Capítulo Quatro

3.2K 342 96
                                    

*mudei de capa!! O que acharam? Eu estou um pouco apaixonado por ela*

Quarta-feira foi o dia em que minhas emoções me atacaram. Quando conversei com Steve sobre ter terminado o contrato, pesquisado sobre a empresa e ter decidido que eu ia participar, acabei chorando. Ele não brigou comigo, nem mesmo levantou a voz, mas as coisas que falou mexeram muito comigo.

— Sei que você vê isso como uma saída da infelicidade, mas sabe que isso pode acabar de outro jeito. Pode ser que isso te deixe mais triste do que antes.

Aquilo me fez pensar um pouco, mas minha decisão estava concreta dentro da minha cabeça. Nada poderia desabá-la. Era isso ou daqui alguns dias eu estaria de volta ao chão do meu banheiro esperando a morte chegar.

— Obrigada por se preocupar com tudo isso, Steve — eu disse. — Mas eu já sei o que vou fazer.

Ele suspirou e colocou sua mão em meu ombro.

— Tudo bem — disse ele, parecendo um pouco decepcionado por não conseguir me fazer mudar de ideia. — Mas eu posso ir com você? Falo pros meus pais que eu vou fazer trabalho ou sei lá.

— Por mim, sim. Não sei por eles.

Eu adoraria que Steve fosse comigo. Isso me daria um pouco mais de coragem.

— Mas... o que mais você encontrou além desses atos milagrosos que eles fizeram? — perguntou ele, se referindo à pesquisa que fiz sobre a NeoTech. — Nenhuma reclamação ou algo do tipo?

Dei de ombros.

— As reclamações que eu encontrei eram sobre os preços dos implantes. Mas é um pouco óbvio que essas coisas de tecnologia avançada vão custar em torno de cinquenta mil dólares.

— Pelo menos você vai conseguir de graça.

Passei minha terça inteira pesquisando. Achei o nome do fundador da empresa, Mitchell Columbus, nascido aqui em Saint Louis e que fez quarenta e três anos mês passado. Ele abriu a sede da NeoTech no centro da cidade há sete anos, quando o governo viu o potencial que a empresa poderia ter. O edifício parece ser enorme, segundo as informações no Wikipédia.

Depois da escola, às quatro da tarde, tive que ir na consulta da psicóloga. Eu falei sobre os problemas que tive com meus pais, coisas que eu nunca havia contado para ninguém. Por algum motivo, eu sinto que posso confiar na doutora Kristal. Falar sobre meu passado para ela está sendo como soltar um enorme peso das minhas costas.

O resto da semana passou de uma forma normal e estranha ao mesmo tempo. O clima de "pós-tentativa-de-suicídio" continua me incomodando bastante. Minha mãe, apesar de ter voltado a trabalhar, continua de olhos grudados em mim. Ela trabalha em uma agência de publicidade. Seu chefe a permitiu fazer home office, mas é muito rigoroso com as papeladas e planilhas que ela tem que enviar todo final de tarde por e-mail.

Eu não sei direito o que meu pai faz, mas sei que é uma indústria que fabrica móveis perto do centro da cidade. Para o cargo que ele assume, não há como trabalhar em casa. Então, ele acorda quase no mesmo horário que eu para ir até a fábrica. Ele sai às cinco, mas cada dia chega um horário. Nos primeiros dias da semana, ele consegue chegar mais ou menos umas cinco e meia. Quando o fim de semana se aproxima, ele começa a chegar tarde, pois fica bastante tempo no bar com os amigos. E, em todas as sextas-feiras, ele chega completamente bêbado.

Isso me fez ter um plano.

Na sexta daquela semana, eu esperei até que meu pai chegasse em casa. Peguei o contrato e uma caneta e fui até ele, na cozinha, onde comia. Antes de entrar, coloquei a última página — onde provavelmente ficava a parte para a assinatura — na frente das outras. Minha mãe estava na sala e eu rezava para ela não nos ouvir conversando.

Invisível (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora