Capítulo Seis

2.8K 354 289
                                    

*esse capítulo foi muito difícil de fazer! É bem difícil descrever as coisas no ponto de vista de uma pessoas que nunca enxergou. Espero que o capítulo tenha ficado bom!*

~~~~~
PRIMEIRO DIA
~~~~~

O som das aves passando perto do prédio é a primeira coisa que ouço quando recobro minha consciência. Sinto um pouco de dor de cabeça. Minha nuca lateja, como se alguém tivesse dado um tapa forte recentemente.

Meus olhos se abrem.

Algo estranho acontece. Primeiro, tudo ao redor se torna forte e atinge meus olhos, que começam a arder. Eu não faço ideia do que seja. É como se a camada que tapava minha visão fosse substituída por outra coisa. Mas, aos poucos, essa coisa vai desaparecendo. E então, uma imagem vai se formando à minha frente. O ar sai dos meus pulmões rapidamente. Tem algo acontecendo. Uma sensação estranha e intensa percorre meu corpo inteiro. Quando percebo, estou olhando diretamente para uma parede cheia de detalhes que eu não consigo descrever. Aquilo é uma parede. É uma parede? Sim, é uma parede. Não se move. Não respira. Uma estrutura reta. Por baixo é revestida de um material e em cima está despida, mostrando sua estrutura original. Está em cima do chão e embaixo do teto. Chão e teto. Eu os vejo. Eu estou vendo.

Não... isso não pode ser real...

Meus braços tremem. Levanto minha mão, na altura de meu rosto. Eu a vejo. Eu consigo vê-la! Meus dedos, minhas unhas, minhas veias...

Fios do meu cabelo caem na frente dos meus olhos e eu me assusto. Uma emoção me preenche por completo. Minhas lágrimas não conseguem ficar por muito tempo no meu olho. Coloco as mãos na boca, tremendo muito. Isso é surreal. Existe uma qualidade incrível em cada coisa que vejo. Cores. São cores. Elas estão cobrindo tudo do ambiente. E são tantas delas... tantos detalhes, tantas imagens...

De repente, uma figura aparece na minha frente. Nisso, por uma fração de segundo, eu percebo uma falha acontecer com o meu novo sentido. É como se o aparelho tivesse desligado sozinho e depois voltado, mas por pouquíssimo tempo. Decido ignorar o ocorrido e prosseguir analisando tudo ao meu redor.

A figura que aparece na minha visão é uma cabeça. Eu demoro para perceber isso. Tem olhos, que são dois furos entre as pálpebras, mostrando algo redondo. Testa, que está acima dos olhos e contém algumas marcas esquisitas na pele. Rugas. Acho que são rugas. O nariz é algo puxado para frente, está diante de todo o rosto e há duas narinas para a respiração humana. Boca, com uma coloração só e risquinhos que me lembram rugas, além do formato estranho. Sobrancelhas, uma pequena quantidade de pelos acima dos olhos. Orelhas, órgãos que ficam dos dois lados do crânio. Bochechas, as partes laterais curvadas do rosto. Há um pouco de barba cobrindo a parte debaixo da sua cara... O cabelo... liso e bem curto.

— E aí? — A boca dele se move e dela sai a voz rouca de Mitchell. — Como se sente?

Eu não consigo responder. Maravilhada com meus novos olhos, me levanto da cadeira. Começo a analisar o local com os joelhos tremendo. Olho para o chão. Vejo o degrau de madeira que eu e Steve passamos para entrar na sala. Então é assim que madeira se parece? Se essa for a maneira, significa que as paredes são revestidas de madeira até a metade. A outra metade é da mesma coisa do chão que eu estou pisando agora, que suponho que seja mármore ou granito. Aquele degrau é a área de entrada e saída. É um lugar quadrado, bem menos amplo que o resto da sala enorme. Há uma porta dupla ali — a porta que passamos. Após o piso de madeira, entramos nesse lugar magnífico. Há uma mesa... um balcão, acho... perto dali, quase encostado na parede. No balcão, há uma... pia. É, acho que é uma pia. E há uma torneira metálica nessa pia.

Invisível (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora