— Na verdade, era um mini drone — explica Stephano. — Estava carregando uma caixinha metálica. Provavelmente, era alguém mandando algo para outra pessoa.

Drone. Eu já ouvira falar naquilo, só não lembro direito o que é. Sei que foi Steve quem me contou sobre. Provavelmente, deve ser algo pequeno que voa.

— Vocês entregam as coisas usando drones? — Steve ainda está impressionado. — Vão ficar obesos desse jeito.

— Vamos? Temos uma academia no terceiro andar e é frequentada por quase todos os trabalhadores — fala Logan.

— Vocês têm uma academia aqui? — pergunto.

— Vai se surpreender com as coisas que temos aqui — fala Stephano. — Se quiser se soltar um pouco do seu amigo, fique à vontade. Tem uma faixa tátil abaixo de você que te levará ao elevador, que é onde estamos indo.

Solto o braço de Steve e desdobro a bengala. Começo a acompanhar a faixa na minha frente. É um pouco diferente de todas as faixas táteis que eu já acompanhei na minha vida. Além da bengala ir deslizando por ela com certa facilidade, parece que ela nunca foi usada antes. Está completamente nova.

Chegamos ao fim da faixa e eu paro por um segundo, até sentir Steve passar ao meu lado, continuando sua caminhada. Eu o sigo e percebo a troca de pisos: de um chão liso feito de — provavelmente — mármore, vamos à um chão metálico. O que me faz perceber que estamos em um elevador é o fato do piso não parecer estar fixado em nada, balançando levemente quando nos mexemos.

— Esse elevador é meio estranho — diz Steve. Ele toca em meu ombro para indicar que está falando comigo. — Tem as paredes circulares e de vidro. Parece que estamos em um ovo transparente.

Ouço uma risada rouca e curta. Parece ser de Logan.

— ... com a ajuda do governo e com a parceira das indústrias farmacêuticas, conseguiremos alcançar o impossível. — A voz da mulher continua falando. — O futuro é nosso.

As portas do elevador se fecham. A ambientação do primeiro andar é cessada. Toda a barulheira, os odores... é tudo cessado e substituído pelo som e a movimentação do elevador. Estamos subindo. Se eu não soubesse que esse lugar inteiro é construído com as melhores tecnologias do mundo, eu diria que o elevador está indo devagar, por quase não sentir a movimentação. Mas é mais provável que esteja sendo o elevador mais rápido que eu tenha subido na vida.

Em poucos segundos, o elevador para.

— Décimo sexto andar — diz a mesma voz robótica que estava falando no salão de entrada; dessa vez o som vem de dentro do elevador.

— Vamos — fala Logan. Eu o ouço tomar a dianteira.

Nós saímos. Não há falatório por perto, apesar de eu ouvir algumas vozes um pouco mais distante. Sigo a linha da faixa tátil bem atrás dos outros. Algo me diz que estamos em um corredor um pouco estreito, pois Steve não consegue ficar do meu lado.

Sinto um piso tátil de alerta para sinalizar que há uma bifurcação entre três caminhos, mas continuamos seguindo reto. Nós vamos até o final do corredor e paramos bem onde a faixa termina.

— Vocês vão entrar. Vamos ficar do lado de fora — diz Stephano.

Engulo em seco.

— É aqui que... eu farei a... — Eu tento encontrar uma palavra pra completar a frase. Não quero usar "cirurgia" para isso, já que eu nem sei exatamente como vai ser.

— A inserção do aparelho? — fala Logan. — Isso. Vai ser aqui.

Sinto um calafrio percorrer minha espinha.

Invisível (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now