briga

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Ana POV
Ela atendeu. Até que enfim.
- Oi amiga, até que enfim ein. O que houve que voce nao queria me atender ? - um silencio se instalou durante uns 3 segundos.
- Voce tem certeza que nao sabe por que eu nao quero falar com você? - a voz de Bárbara me pareceu assustadora. Ela nunca tinha falado assim comigo. Era fria e ríspida, eu realmente nao sabia o por que.

- Nao Bárbara, eu realmente nao sei o por que esta me tratando assim. Pode me falar? - agora eu morria de medo do que ela falaria.
- Ana, voce basicamente me esqueceu depois que conheceu a Vitoria. Eu estou completamente decepcionada e nao tem nada, agora, que faça voce mudar isso. Entao tchau. - ela desligou o telefone e eu permaneci imóvel, só ressoava o que ela tinha acabado de me dizer.

Lágrimas começaram a se formar e minha garganta fez um bolo, eu queria chorar. E chorei. Sentei na grama da parte de fora do refeitório e chorei, era so o que tinha para fazer por agora.

Bárbara era minha amiga desde criança, ela sempre foi uma parte da minha familia e a pessoa que eu ligava quando precisava e vice-versa. Nós brigavamos, assim como qualquer relacionamento de amigas, eu nao dizia amém para tudo que ela falava ou fazia e nem ela para minhas atitudes e palavras. Mas ela sempre estava ali, por perto, a gente se aguentava e resolvia o problema. Ou até nao resolvia, só deixava o tempo curar e era rápido.

Nao tivemos nenhuma briga grande desde que vim para Araguari e ela para sampa. Essa era a primeira e eu nao sabia o que fazer por conta da distância. Se eu estivesse perto, ia la bater nela, discutir e gritar, sacudir nós duas para resolver. Mas assim, de longe, só com o celular para se falar, realmente seria no tempo dela, querer ou nao falar comigo.

Resolvi ligar para Vi me ajudar nisso.
- Vi, aconteceu uma coisa ruim - eu disse sem nem dar oi, quase chorando.
- Que houve Ninha? - Vitoria parecia assustada e confusa.
- Eu só consegui falar com a Barbara hoje e ela ta brava comigo, tipo muito brava e nem quer me ouvir Vi. - eu comecei a chorar descontroladamente.
- Ei calma meu dengo, se acalma, eu to aqui. Me explica o que houve para Barbara estar brava com voce.
- Ela ta chateada por que depois que eu te conheci eu praticamente esqueci dela. Como te falei a última vez que nos falamos foi na viagem.

- Calma Ninha, voces vao se resolver. Aonde ela está? Em Araguaína?
- Nao Vi, ela ta em sampa ja. Eu cheguei a falar com ela pelo celular mas ela foi bem curta e grossa, disse que nao tinha nada que eu pudesse fazer agora para ela querer conversar comigo. - só de lembrar de suas palavras eu queria me bater de tanta raiva de mim.

- Meu bem, tudo vai se resolver, mas primeiro se acalme, voce nao precisa ficar assim.
- Vi, ela realmente tem razao, depois que voltamos de viagem eu nem falei com ela, nao nos falamos nem um dia. Ela ate me mandou umas mensagens mas eu mal respondia. Eu estava vivendo tudo com voce e tentando conciliar com minha familia, que esqueci por um tempo que ela precisa de mim assim como eu dela. Eu agi muito errado Vi, nao sei como vou fazer para ela voltar a falar comigo.

- Ô Ana, realmente isso é grave, de fato voce errou mas ao menos, meu bem, voce sabe que errou e quer se desculpar com ela. Mas cumbuca.
- Fala Vi - eu ouvia com atenção e me acalmava aos poucos com a voz de Vitoria.
- Só o tempo vai fazer ela perdoar. Ela esta magoada e mesmo que voce peça perdão, ela tem o tempo do coraçãozinho dela dizer que esta tudo bem novamente. Entende?
- Entendo...mas e se demorar muito para ela me perdoar? Eu amo a Bárbara Vi, ela é parte de mim. - voltaram as lagrimas em meus olhos.

- Ah Ana realmente quanto tempo vai durar para cicatrizar eu nao sei e ninguem sabe, nem ela, mas voce precisa ao menos deixar claro que voce sabe que fez errado. Peça perdão, faça sua parte e a vida vai se resolver no tempo dela.
- Mas como eu vou pedir perdão se agora nem isso ela quer escutar? - Isso tudo era como desvendar um enigma para Barbara me perdoar, e Vi sabia todos os caminhos.

- Ninha, deixa ela no tempo dela por uns dias, e depois voce tenta falar com ela novamente. E se ela nao te atender, mande mensagem e voce saberá que ela leu. Só faça realmente a sua parte meu bem. Mas por agora nao faça nada, deixe ela esfriar a cabeça. - ouvi atentamente as palavras de Vitoria e ja estava mais calma.

- Tudo bem Vi, farei isso. Obrigada ta? Desculpa se atrapalhei tu.
- Nada meu bem, fiz nada. E tu atrapalhou nada, tu atrapalha nada nao, nada na vida tu consegue atrapalhar. Nem se quiser. Agora vai pra aula que eu sei que ta na horinha.
- É verdade, ta mermu Vi. Tenho que ir. Chêro e bom dia.
- Bom dia pra tu tambem dengo, cheirin nesse cangote.

Vitoria me acalmou, mas dentro de mim existia um eu se remoendo por ter sido uma péssima pessoa. Principalmente, uma péssima amiga.

De Marte a Jabuticaba Onde as histórias ganham vida. Descobre agora