Capítulo 28

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Helena.

Juan - Agora me lembro o porque de não ter dado certo. Me lembrava das cenas, aos poucos, embaralhadas, passava tudo em meus olhos, mas eu não estava entendendo que era ela. - ele pensa por alguns instantes.

Eu - Você está se lembrando?! Digo, está se lembrando de tudo?

Juan - Aos poucos. Nem tudo, só do que é antigo, mas o médico diz que eu posso recuperar, talvez não me lembre de alguns detalhes, mas da maior parte, posso lembrar.

Eu - Isso é bom.

Juan - Sim, tem pessoas que chegam e falam comigo, mas eu nao me lembro de ter conhecido. - gelo - É uma situação complicada.

Eu - Imagino... - digo seca.

Juan - Bom, fico feliz de ter lhe conhecido depois. - fico sem reação, olho em seus olhos e não sou capaz de mentir.

Minha alternativa, é mudar de assunto e assim evitar mais uma mentira dirigida ao garoto por quem me apaixonei meses atrás.

Eu - Estou indo embora... - solto.

Juan - Pra onde?

Eu - Florida. - ele fica serio, me olha um pouco assustado porem tenta disfarçar.

Por um momento, em minha cabeça, me passou a ideia de que ele sabia, de que ele lembrava de tudo e que ele estava fingindo que não. Penso que minha consciencia estava pesada ao ponto de pensar que suas frases inocentes sobre a epoca em que me conheceu, fossem indiretas, como se ele estivesse esperando o momento certo, esperando que eu falasse, testando, querendo saber até onde iria toda aquela farsa. Mas não fui eu quem tive coragem de contar a verdade.

Juan - Nossa... - pausa - é longe.

Eu - Muito...

Juan - Espero que se divirta. Quando voce voltar podemos fazer algo. - pensa - Voce vai voltar ne?

Eu - Daqui seis meses, provavelmente.

Juan - Que bom. - diz - Boa viajem Helena.

Agradeço ao ver meu pai sair de sua sala, me despeço de Juan e vou para o carro, coloco meu cinto, com olhos marejados. Meu pai liga o carro e vejo Juan sair do local, subindo em sua moto. Chego ao aeroporto e gostaria de negar que tudo o que eu fiz a partir daquele momento, se resumia em imaginar uma cena de filme, em que Juan chegaria e me diria que se lembrava de tudo e principalmente, QUE SE LEMBRAVA DE MIM. Entao diria que me ama e me impediria de viajar. Mas infelizmente, isso não aconteceu, eu me despedi de meu pai, fiz o check-in, despachei as malas, fiquei sentada na sala de espera mais de meia hora e Juan não apareceu, eu passei pelas milhares de partes do aeroporto, ate finalmente entrar numa grande aeronave que me levaria ao meu novo e temporario lar. Mas nada de Juan...

9 horas depois...

Após assistir alguns filmes e ouvir repetidamente minha playlist de músicas, finalmente pousamos em Fort Lauderdale.

Logo no aeroporto já estavam os outros intercambistas e fomos para o campus. Ao chegar no meu dormitório, observei que minha colega de quarto também era brasileira e dei graças por isso. Comecei a desfazer as malas e tomei a liberdade de dividir o espaço, porém esperei para que pudessemos decidir quem dormiria em qual cama. Seu nome era Luisa.

Não demorou muito para que uma garota loira de olhos escuros e cabelos ondulados, chegasse em meu quarto, meio atrapalhada.

Xx - Oi! Você deve ser Helena!

Eu - Sou... - digo e observo sua dificuldade com as malas.

Xx - Me chamo Luisa, sou sua colega de quarto. - diz e tenta equilibrar as maletas e estender a mão para me cumprimentar ao mesmo tempo, fazendo com que muitas coisas caiam.

Eu - Acho que você precisa de ajuda... - sorrio e aperto sua mão.

Luisa - Por favor... - rimos baixo e eu ajudo a juntar as coisas.

Eu - Estava te esperando.

Luisa - Mas vejo que você já se adiantou bastante. - se refere ás malas desfeitas.

Eu - Foram só algumas coisas. Estava esperando para decidirmos quem ficará com cada cama.

Luisa - Ah! Por mim tanto faz, você pode ficar com essa. - aponta a cama onde eu havia colocado minhas roupas para dobrar.

Eu - Por mim tudo bem. Espero que não se incomode, tomei liberdade de escolher o móvel.

Luisa - Não ligo muito.

Eu - Vamos nos dar bem.

Luisa - Vamos! - sorri e abre a mala completamente arrumada, me olha - Foi a minha governanta que me ajudou.

Eu - Saudades da minha, fui eu mesma que arrumei.

Termino de arrumar e esvaziar a mala, abro por fim o bolso da frente e tiro a agenda que Tia Rê me deu, percebo que tem algo a mais no bolso e ao pegar, vejo que é a chave do meu quarto, meu pai deve ter ficado intrigado. Rio sozinha.

Luisa - O que foi?

Eu - Acabei trazendo sem querer, - balanço a chave junto ao chaveiro fofo - a chave do meu quarto. - ela ri.

Me deito na cama e escrevo um pouco sobre o pequeno inicio do meu intercambio.

Luisa - Me disseram que podemos arrumar o quarto como quisermos, desde que, ao final do curso, volte ao normal. - a encaro e sorrimos.

Eu - Qual sua cor preferida?

Luisa - Qualquer uma que não seja rosa. - grito e pulamos juntas na cama dando gargalhadas.

Eu - Odeio rosa. - rio.

Luisa - A roupa de cama daqui é pouca, eles fazem a gente comprar a maior parte.

Eu - Podemos fazer compras amanhã.

Luisa - Sim. Fico feliz de ver um ar-condicionado.

Eu - Eu também, aqui é muito quente.

Luisa - Estou acostumada.

Eu - Nem perguntei, de onde você é?

Luisa - Fortaleza. - sorrio - E você?

Eu - Rio de Janeiro.

Luisa - Lugar bastante perigoso ne?

Eu - Iiih, eu tenho muito a te contar...

Começamos a conversar, mas por estarmos cansadas, logo ligamos o ar-condicionado e fomos dormir, a viajem havia sido cansativa e aquele domingo, se passou apenas em conversas aleatorias, em que contamos o que gostamos e o que deixamos de gostar, alem de nos apresentar detalhadamente uma para a outra, em pouco tempo nos tornamos melhores amigas. Liguei ao meu pai, para dizer que havia chegado bem e ele me disse que lá está tudo bem por enquanto.

Não demorei muito ao pegar no sono. Amanhã seria um dia longo.

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Capitulo pesadoooooo! Pra não poder reclamar que eu não compensei os capitulos curtinhos, 1064 palavrinhas pra vocês.

Será que a Helena vai conhecer alguem especial nesse intercambio? Comentem muito por favooor!

Filha do ChefeWhere stories live. Discover now