Sorry

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Talvez eu tenha errado com a Merê... não! Eu errei mesmo. Nossa que vergonha, o que eu fiz...

Ando sozinha pelas ruas que começavam a ficar frias, vejo do meu lado esquerdo uma praia, haviam poucas pessoas, alguns estavam na água tentando surfar.

Me sento na areia e coloco meus fones de ouvidos, dou play em qualquer música que estava no meu celular, e penso.

Não gostei de como Crawford falou comigo, me senti um ser repugnante e muito nojento.

Mas pelo o que ele falou da Meredith, eu deveria mesmo ser tratada assim.

Acho que sou uma pessoa mimada que talvez nunca foi tão mimada... eu sou uma riquinha que nunca teve a atenção dos pais e acabei me acostumando com isso.

Acho que a arrogância era um dos meus escudos, eu sempre usava isso ao meu favor no Brasil, pra que nenhum espertinho tentasse brincar comigo.

E eu fui burra, burra com a Meredith, por ter a tratado desse jeito, recebi de presente uma ótima pessoa que se importa comigo, que sempre faz o que eu peço e me dá conselhos, e eu acabei desperdiçando a chance da minha vida com a minha arrogância e minha ignorância de ter uma mãe, ou pelo menos algo que represente um ser familiar.

Não sei porque eu fui tão arrogante do nada, tinha parado de fazer isso por muito tempo... mas a Meredith ter tentado fazer algo que eu espero muito dos meus pais, fez com que isso voltasse, com que o meu escudo invisível e super forte aparecesse de volta, foi como um reflexo.

Já tive pessoas que algumas vezes fizeram isso comigo, mas diferente da Meredith, essas pessoas eram controladoras.

"Onde você vai a essas horas? Eu vou contar para os seus pais"

Eu odiava quando eles falavam isso, como se eu fosse uma criança.

"Por que você anda com essas pessoas ? Elas parecem ser estranhas, por que você não para de andar com elas?"

Tive amigos, ou vamos dizer colegas, era uma coisa meio que... eu nunca tive muita confiança nas pessoas, por isso não os tratava normalmente como amigos, era mais para conhecidos, colegas de classe e por ai. Eles normalmente tinham piercing, alguns tinham tatuagens, mas eram de renda, porque nós não tinhamos idade para aquilo, outros tinham cabelos coloridos, e as pessoas achavam que por eu ser filha de pessoas com dinheiro eu devia andar com pessoas mais... vamos dizer "direitas".

A chuva começa a cair em meu rosto e se misturam junto com as minhas lágrimas.

Por mais que eu tente ser forte eu sou uma garota frágil que só quer ter uma família com pais presentes e que falem "Não volte tarde", que me coloquem de castigo por eu ter feito alguma burrada, na verdade se eles olharem mais pra mim do que para seus celulares eu irei estar realizada.

Seco minhas lágrimas e me levanto saindo daquela praia e indo pedir desculpas a pessoa que eu mais deveria agradecer.

[...]

Entro em casa e vejo a Mel, minha cadela sem exceções, pego ela no colo e dou um grande abraço que a faz se remexer no meu colo e pensar "Socorro essa garota vai me matar nesse aperto".

A coloco no chão e jogo um ossinho que eu comprei pra ela no caminho e a mesma logo se empolga.

Vou direto pra cozinha e vejo Merê cozinhando quando ela me olha logo se espanta.

- Menina, isso é jeito de chegar, assim do nada? Você me assustou? - coloca a mão no coração - Por que está toda molhada assim? Desse jeito vai pegar um resfriado...

Social Casualty - Crawford Collins Onde as histórias ganham vida. Descobre agora