— Estou adorando — ela sentiu a musculatura das coxas dele se enrijecerem com o comentário. — Mas, infelizmen­te, estamos a menos de dois minutos do meu apartamento.

— Que pena...

Ela pôde notar o sorriso dele no momento em que os lá­bios másculos tocaram os seus. Seus próprios lábios se entreabriram instintivamente. Ondas inebriantes de prazer percorreram-lhe o corpo e sentiu os dedos estremecerem sobre o pescoço largo, no instante em que Luke aprofundou o beijo. Ele foi o primeiro a abandonar-lhe os lábios.

— É melhor pararmos. Dois minutos não são suficientes nem para começar.

Mesmo na penumbra do interior do carro, ela podia ver os olhos dele envenenados pela excitação. As pupilas esta­vam tão dilatadas que o acinzentado da íris quase desapare­cera em meio ao brilho fulguroso.

Um impulso incontrolável provocado pela rigidez que ela sentia pressioná-la contra a base da coluna, fez com que Loui-sa perdesse completamente qualquer tipo de bom-senso:

— Por que não sobe comigo para um café? — ela ofere­ceu, quase não acreditando nas próprias palavras.

Louisa adorava flertar, sentir os toques sensuais e vibrar com as sensações. Porém, com o passar do tempo se torna­ra muito hesitante quanto a ir mais adiante. Pela simples razão de que o sexo sempre acabava para ela como uma grande frustração. Aos 26 anos, jamais conhecera nada que sequer se parecesse com um orgasmo. Por isso resolvera parar de tentar qualquer tipo de envolvimento sexual. Ape­sar disso, em algum canto do coração, ainda guardava espe­ranças de um dia encontrar o homem perfeito, capaz de lhe proporcionar o verdadeiro prazer de fazer amor.

E, naquela noite, quando fora apresentada a Luke na sala do apartamento de Mel e deparara com aqueles olhos acinzentados e penetrantes, sentiu o coração disparar. Poderia ser ele o homem que procurava? Ambos se entreolharam de maneira tão intensa que praticamente todos os outros con­vidados foram esquecidos instantaneamente.

Quando Luke ofereceu-se para acompanhá-la até o seu apartamento, Louisa aceitou sem pestanejar.

Quando rolaram no gramado do Regent Park — o luar prateado, o doce aroma das rosas e o confortante calor dos braços dele a aquecendo —, tudo parecia tão romântico que ela não teve dúvidas em rotulá-lo como o príncipe de seus sonhos.

— Tem certeza do que está me pedindo?

— Não é o que você também quer? — ela perguntou com o coração aos pulos. Afinal, não era esse o final pelo qual ansiaram por todo o caminho?

— Claro que quero. Mas antes devo avisá-la que... — ele traçou com o polegar um círculo imaginário abaixo da base do pescoço feminino, fazendo com que a pele sedosa se ar­repiasse. — Se eu entrar no seu apartamento — ele prosse­guiu — não estarei nem um pouco interessado no café.

— Que alívio! — ela gracejou. — Por que não tenho certeza de ter comprado o pó de café.

— Estou feliz de termos chegado a um acordo — ele falou baixinho, beliscando com os dentes novamente o pe­queno lóbulo.

O motorista estacionou o carro em frente ao prédio que Louisa indicara.

Luke acertou a corrida e ambos desceram do veículo. Dali seguiram de mãos dadas até a entrada do edifício.

Louisa atrapalhou-se para encontrar as chaves na bolsa. A excitação a deixara completamente transtornada.

Assim que ela encontrou as chaves, Luke pediu que ela o deixasse abrir a porta. E foi o que ele fez. Depois de abri-la, deu dois passos atrás para permitir que ela entrasse na sua frente.

A incrível cortesia que ele demonstrara desde o momen­to que o conhecera não era esquecida em momento algum.

Inclusive quando ele pagara a despesa do táxi. Ela insis­tira em que no próximo encontro que tivessem seria ela quem pagaria a corrida. Afinal, era uma mulher moderna e liberal. Contudo, tinha que admitir que algumas atitudes machistas que ele tivera naquela noite a fizeram sentir-se especial. E muito mais excitada.

Ele segurou a mão dela tão logo eles cruzaram a porta da frente e tomou o comando:

— Qual é o andar?

— O segundo — ela revelou e, livrando a mão que ele segurava, tomou a frente dele e começou a subir os degraus o mais rápido que conseguia.

— Ei! Espere por mim! — ele exclamou divertido e a al­cançou com facilidade, galgando dois degraus de cada vez.

Apesar de freqüentar a academia de ginástica duas vezes por semana, Louisa quase perdeu o fôlego quando alcançou a porta do apartamento — o que provavelmente tinha mais a ver com a sensação provocada pela mão dele sobre as suas costas do que exatamente o cansaço físico.

Ela procurou novamente pelas chaves e as encontrou fa­cilmente, o difícil agora era encontrar a fechadura na escu­ridão do corredor e principalmente com os dedos masculi­nos acariciando-lhe a base da nuca. E, para piorar, Luke afastou-lhe os cabelos para um lado e roçou os lábios onde antes afagava com os dedos.

As chaves caíram no chão.

Ele riu e as apanhou.

— É melhor eu abrir logo essa porta antes que eu perca a cabeça aqui mesmo!

***

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