05 💙 Não se rotule, garota!

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Quando o sol se pôs, era hora de ir para casa

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Quando o sol se pôs, era hora de ir para casa. Júlia não gostava de passar o final da tarde inteira sozinha, mas não tinha outra opção. Podia falar apenas pelo celular com Marina, já que ela fazia outras coisas durante a tarde - cada dia algo diferente -, e ela não gostava de atrapalhar a amiga. Às vezes as duas se encontravam nas quartas quando Marina chegava mais cedo da aula de boxe, mas mesmo assim, era pouco tempo. Mari morava relativamente longe e pelo pouco tempo que se conhecem, seus pais ainda não confiavam que dormisse na casa dela, apesar de não pegarem tanto assim no seu pé.

Quando não estava dançando, passava a tarde lendo bons livros e olhando a rua da varanda do seu apartamento, por algum motivo, esse ato lhe trazia certa tranquilidade. Olhou em volta e viu as pessoas andando nas ruas, algumas sozinhas, apressadas, outras distraídas e acompanhadas. Gostava de observar as pessoas e se imaginar no lugar delas. Como seria sua vida se fosse a senhora que caminha lentamente ao redor da praça que fica de frente ao prédio? Ou se fosse o garoto que acabara de passar com a mãe choramingando, ou até se fosse a mulher, mãe do garoto?

Não podia dizer que não gostava de sua vida, ela gostava de ser quem era. Sua vida era boa; tinha um apartamento que mesmo simples, era confortável, tinhas seus dois pais juntos -, mesmo que nem sempre estivessem ao seu lado, - estudava em uma escola boa, tinha uma amiga maravilhosa e ainda podia pagar uma aula de balé -, mesmo que não fosse na escola que gostaria. Mas apesar de tudo, a todo instante, sentia que faltava alguma coisa. Todas as vezes que escutava a mãe e insistia em uma dieta maluca e que ouvia as pessoas dizendo que tinha que emagrecer para ter sucesso em sua carreira, sentia que não estava sendo quem deveria ser de verdade. E o problema é que Júlia estava quase dando ouvidos a tudo isso. Deveria cuidar da saúde, mas não precisava se sentir menos capaz por conta do seu biotipo. Por esse motivo, decidiu agir diferente. Não que fosse começar a comer feito uma desesperada para afogar todas as mágoas das pessoas que lhe faziam acreditar ser menos do que era, por causa do seu peso, não. Mas não faria mais sacrifícios ridículos para satisfazer a vontade da mãe. Nem de ninguém.

Aproveitou que estava sozinha e começou a refletir sobre isso, enquanto olhava para a rua que agora estava deserta. Continuou olhando e viu quando um garoto entrou no prédio andando tranquilamente. Mal conhecia as pessoas que moravam naquele prédio, mas ela lembrou de já ter visto ele algumas vezes. Mesmo que aparentasse estar tranquilo, alguma coisa em suas expressões revelavam o contrário. Sem entender o porquê, ficou se perguntando o que estaria pensando naquele momento. Tinha mania de fazer isso quando observava as pessoas, mas dessa vez, passou quase dois minutos pensando no que aquele tal garoto podia estar pensando.

Saiu da varanda e foi até a cozinha. Abriu a geladeira e pegou um pote de iogurte de morando da sua mãe. Pegou uma colher e abriu para comer. Ela não ia deixar de tomar um iogurte por causa de uma dieta estúpida. Sentou no sofá e pegou o livro que estava lendo: "Poder Extra G". Não era para sua idade, mas a mensagem que o livro lhe trazia era muito importante para ela. Começou a folhear as páginas com uma mão enquanto tomava o iogurte com a outra e se divertia com as últimas páginas do livro. Adorava aquela autora, já havia lido três livros dela seguidos e o diferencial de todos eles era a representatividade, para ela, faltava mais isso nas histórias. Fechou o livro após ler as páginas finais e se emocionar por ter acabado. Eu a entendo, é um livro muito bom.

Começou a assistir documentários de balé - o que fazia com frequência -, e percebeu que a maioria das bailarinas eram exatamente iguais, inclusive no tom da pele, mas aquilo não lhe incomodava. Sentiu o sono lhe pegar aos poucos e sem perceber, acabou dormindo. Um tempo depois, acordou com a mãe lhe cutucando no sofá. Como ela odiava aquilo!

- O que é isso, Júlia? - praticamente gritou em cima dela, visivelmente alterada.

- O que? - dizia, coçando os olhos, meio desnorteada. O cabelo bagunçado e os olhos inchados. - Precisava me acordar cutucando assim?

- Claro, olha isso! - Apontou para o pote de iogurte jogado no chão.

- Ah, eu já ia apanhar, foi mal, é que...

- Não estou falando disso! Quem disse que você podia comer isso daqui? Você quer emagrecer ou continuar gorda do jeito que é? - gritou, sem medir as palavras - Desse jeito você nunca vai ter carreira nenhuma! Será que não entende que para conseguir uma coisa precisa de foco?

Júlia respirou fundo. Sua vontade era de gritar e dizer que dane-se a dieta e tudo o que ela estava lhe dizendo. Sentiu raiva da mãe como nunca havia sentido antes. Tinha vontade de gritar e falar muitas coisas, mas não fez isso.

- Vai ficar parada sem dizer nada? Quantas vezes eu tenho que dizer pra você que não vai conseguir nada desse jeito?

- Eu tenho pena de você - foi o que falou. Então saiu deixando a mãe para atrás e se trancando no quarto em seguida.

Estava angustiada, mas não foi dormir chorando aquela noite, como teria feito há algum tempo atrás. Não existia nada de errado com seu corpo, ela sentia; então, por mais que sentisse seu rosto arder com vontade de chorar e o coração apertar, por mais que não passasse de uma garota de catorze anos com suas fraquezas como qualquer outra, não queria se preocupar com pensamentos e comentários limitados de outras pessoas. Mesmo que fossem de sua própria mãe.

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Hi, galeris! Eu aqui no meio da semana com capítulo novo? O/ Isso mesmo! Tudo bom com vocês?
Como passaram o natal, heim? Eu passei em casa, sozinha, escrevendo para vocês e lendo um pouquinho! Hahaha.

Gostei muito de escrever esse capítulo, principalmente por se tratar dos sentimentos da minha personagem, a Jú, mas queria saber a opinião de vocês! ❤️
Estão gostando do formato da história? O que acharam até aqui?

E a pergunta que não quer calar... será que a mãe da Jú vai deixar de ser tão paranóica? Eu espero que sim!
Se você gostou, não esquece de deixar o seu votinho e comentar o que achou, sempre gosto de saber! Um beijo e até segunda! 💋❤️
Pra finalizar, só quero deixar aqui uma fotinha da Jú pra vocês ^_^

 será que a mãe da Jú vai deixar de ser tão paranóica? Eu espero que sim! Se você gostou, não esquece de deixar o seu votinho e comentar o que achou, sempre gosto de saber! Um beijo e até segunda! 💋❤️Pra finalizar, só quero deixar aqui uma fotinh...

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Mais Perto do Que se Imagina (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora