C A P Í T U L O 32

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          ― Você não cabe aqui, por que não se senta em outro lugar? ― sussurrei sem nem mesmo olhá-lo.

          Anton fez questão de se esparramar ainda mais, me deixando acuada entre o braço do móvel e o seu quadril.

          ― Oi para você também, fada. ― Ele se aproximou do meu ouvido, trazendo aquele perfume que sempre me deixava à beira de uma combustão. Céus, eu tinha de parar aqueles arrepios traidores. ― Estou confortável aqui. Talvez se você não tivesse a bunda tão grande, também ficaria.

          Eu não tinha a bunda grande! Nesse segundo, me virei para encará-lo e, minha nossa, estávamos perto, perto demais um do outro. A minha respiração falhou junto com o meu coração. Ele voltou as costas para a poltrona e, levando o braço para trás de mim, o apoiou no encosto todo cheio de si.

          A pele branca do seu bíceps voltou a me assombrar, mas desta vez, um brilho prata me chamara a atenção. Havia algo metálico cravejado em sua carne. O que era aquilo? Era grande demais para ser um piercing ou algo do tipo, e parecia estar preso tão profundamente. Não deu tempo de reparar muito, logo seus dedos puxaram o tecido da camiseta, escondendo-o por completo.

          Emergindo das minhas distrações, me recordei das suas palavras. Por um momento até pensei em me levantar para sentar em outro lugar, mas estava disposta a não me deixar levar por suas provocações. Eu me manteria tão impassível quanto ele.

          Dignidade, Liz. Tudo o que você menos precisa agora, é se descontrolar.

          ― A minha bunda não é da sua conta. E fique sabendo que eu ficaria mais confortável, se não tivesse um ser tão inconveniente quanto você ao meu lado! ― murmurei em um tom baixo.

          ― Hey, vocês dois aí ― gritou Madeleine. ― Será que dá para esperar a lua de mel? Podemos continuar?

          Acredito que a minha cor migrou do vermelho para o roxo. Um buraco no chão cairia bem naquele momento. Algumas gargalhadas, alguns pigarros e aquela irritante presença ao meu lado. Agora mais do que nunca era preciso acabar com aquela brincadeira, resolvi me concentrar. Outra caixa me fora entregue, desta vez, uma cor-de-rosa, onde havia um lindo conjunto de lingerie de renda pink, acompanhado de cinta liga e meia-calça branca.

          ― O sutiã é pequeno demais para os seus seios ― sussurrou ele novamente.

          ― Cala a boca, você não sabe de nada!

          ― Não só sei, como vi. ― Era absurdamente inacreditável o poder que ele tinha de me tirar o juízo com tão poucas palavras. Eu já estava a um suspiro de explodir, e ver aquele divertimento em seus olhos, não estava ajudando. ― Tamanho quarenta e seis, auréolas rosadas, mamilos pequenos. E você possui uma pintinha no seio esquerdo.

          Meus lábios se entreabriram. O barulho devia estar grande, e a minha desordem mental mais ainda, porque eu não devia ter ouvido aquilo direito. Aquele ser não existia, não era possível. Pela primeira vez, eu não sabia o que dizer, fiquei ali parada igual a uma boba, perplexa. Nossos olhares perdidos um no outro, a frieza que havia no dele, fora dando lugar a uma desconhecida inquietação.

          ― Interessante... ― falou ele virando a cabeça levemente para o lado, como se estivesse calculando algo. ― Encontrei um meio de fazê-la manter essa boquinha atrevida fechada. ― Sua atenção desceu para os meus lábios, ainda entreabertos. ― Ou quase.

          Seus olhos voltaram para os meus, desta vez, mais álgidos e impiedosos. Como eles podiam me revelar tanto, e ao mesmo tempo, nada?

Contrato de DestinoWhere stories live. Discover now