- Vovó, a senhora não mudou nada. Continua linda. - abraço-a sentindo seu cheirinho de alfazema, que lembra muito um pequeno pedaço da minha infância.

Vovó Valquíria já tem 75 anos, mas ela é uma pessoa toda no lugar. Muitos dariam que ela tem 58, 60 anos talvez. O lema dela é: "Ame a si mesma, pois ninguém fará isso por você". E isso incluía malhar, boa alimentação e não se estressar com filhos. Por isso que hoje, na terceira idade, consegue dar na minha cara.

- Vovó esse é o Anthony, meu namorado. - ele está a meu lado, sereno. É como se ele entendesse o que nós estamos falando.

- Muito prazer em conhecê-la. - Olho para Anthony sem acreditar. Ele se apresenta, falando em português, num sotaque fofo.

Ele deveria usar esse sotaque e me jogar na cama, me chamar de cachorra e gostosa tudo em português.

- Prazer é todo meu, meu filho. - Vovó o abraça e ele retribui. - Venha crianças. Estão todos lá dentro esperando.

- Esperando pelo que vovó? - pergunto desconfiada.

- Você verá.- ela responde por fim, me deixando curiosa.

Entro na casa, e escuto conversas animadas, um cheiro de comida maravilhoso. Um pequeno cachorro preto e marrom vem em nossa direção, nos cheirando, e nos rodeando. Avisto minha mãe logo a frente, no final do corredor que dá acesso ao quintal. Ela vem em nossa direção, me abraça, e me puxa pelo braço em direção a uma das portas que fica corredor.

- Filha que bom que já chegou, seu vestido está aqui para experimentar. - ela me empurra para dentro de um quarto. Não qualquer quarto, era do tio Pedro, o pai de Abigail e John. Ainda tinha os pôsteres pendurados na parede, vários discos e CDs nas prateleiras. Tudo do jeitinho que ele deixou quando casou.

Paro de olhar o quarto, por mais que na época eu era pequena, ainda sinto uma imensa tristeza pelo que aconteceu aos meus tios. Olho para mãe que balança um vestido longo na minha frente. Ele é de cor rose, cintura alta com pregas, deixando um leve balanço, na parte de cima é um corpete com decote de coração.

- Mãe, que vestido é esse? E para quê? - pergunto, suspendendo uma das sobrancelhas.

- Ora! Para o meu casamento com o seu pai. - ela responde revirando os olhos, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Casamento? O que? Como assim?

- Anda, se veste, você será a madrinha. É bom que Anthony tenha trago um terno. Eu o avisei. Que não invente nenhuma desculpa. - Mamãe fala toda cheia de si. Meu Deus, como ela está metida a besta.

- Fazer o quê, mas é só experimentar? Porque eu preciso de um banho. Quando vai ser isso? - pergunto, começando a me despir.

- Daqui a duas horas. Me ajude com a maquiagem. Não confio nas suas primas, elas são excêntricas demais. - Ela tira também a roupa pegando o se vestido branco perolado, com rendas da mesma cor. O cote do vestido era justo, e social. O decote era quadrado que ia de ombro a ombro, deixando seu colo exposto. Seu cumprimento era no joelho, um vestido lindo que lhe cabia bem.

- DAQUI A DUAS HORAS?? Meu Deus mãe. Vocês piraram? Como vamos organizar tudo em duas horas? - digo exasperada.

- Relaxa. Já está tudo pronto. Só estávamos te esperando. - ela vem minha direção e fecha o zíper do meu vestido. - Ficou perfeito. Coube certinho. Agora me ajude aqui também. - ela fica de costas para mim, e eu puxo zíper do seu vestido.

Agora sim, dá para ver como o vestido ficou lindo. E como minha mãe está linda.

Ela prende seus cabelos escorridos num coque frouxo. Faço uma maquiagem de leve, usando tons claros, o básico mesmo. Ela calça uma sapatilha de salto pequeno, também da cor branco, enquanto eu arrumo a minha juba, com um penteado em forma de abacaxi. Deixando todos os cachos soltos para cima.

Irresistivelmente AtraenteWhere stories live. Discover now