. Era a tal Francine, cuja qual Milos deu ordens para levar Sophi e eu para a sessão de massagem, e Mel para a depilação.

          Depois de retirarmos nossas roupas e vestirmos biquínis acompanhados de aconchegantes roupões brancos e felpudos, Sophi e eu entramos em uma sala aromatizada com ervas, onde havia duas camas altas e estreitas posicionadas em seu centro. No teto havia algumas aberturas para a entrada de luz natural, e ao fundo ficava um lindo jardim de inverno com um ofurô cercado por diversas plantas.

          Por quase uma hora nos deliciamos com uma massagem relaxante repleta de óleos essenciais para o corpo, e mais alguns minutos com uma facial à base de cremes e frutas. Nos fora proposto que descansássemos por mais algum tempo antes de irmos para o banho de ervas no ofurô.

          ― Li... ― murmurou Sophi assim que as massagistas deixaram a sala.

          ― Hum? ― sibilei.

          ― Você está com medo?

          Retirei a máscara de gel dos olhos para fitá-la.

Contrato de DestinoWhere stories live. Discover now