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—Querida, meus pais querem decidir conosco as coisas do casamento. Você se importaria de ir com a minha mãe ver o vestido de noiva?

—Não, tudo bem. Diga-me quando ela pode ir que combinaremos.

—Muito obrigado, babe.

Arqueio uma das sobrancelhas.

—Amor, desde quando você me chama de "babe"?—gargalho ao telefone.

—Desde quando você me chama?—acho que ele percebeu que eu não falei nada, porque não lembrava quando eu o chamei de "babe", pois limpou a garganta. —É maravilhoso escutar sua risada. Parece que faz meses que não escuto.

Sinto-me um pouco mal. Fiz parecer que não sou feliz ao lado dele.

—Tenho certeza de que não foram meses e sim alguns minutos—brinco e foi a sua vez de gargalhar. Sua risada também é maravilhosa. É uma risada masculina, um pouco formal também. Parece que ele não se sente à vontade rindo, sempre achei isso.

—Bem, eu só liguei para perguntar isso e se posso passar a noite contigo hoje.

Estranho a pergunta. Ele pode aparecer quando quiser.

—Claro, por que não?

—Nos falamos à noite, então. Tchau, querida.

—Tchau.

Desligo o telefone, mas continuo encarando-o. Ele queria me dizer algo. Eu senti essa necessidade na sua voz.

Tento esquecer isso durante o dia. Ele estava me deixando preocupada.



Trabalho a manhã toda e, na hora do almoço, resolvo ir ao shopping para comer, obviamente, e para dar uma passeada por enquanto que não dava o tempo de eu voltar para o hospital.

Começo a olhar as lojas depois que como. Olho sapatos, uns mais bonitos que outros. Uns mais sociais que outros, umas rasteirinhas fofas que me parecem a cara da praia, do verão.

Aí, tem os vestidos floridos ao lado de casacos de lãs. Sobretudos chiques e caros. Os vestidos floridos estão tudo em liquidação. Claro. Estamos ainda no inverno. Temos que enfrentar o frio.

Eu sempre gostei de frio. É melhor sentir frio do que sentir calor. Parece que você está morrendo no calor. No frio você pode se cobrir. No calor você tem que tirar, mas você não pode fazer isso. Você não pode ficar nu(a) e sair andando por aí. Não.

Frio sempre me lembra cobertor, que me lembrar Netflix, que me lembra filmes e pipoca e outras besteiras. Também me lembra chocolate quente. Hmmmm, já estou sonhando com isso.

Resolvo passar numa cafeteria e peço dois chocolates quentes e dois cappuccinos. Os chocolates são meus e os cappuccinos são de Juan. Cada um louco pelo seu. Aproveito também para passar num supermercado e comprar minhas besteiras e minha pipoca. Estou louca para chegar em casa e vestir meu pijama de frio, com minhas meias de bolinhas rosas e de dedinhos, comer minha pipoca e tomar meu chocolate assistindo a episódios de The Flash ou outra série que assisto. No momento, estou viciada em The Flash, então, vai ser a minha preferência.

Trabalho o resto do expediente e volto para casa no final da tarde. Tomo um banho logo quando chego e faço como o planejado.

Às vinte horas, Juan toca minha campainha. Eu já estava comendo o terceiro pacote de Fini e tenho certeza de que o cappuccino dele já estava bem frio. Coloco os dois no micro-ondas antes de abrir a porta.

—Hey, eu estava achando que não viria mais—dou-lhe um selinho.

—Desculpa, tinha muito trânsito. Por isso, demorei—ele espia por trás dos meus ombros. —O que está assistindo? The Flash?

—Aham –faço cara de orgulhosa. –Vai se juntar à mim, não é? É um pecado você não querer assistir de novo comigo—faço bico.

Ele gargalha.

—Eu aceito o meu cappuccino ou o que  esteja no micro-ondas –dessa vez, foi ele que fez bico para mim.

—Tá—sorrio. Ele sabe que sempre que vou ao shopping, compro chocolate para mim e cappuccino para ele.

Ficamos assistindo Netflix até a comida acabar, o que não era pouca. Devo ter engordado uns dois quilos ali.

Acabo adormecendo no colo de Juan.          






—Princesa?—ele me chama. –Precisamos conversar.

—Hmm?—estou super grogue.

—Vem cá—ele me puxa mais para perto. –Eu tenho uma coisa para te contar.

Me sento no sofá, ao seu lado.

—Humm?

—Princesa—ele segura minhas mãos—,eu vou viajar por um tempo. Por causa do trabalho. É possível que eu fique uns seis meses fora...

—Mas e o nosso casamento? Vai ser em Março!

—Eu sei, babe, eu sei. E sinto muito por isso também. Eu não queria te deixar e nem adiar o nosso casamento, mas acho que teremos que fazer isso.

Acho que estou com uma cara de decepcionada tão aparente que ele chega para mim e me abraça forte.

—Babe, prometo que vou ligar todos os dias, em todos os momentos que eu conseguir. Me perdoe por isso, eu juro que tentei não passar por isso, mas é necessário.

—Não, tudo bem, amor, eu entendo—dou um sorriso motivador. –Você vai ter que  fazer isso. Não se preocupe. Eu vou ficar bem—dou uma pausa. –Quando você está indo?

Demora uns segundos para ele responder.

—Daqui a algumas horas. Por isso, eu queria passar um tempo com você.

Meu coração está acelerado.

—Quando você ia me contar isso?—já sinto as lágrimas nos olhos.

—Meu amor, eu descobri isso de manhã. Por favor, não chore—ele beija minha testa de modo terno. –Prometo voltar o mais breve possível.

Assinto com a cabeça. Ficamos a nos olhar por um tempo. Gravo todas as linhas do seu rosto. Em poucas horas, ele vai estar voando para longe de mim e eu não terei mais quem abraçar durante a noite, não terei mais com quem conversar, com quem brigar (por mais que eu odeie brigar), quem aguente meus dias de TPM, quem me beija, quem me liga, quem me aperreia, quem me irrita por causa de ciúmes.

E agora estou a beijá-lo como se fosse o meu último instante das nossas vidas. Cada toque vai ser lembrado. Cada pedaço do nosso corpo será gravado na mente de cada um de nós. Cada arrepio. Cada beijo. Tudo.

—Eu te amo muito, minha Dee—ele sussurra ao meu ouvido.

Dói muito saber que você ouviu aquelas palavras e no outro dia lembrar que essa pessoa não vai estar ao seu lado por meses.

Sempre ao Seu Lado {Shawn•Mendes} Livro UmWhere stories live. Discover now