insegurança

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Ana POV
Abri o olho e por 5 segundos me perguntei mentalmente aonde eu estava e que horas eram. Só observei que estava na mesma posição que fui dormir, até meu celular ainda estava na minha mão em cima da minha barriga. Puro sinal de cansaço. Mas eu ja estava melhor e mais disposta do que ontem.

Ao olhar o celular vi que tinha uma mensagem de Vitoria mas vi a hora tambem e sai correndo, se nao eu ia me atrasar. Quando eu estiver indo para faculdade eu leio e respondo. Levantei e fui tomar um banho para acordar. Depois bebi um café e comi um pão e logo estava eu saindo de casa, vestida de moletom, parecia mais que eu vestia pijama do que um traje universitário.

Quando entrei na van que eu costumava pegar ate  faculdade, peguei meu celular e fui responder Vitoria. Ela havia mandado uma mensagem era 23:30 da noite.
Vitoria: dengo, to tomando um vinho aqui com Enzo, devo chegar em casa mais tarde.

ENZO? QUEM É ENZO? VITORIA NUNCA ME FALOU DE ENZO? VINHO? QUEM SAI NO MEIO DA SEMANA PARA TOMAR VINHO? Eu nao estava gostando disso.

Se quer fui capaz de responder a mensagem, só fiquei parada lendo e tentando lembrar de Vitoria ter tocado no nome de Enzo em algum dia. Mas definitivamente esse menino nao foi mencionado. Muito estranha essa história.

Estar longe de Vitoria era isso, saber que nao vou ver nada que acontecer na vida dela, a nao ser que ela me conte. Ela sempre me contava, mas e se ela estivesse afim dele? Será que ela me contaria logo? E se ele estivesse dando em cima dela?

Com todos esses questionamentos na cabeça me veio mais um questionamento e sucessivamente um medo. O que que eu e Vitoria éramos? Namoradas? Ficantes? Amigas? E se nao tínhamos um rótulo, quer dizer que podemos ficar com qualquer pessoa? Entao Vitoria poderia continuar se relacionando com as pessoas que ela quisesse?

Minha cabeça estava assim, puro ponto de interrogação. Eu precisava entender isso mas eu nao sabia como fazer. Nesse momento eu estava chegando na faculdade e a Vi mandou uma mensagem.
Vitoria: bom dia pra ti minha cumbuquinha. Ja ta na faculdade?
Ana: Acabei de chegar, falo com voce depois.

Sim, eu fui muito fria com Vitoria, mas foi automático, eu nao pude controlar. Minha cabeça estava um caos que parecia que os problemas so aumentavam, cada hora aparecia mais um. Fora minhas paranóias diárias que essa manha ja incluíam me martirizar por meu relacionamento com Vitoria nao dar certo, e por nao ser uma mulher suficiente para ela.

Foi um grande sacrifício viver essas aulas de manha, tive aula de laboratório que ate é muito mais interessante que as aulas na sala enquanto o professor fala mil coisas e eu só tenho vontade de gritar. Mas tudo hoje, principalmente depois que eu li a mensagem de Vitoria, parecia desligado. As coisas aconteciam a minha volta, pessoas falavam comigo e eu estava fora daquele lugar. Minha mente estava em São Paulo, parte com Vitoria, parte com Bárbara. Mil coisas ja passavam na minha cabeça sobre minha relação com as duas e tudo que martelava era "por que eu nao consigo ser uma pessoa boa e suficiente para as pessoas a minha volta?"

Na hora do almoço, sentei com a galera que eu andava, para almoçar a comida que eu havia trazido de casa. Era um pote com quatro separações, a do feijao, do arroz, da carne e da salada. Sim. Eu dividia a comida, era um toc, nao consigo misturar a comida num recipiente só, elas nao podiam nem encostar. As pessoas me zoavam por causa disso sempre e eu ficava apenas sem saber explicar, ate por que eu nao sabia o por que mesmo, só era dessa forma e pronto.

Eu ainda estava comendo quando senti meu celular vibrar, peguei ele dentro do meu bolso e era Bárbara. Na mesma hora eu tremi, como assim Bárbara estava me ligando, ela deve ter ligado sem querer, só pode. Mas e se for de verdade, preciso atender e aproveitar o momento. Atendi o telefone e fiquei muda nos primeiros segundos ate ela falar algo.

- Ana clara? Ta ai? - ela tinha a voz um pouco fria mas nao como ontem, na verdade muito longe do que estava ontem.
- O-oi Bárbara to aqui sim. Voce ligou errado? - eu realmente nao acredito que eu perguntei isso.
- Na verdade nao, eu liguei mesmo por que acho que a gente deve conversar - fiquei surpresa na mesma hora, Bárbara queria conversar e eu precisava que ela me escutasse, seria agora o momento para isso.

- Ah sim, entao Barb, eu quero muito te pedir desculpas, eu sei que o que fiz foi errado, agi como uma criança. Nao que justifique mas eu fiquei tao preocupada com a necessidade de dar atencao a minha familia e querer aproveitar os momentos com a Vi, que por uns dias eu esqueci que voce precisa de mim, assim como eu de voce.
- Realmente nada justifica Ana clara, pareceu que voce se quer pensa na nossa amizade, voce ainda quer que eu seja sua melhor amiga ou voce realmente nao liga mais para isso? Preciso que seja sincera. - doeu ouvir aquelas palavras, a insegurança de Bárbara era visível e era horrível saber que eu provoquei tudo isso.

- Barb, claro que eu quero, você é minha melhor amiga e sempre foi, me perdoe por favor por fazer voce se sentir assim? - eu tinha lagrimas nos olhos agora.
- Sim Ana, eu desculpo, só nao quero que isso se repita, se voce me ama e ama essa amizade, dê valor a isso ja que temos essa vida para viver tudo. - ela estava mais do que certa.
- É verdade Barb, mas nao fica com raiva da Vi nao ta? A culpa foi minha mesmo.
- Pode deixar Ana, eu ja até falei com ela, a encontrei ontem na hora do almoço por acaso e batemos um papo otimo. Voce tem sorte de ter ela. - eu realmente nao sabia se eu ainda tinha ela. Mas agora nao tinha como contar tudo a Bárbara, meu sinal tocou e eu precisava voltar a aula.

- Ah eu nao sabia disso nao, ainda não falei com a Vi desde ontem direito. Bárbara agora preciso ir, tenho aula. Te amo amiga e me desculpa novamente.
- Também te amo Ana, relaxa e vai estudar. Beijo.

Relaxar eu nao ia, por que apesar de um problema ter sido solucionado, um maior parecia estar por vir.

De Marte a Jabuticaba Onde as histórias ganham vida. Descobre agora