Capítulo 8: O Encontro com o Príncipe.

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- A sua reverência é horrível, senhorita. - Thranduil disse e me deixou completamente envergonhada por isso.

- Sinto muito, Majestade. É que eu me assustei, não sabia que tinha alguém atrás de mim. - Tentei explicar sem parecer indelicada - Normalmente apenas o guarda que fica do lado de fora ouve enquanto eu toco, não esperava vossa presença.

- Pelo menos a senhorita sabe que se chama um rei de Majestade, e não de Vossa Alteza como algumas das outras garotas disseram. - Thranduil respondeu, e parecia não se importar muito em parecer completamente arrogante e frio para mim. - Pode me dizer o que estava tocando?

- Uma música que o guarda me pede sempre que venho aqui. Ele permitiu que eu entrasse no salão e me vigia todas as vezes. Não sei exatamente como a música se chama, ou se tem alguma letra, apenas conheço sua melodia, pois aprendi a tocar piano desde criança com minha mãe. - Respondi, e senti minhas pernas tremerem de nervosismo por estar conversando com o rei a sós.

- Eu ouvi apenas o final e notei que tocas com bastante intensidade. - O rei elogiou, e me senti intimamente feliz por isso. - Poderia tocar outra vez? Gostaria de ouvi-la por completo - Thranduil pediu, e eu não poderia recusar um pedido do rei.

Assenti e sentei-me outra vez ao piano. Minhas mãos tremiam e suavam um pouco pelo nervosismo de sua presença, mas respirei fundo e tentei fingir que não havia ninguém ali me observando ou me julgando. Normalmente eu não tenho vergonha de tocar na frente de alguém, mas com o rei do meu lado era como se uma pessoa extremamente profissional fosse me observar.

Recomecei a música. Dessa vez não fechei os olhos, pois tinha medo de parecer ridícula ou perder as notas por causa disso. Thranduil estava do meu lado, olhando cada detalhe, tentando absorver cada nota que minhas mãos produziam com atenção.

A música parecia não ter fim, e minha vontade era de sair correndo dali o mais depressa possível, fugir do palácio e nunca mais olhar para ele de tanta vergonha que senti. Acho que minhas bochechas ficaram tão vermelhas quanto um tomate, e parecia que ambas pegavam fogo de tão quentes que estavam.

Apesar disso, dentro mim uma voz dizia que aquilo não era nada demais, que ele era um rei, mas não era um deus e não podia fazer nada além de me criticar. Mas por fora não estava tão segura quanto a isso.

Quando terminei a canção, percebi que os olhos de Thranduil brilhavam. Ele parecia num êxtase, diferente de tudo o que eu já vi em minha vida.

- Você a tocou perfeitamente, apesar de estar travada por minha presença. - Thranduil percebeu, e parecia não ter vergonha de falar o que quer que fosse.

O rei sentou-se ao meu lado, e acho que meus olhos arregalaram-se demais, pois os senti arder e lacrimejar um pouco. Senti um perfume de folhas silvestres adentrar minhas narinas e entorpecer meus sentidos, e seus cabelos em perfeitas mechas lisas encostaram-se em minhas mãos enquanto ele ajeitava sua capa.

- Conheço essa música. Minha mulher a compôs há muito tempo atrás, quando estava grávida de Légolas. O reino inteiro a ouvia tocar, e ela compôs tantas outras que aposto que a senhorita conhece. Na verdade, quase toda terra conhece, mesmo não sabendo que foi ela, pois os elfos espalharam suas melodias por onde foram, incluindo meu filho.

O rei dizia com sua voz fria e calma, fitando-me de tal forma que me fez sentir mais à vontade. Não imaginara que aquela música foi composta por sua mulher, e muito menos que ele estaria ali do meu lado dizendo isso sem ao menos me conhecer. Não acreditava que o rei se abriria assim, de uma hora para outra, e expusesse sua vida de maneira tão repentina para mim, e me surpreendi quando ele começara a falar sobre sua mulher.

Príncipe LégolasWhere stories live. Discover now