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— Você tem muito a me explicar, não acha?

   Fechei a porta do escritório do meu pai atrás de mim e assenti, me sentando na cadeira frente a dele do outro lado da mesa.

— Por onde quer começar? Pela fuga ou pelo que motivou a briga dos garotos?

   Arregalei os olhos em surpresa. Então ele já sabia que eu tinha fugido?

— E-eu... como soube?

— Você mora aqui há quase dezessete anos. Deveria lembrar que existem câmeras e pessoas muito bem pagas para vigiar esse Hotel, não é mesmo?

   Balancei a cabeça, concordando. Não acredito que tinha sido tão burra assim.

— Tudo bem. — Comecei e fitei seus olhos. Ele não parecia furioso, apenas curioso. — Antes de tudo eu queria te pedir perdão. Eu não vou mais repetir o que eu fiz, eu aprendi a lição.

— Bom. — Disse ele, apoiando a cabeça na mão.

— Começou que lá na festa... Eu me desentendi com o Chris, o cara que estava cuidando de tudo e tal. Daí eu saí de lá. Eu fiquei menos de uma hora, eu acho. Daí eu estava andando pela cidade e...

— Espera aí. — Interveio ele. — Você estava andando por Manhattan sozinha?

   Assenti lentamente. Ele suspirou.

— Ok. Então, eu recebi uma... Carona até aqui...

— De quem? — Interrompeu mais uma vez. — Quem te deu carona?

— Uma amiga... Da escola. A... Margot, sabe?

   Óbvio que ele não sabia.

— Não, não sei quem é. Agora me diga o que isso tem de ligação com a discussão que aconteceu lá embaixo.

— O Chris veio me pedir desculpas, mas no final acabou me xingando. Daí eu retruquei e ele tentou vir pra cima de mim e...

— Vou mandar a polícia atrás desse cara. — Resmungou meu pai.

— Não vai não. Eu vou me resolver com ele. Tá, ele ia vir pra cima de mim quando o cam e o Nash se colocaram na frente dele. E tipo, eles não queriam brigar. O Nash aconselhou ele a ir embora e o Chris provocou ele e deu um soco no Cam. Acho que o resto você sabe.

— Certo. — Ele fez umas anotações. — Onde estava agora?

— No quarto. Estava limpando a cara do Nash.

   Ele me olhou estranho e eu tratei de balançar as mãos freneticamente.

— Não, não pense em nada errado. Nem amigos nós somos, eu acho.

— Vou fingir que acredito. — Ele sorriu fracamente. — É bom ver que está gostando deles.

— É aí que você se engana. — Intervi, balançando a cabeça. — Ainda acho eles inúteis.

— Inúteis simpáticos que fazem você ter esse sorriso na cara? Daí concordo.

   Revirei os olhos e fechei a cara.

— Qual o castigo?

— Castigo?

— Meu castigo.

— Ah, acho que já é castigo o suficiente ser chamada de culpada por uma briga com um famoso que você nem gosta, não é mesmo? Aliás, eu já acho castigo o suficiente ter que lidar com esse cara que você mencionou na escola. Mas, se ele tentar alguma coisa você me liga na mesma hora, viu? Eu tenho amigos policiais que conseguem por ele na cadeia fácil.

   Assenti, sem acreditar muito. Ele não me daria castigo?

— Espero que tenha aprendido e que não me desobedeça novamente. Pode ir, agora.

   Balancei a cabeça concordando e deixei a sala. Agora, eu teria que ir atrás de Nash, que provavelmente estaria me esperando no quarto.

   Andei pelo corredor do nono andar em silêncio e suspirei antes de abrir a maçaneta. Dentro do quarto, Nash mexia no meu celular.

— Ei! — Fechei a porta atrás de mim, bufando. — Não bloqueia meu celular, não.

— Quem disse que eu bloqueei? — Ele me olhou. Percebi que já não usava mais a bolsa térmica na barriga, e parecia bem melhor. — Sério mesmo que você é daquelas que coloca a data de aniversário na senha?

— Como você descobriu minha data de aniversário? — Arqueei a sobrancelha.

— Perguntei para a Maggie. Dãr.

— Ai, céus. — Pulei na cama e tirei o celular da mão dele. — O que você fez aqui?

— Ah, tweets amorosos pra mim e tal. Ah, olhei suas mensagens e aquele Chris é bem clichê, não é mesmo?

— Idiota. — Revirei os olhos, e fitei o celular. Mas o Twitter logado ali não era o meu...

— É o meu Twitter, trouxa. — Ele revirou os olhos deitado e pôs as mãos em volta da cabeça.

— Jura? — Sorri e ele fechou a cara.

— Você... Vai sair da conta, né?

— Eu tenho direito de brincar também, otário.

— Ai, não. — Ele tentou se levantar e pôs a mão na barriga. — Maldade!

— Hm, vejamos... — Cliquei em "tweetar algo" e comecei: — Conheci o amor da minha vida hoje... O que acha?

— Não...

   Sem pensar duas vezes, Cliquei em "publicar". Olhei para Nash de volta, que mantia as sobrancelhas erguidas.

— O que mais? — Perguntou ele.

— O nome dela é... — Comecei a escrever e Nash arregalou os olhos.

— Isso vai ser pior para você do que para mim, acredite.

— Amy Lindemann. Publicar. — Sorri e vi meu celular bugar com tantas notificações. — Como seu celular não dá pau com tanta notificação? Caramba.

— Estou acostumado. — Ele deu de ombros.

   Em cima da escrivaninha, meu notebook começou a fazer vários "beeps". Eram notificações.

— Eu avisei. — Disse Nash enquanto eu corria para a mesinha.

   Num piscar de olhos, eu tinha quase cinco mil seguidores.

— Uau! — Exclamei. Resolvi olhar as mentios, a maioria delas eram garotas marcando outras garotas com frases do tipo "é ela". — eita.

   Resolvi apagar os tweets e saí da conta.

— Chega de Nash Grier por hoje. — Resmunguei.

— Eu ainda estou aqui... — Cantarolou ele, sorrindo ironicamente. — Eu avisei, gatinha.

— Não me chame assim novamente, credo. — Resmunguei, andando até ele. — Não acha que já está na hora de tipo... Ir embora?

— Ah, nãooooo. — Disse ele como uma criança. — Deixa eu dormir aqui hoje?

— Não, sai daí, anda.

— Eu sei que você não sabe dizer não para esses lindos olhos azuis. — Ele apontou para seus olhos e fechei a cara, vendo a cara fofa que ele fez. — Por favooooorrrr.

— Uh! — Respirei fundo, pegando meu celular. — Tá, mas só hoje.

Hotel ∞ N.G Onde as histórias ganham vida. Descobre agora