C A P Í T U L O 29

Começar do início
                                    

          Eu não queria ver aquele crápula tão cedo na minha frente.

          ― Pode me levar para casa, por favor? ― pedi, e pela segunda vez naquele dia, o vi titubear.

          ― O Sr. Skarsgard pediu para eu levá-la até o condomínio onde o corretor os aguarda.

          ― Não, James, por favor, eu não quero ir ― choraminguei, fazendo um grande esforço para evitar mais lágrimas. E como se eu vivenciasse um déjà vu, o vi enrijecer o maxilar, e apertar os olhos como se estivesse em um grande conflito interno.

           ― Perdoe-me, mas o Sr. Skarsgard não gosta de ser contrariado, e o seu limite de aborrecimentos já se excedeu por hoje. Eu, como seu funcionário, e como uma pessoa sensata, não devo desobedecê-lo mais.

          Que espécie de lavagem-cerebral aquele babaca fazia com seus empregados? Senti pena deles. Devia ser difícil ter de aguentar tanta arrogância e loucura.

          ― Me desculpa pelo que inventei sobre a minha avó, sinto muito mesmo, mas eu precisava ir àquele lugar. ― James fez um gesto breve, como se me entendesse. Ele não parecia chateado comigo, menos mal, porque eu iria pedir outro favor. ― Você viu o que aquele louco fez comigo, olha o meu estado, eu só quero ir embora. Por favor, diz pra ele que você não me encontrou naquele lugar, ou fala que eu fugi.

           ― Sinto muito, Srta. Aileen, o carro possui rastreador.

          Droga! Ele não ia ceder desta vez.

          Meus olhos voltaram a arder, mas eu não podia fraquejar. Jamais permitiria aquele imbecil prepotente perceber que havia me feito chorar. Tratei de engolir meu choro e pensar no próximo passo, já que eu teria de encarar aquela cara cínica dele de qualquer jeito. Eu poderia dar um chute entre suas pernas, mas vampiros tem reflexos bons. Talvez, se eu amassasse a lataria do carro dele com o meu sapato...

          O que ele faria comigo? Se um simples atraso o levou a fazer o que fizera, o que mais me restava? A morte? Não, eu não podia fazer nada disso.

          Maldito.

          O restante do percurso tentei me distrair conversando com o James. Ele não falava muito, ainda mais quando eu fazia perguntas sobre o Anton. Ele simplesmente não me respondeu nenhuma delas, alegando gentilmente que a vida de seu chefe não lhe dizia respeito. Tudo bem que eu só queria reunir informações para usar contra ele futuramente, mas poxa, aquele vampiro louco seria o meu marido em um mês e eu não sabia nada sobre ele.

          Apesar de não ter as minhas questões respondidas, acabei descobrindo que o sobrenome de James era Franklin, e que fora transformado quando tinha cinquenta anos, a mil cento e cinquenta anos atrás por um tal de Lothair Franklin, uma das crias diretas de Nicolae. Também descobri que ser motorista era apenas a sua mais recente função, e que ele trabalhava para o Anton há oitocentos anos. Foi então que compreendi o quão profunda era a relação de confiança e lealdade entre eles.

          Minha atenção se exteriorizou quando James parou em uma portaria onde, após se identificar, adentrou o condomínio horizontal. Não tinha como não ficar maravilhada com a beleza do lugar extremamente arborizado, e principalmente com o luxo ostentado pelas casas que existiam ali.

          Elas eram afastadas umas das outras, cada uma com seu estilo próprio, tão suntuosas que pareciam competir entre si. Algumas eram modernas, compostas por linhas retas e formatos mais quadrados, enquanto outras eram mais monumentais lembrando construções antigas, e ainda tinham aquelas que possuíam um estilo rústico e acolhedor.

Contrato de DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora