C A P Í T U L O 23

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          ― Quê? ― arquejei indignada fazendo-a rir. Eu não devia ter contado a ela os detalhes sobre a noite anterior e o meu infeliz encontro com o Anton. ― Claro que não! Pouco me interessa o que ele gosta. Só não quero que pense que eu me importo com tudo isso ao ponto de me vestir assim.

          ― Você não está se vestindo pra ele, mas pra você mesma. Não interessa se este noivado é real ou não, o que conta é o que vai ficar aqui dentro. ― Seu indicador pousou sobre a minha cabeça. ― Por mais que você não queria nada disso, e por mais que um dia você se case novamente, este noivado, esse primeiro casamento, vai ser parte da sua memória e da sua história. Será a evidência do primeiro sacrifício nobre que fará como rainha para salvar as suas fadas. Entende o quanto isso é honroso? Então, minha amiga, você precisa estar linda para celebrá-lo.

          Eu não queria chorar, mas meus olhos começaram a arder e, instantaneamente, ficaram inundados. Sophi sorriu e me abraçou forte. Ela sempre sabia o que dizer nas horas certas, e as suas palavras por mais duras que às vezes fossem, carregavam amor e excesso de cuidado. Não éramos irmãs de sangue, mas éramos irmãs unidas pela necessidade de confiança, de carinho e de proteção.

          ― Vamos parar com isso, vai estragar a sua maquiagem ― disse ela enxugando o canto dos meus olhos. ― Agora temos que ir, seus pais já devem ter chegado.

          De fato, já tinham. Petre e Ava nos aguardavam na recepção do condomínio quando Sophi, minha avó e eu descemos. Mais uma vez, meu pai se mostrou incerto e atormentado com a minha decisão, mesmo eu tendo explicado para ele o que fora acordado entre mim e o Anton. Logicamente que eu não contara tudo o que conversamos, precisei poupá-los para não piorar a situação.

          Quase uma hora depois, já havíamos chegado à casa dos Skarsgard. Foi engraçado ver a reação da Sophi diante da casa e suas particularidades, mas nada se comparou ao seu fascínio com Eleonora, sua família, e também Avigayil. Esta última que não hesitou em me dar um abraço forte e demorado, como se nos conhecêssemos há muito tempo.

          ― Estou demasiada feliz por vocês ― falou ela, sorrindo. ― Tenha convicção de que esta foi uma escolha sábia, minha linda.

          ― Espero que sim. ― Sorri meio sem jeito.

          Queria compartilhar da alegria dela, ou da família Skarsgard. Todos estavam radiantes, sem aquela tensão desconfortável presente no jantar da semana anterior. Mas eu estava longe de qualquer sentimento semelhante. Naquele dia, minha ansiedade beirava ao pânico, que parecia ter piorado quando percebi que Anton ainda não havia chegado. Eu não queria encontrá-lo, mas então por que me sentia inquieta com o fato de ele não aparecer?

          Senti uma mão em meu braço. Madeleine, que já havia se apresentado à Sophi, nos puxava para um dos cantos da sala. Seu entusiasmo era único, educada e agradável, o que fazia com que eu me sentisse confortável ao seu lado, apesar do seu ar misterioso e felino.

          ― Já pensei em muitas coisas para o casamento, o que você acha de se casar em Londres? Lá tem alguns lugares belíssimos, fora que vocês já estarão na Europa, perto de Nápoles, Paris, Veneza. Os melhores lugares para passarem a lua de mel.

          Sophi soltou uma gargalha, provavelmente do meu semblante desesperado.

          ― Lua de mel? Vai ter casamento? ― questionei confusa. Mais confuso ainda fora o olhar de Madeleine para mim.

          ― Como assim? Hoje é o seu noivado, então, é claro que teremos um casamento ― declarou ela sorrindo.

          ― Não, eu estava falando sobre a cerimônia de casamento. Pensei que seria algo simples e rápido. ― Devo ter falado algum absurdo, pois a expressão de Madeleine fora de quem acabara de ouvir um. Me apressei em emendar. ― Não faço questão da cerimônia.

Contrato de DestinoWhere stories live. Discover now