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Antepenúltimo capítulo eu ouvi um amém

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    Escola, amém. Já estava com saudades dela, embora tivesse frequentado a mesma no dia anterior.
   Fechei a porta do meu armário e caminhei em passos mais apressados até o pátio, onde minhas amigas me esperavam para que pudéssemos ir embora. Era o penúltimo dia de Nash em New York antes das benditas férias, e mesmo que eu sentisse um aperto em lembrar, tentava não demonstrar.

— Amy? — Chamou uma voz.

   Ah, porra. Cacete. Caralho. Merda.

— Chris. — Sorri sem mostrar os dentes enquanto ele se aproximava.

— Vim na paz. — Ele pôs as mãos para o alto em rendição. Notei que as meninas estavam nos olhando um pouco mais adiante.

— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei.

— Não, eu só queria tentar mais uma vez. Tipo, pedir desculpas, sem... tudo aquilo.

— Certo. — Falei com cautela.

— Eles já foram? — Perguntou. A princípio não entendi. Depois, soltei um "ah" e suspirei.

— Dois dias. — Suspirei.

— Você gosta deles agora, não é? — Ele coçou a nuca, e eu pensei um pouco antes de responder.

— Na verdade, sim. Eles são bem legais. — Sorri.

— Desculpa por tudo. — Pediu. — Poderíamos estar juntos agora, mas eu acabei estragando tudo. Perdão, mesmo.

— Você não estragou tudo. — Respondi. — Você pode conquistar minha confiança de volta, basta querer.

— Sério? — Ele abriu um sorriso enorme. Acabei sorrindo também. — Posso te abraçar?

— Pode sim. — Assenti e ele ainda um pouco inseguro me envolveu em seus braços. Não vou mentir, eu senti falta desse abraço.

   Quando nos separamos, olhei a volta procurando pelas meninas, mas vi algo pior.

Ou melhor, alguém.

— Nash. — Sussurrei, balançando a cabeça negativamente. Ele permaneceu parado por alguns segundos, mas quando tomei partido de ir até ele, começou a recuar. Lentamente, e depois mais rapidamente. Comecei a correr para alcançá-lo, até que ele virou a curva do portão da escola. Foi quando o perdi de vista. Ótimo, Amy, ótimo.

   Procurei pelas meninas e não as encontrei, então entrei em desespero. Lágrimas brotaram nos meus olhos, e não acreditei quando comecei a chorar. Chorar por ele.

    Tentei ao máximo não atrair a atenção das pessoas, mesmo que algumas já me olhassem. Senti uma mão tocar meu ombro, e me virei. Chris me lançou um meio sorriso, entendendo a situação. Escondi meu rosto em minhas mãos, e ele me abraçou mais uma vez. Senti suas mãos acariciarem meus cabelos, e quase me perdi com aquele toque. Me separei gentilmente dele, e ele encarou meus olhos por alguns segundos. Encarar os dele me fazia ter lembranças não muito boas.

— Eu preciso ir. — Respirei fundo. — Preciso encontrá-lo.

— Tudo bem. — Ele sorriu. Um sorriso triste. — Depois a gente se fala.

— Ok. — Beijei sua bochecha rapidamente. — Até!

— Até! — Corri para fora do colégio, para então procurar por um táxi. Encontrei um estacionado e entrei, dando o endereço do hotel. Durante o caminho, fiquei inquieta. Não sabia exatamente como encontraria Nash, nem sabia o motivo de eu me importar tanto. Na verdade, eu imaginava.

   Paguei o homem quando ele parou em frente ao Majestic e saltei do carro rapidamente. Corri para o saguão e olhei para Blake, um dos atendentes.

— Blake, me ajuda. — Pedi.

— Medo. — Respondeu ele, arqueando a sobrancelha enquanto tirava os olhos do computador.

— Preciso saber se o Nash já passou por aqui.

— Na verdade, não. — Ele deu de ombros. — Por que?

— Ah, céus. — Praguejo. — Tudo bem, obrigada.

— De nada. — Ele volta a observar a tela do computador e eu sigo até o elevador.

— Tudo bem. — Resmunguei enquanto as portas se fechavam. — Preciso esperar.

×××

  Já eram sete da noite. O penúltimo dia de Nash em NY me pareceu o pior da sua estadia até agora. E eu estava sentindo sua falta.

   Olhei para o teto e parei para pensar. Era péssimo saber que dali dois dias ele iria embora, e eu mal conseguia acreditar que estava triste por isso. Eu os queria fora do hotel, e quando consegui, pareceu doer.

    Porque na verdade estava doendo. A verdade nua e crua era essa. Eu já estava sentindo a falta deles, e sentindo algo ainda mais forte pela falta de Nash. Era quase impossível de acreditar.

   Ouvi meu celular vibrar com uma nova mensagem e corri para pegá-lo, esperando ser algo de Nash. Na verdade, era o Chris, perguntando se estava tudo bem. Optei por não responder naquele momento e respirei fundo.

   Minha atenção foi atraída por batidas na porta, e olhei ansiosamente para a mesma. Um Derek sorridente passou pela mesma, e corri para o abraçar.

— Ei, parece que não me vê há anos! — Ele riu.

— Eu acho que fiz uma cagada. — Respondi.

— Ih! — Ele desfez o abraço e me olhou. — Que tipo de cagada?

   Puxei ele para se sentar na minha cama e assim ele fez. Sentei ao lado dele e disse tudo. Desde o começo, como essas duas semanas se passaram, como sem querer acabei me aproximando dos meninos e... Nash. Depois de despejar tudo, estava quase chorando. Ele pensou por alguns segundos antes de responder, e então me olhou.

— Sabe, estou orgulhoso de você. — Ele sorriu. — Você se superou. Imaginei que fosse espantar esses garotos daqui no primeiro dia. — Ele riu, e eu virei os olhos. — mas... veja só! Você se apegou a eles. Estou feliz por você. Não acho que deva esconder isso, afinal, eles não são monstros horríveis ou algo do tipo, são novos amigos. — Assenti. — Quanto a Nash... Você deve falar com ele. Esclarecer.

— Ele nem está no hotel. — Respondi.

— Mas ele vai voltar. Provavelmente já voltou. Converse com ele, vai ver que tudo vai se encaixar.

— Tudo bem. — Sorri. — Obrigada. De verdade, você deu uma luz aqui.

— De nada. — Ele beijou a minha bochecha. — Agora vai. Vou descer de novo.

— Ok. — Sorri e levantamos. Ele deixou o quarto e eu o segui, fechando a porta. Só depois me dei conta de que Derek  queria falar comigo, mas isso poderia  esperar. Parei ao quarto de Nash e respirei fundo, dando três batidas na porta.

   Esperei alguns segundos, sem resposta. Eu estava prestes a bater de novo, quando a porta foi aberta, e me vi perder o fôlego mais uma vez ao fitar aqueles olhos azuis.

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Hotel ∞ N.G Onde as histórias ganham vida. Descobre agora