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Dez horas de voo direto, nem sei como essa aeronave aguentou.

Anthony ainda esconde a onde estamos. Ele está afastado e sério. Não afastado fisicamente, mas seus pensamentos, é como se ele estivesse em outro mundo. A aeronave termina de pousar na pista, e olhando pela janela, percebo as plataformas, algumas com aviões comerciais grandes, empresas brasileiras...

- Anthony, estamos no Brasil? - pergunto, pegando-o de surpresa.

- É, estamos. - ele me encara e repuxa o canto direito da boca, num sorriso safado.

Olho para ele incrédula. Ele realmente fez isso? Realmente estou no Brasil?

Paramos no aeroporto de Guarulhos, para reabastecer a aeronave. Almoçamos em um restaurante mais próximo, dentro do próprio aeroporto.

Três horas depois estávamos embarcando novamente, rumo a Salvador.

Vou ver minha família, nem acredito.

********

Anthony está ao meu lado, todo risonho com o meu grito de histeria e vários beijinhos na frente de todo mundo, minutos atrás. Tem tanto tempo que não venho aqui.

Chegando no aeroporto Luís Eduardo Magalhães pela tarde. Uma pessoa já nos esperava, com aquela plaquinha de papel com os nossos sobrenomes. Era um senhor que aparentava ter seus sessenta anos, cabelo grisalho, sem barba, e de pele avermelhada. Talvez pelo sol.

- Bom dia senhor. Senhorita. O carro já os espera. Meu nome é Anderson e vou acompanhá-los - ele nos cumprimenta falando em nosso idioma fluentemente.

- ótimo. - Anthony diz.

Seguimos o senhor Anderson até o lado de fora do aeroporto. Como viemos de uma aeronave particular, não foi preciso esperar as bagagens. Já estavam em nossas mãos minutos depois do pouso.

Um carro já está a nossa espera. Outro rapaz está abrindo o porta mala, e ajudou pôr a minha mala e a do Anthony dentro do carro. Não sei bem para onde estamos indo, mas minha família mora bem pertinho daqui. Ainda me lembro vagamente, demorava poucos minutos para chegar no aeroporto. Minha avó e meus tios moram no bairro de Itapuã. Um dos bairros mais antigos de Salvador. Ele é banhado pela orla marítima, e seu destaque maior, é uma pedra com uma sereia esculpida em ferro. Um lugar tranquilo, sempre brincava nas praças com os meus vizinhos e amiguinhos que conhecia.

Já dentro do carro, passando pelos arcos de bambus, saindo do aeroporto e indo sentido a via principal. Anthony está acariciando minha mão, nós dois estamos no banco de trás. O jovem está dirigindo e o Anderson no banco do carona.

- Onde vamos ficar? Minha família mora aqui perto, poderíamos passa por lá amanhã. - pergunto depois de um tempo, admirando a bela vista dos bambus.

- Para que esperar até amanhã? Por isso que estamos indo hoje. - ele olha para mim com sorriso maroto.

- Espera ai! Isso é sério? - pergunto surpresa.

- Ainda tem mais, sua mãe, seu pai, Clary e Alex estão aqui também. - ele completa.

Minha boca está em forma de o. Ele pega em meu queixo dando uma leve empurrada para cima, fechando minha boca e encosta a sua boca na minha. Um beijo casto com um gosto de quero mais.

********

- Julia minha filha, a quanto tempo minha querida, como você está crescida. Se tornou uma mulher linda. Vem cá, deixa eu te dar um abraço. - minha avó vem em minha direção, enquanto entro pelo pequeno portão de ferro que dá acesso à varanda e sucessivamente a casa. Minha avó fala em português. Embora tenha tempo que não falo, ainda consigo entender claramente.

Irresistivelmente AtraenteWhere stories live. Discover now