Capitulo 28

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Christopher aguardava tentando não parecer tenso, embora se sentisse exatamente assim. Foi difícil encontrar o momento apropria para fazer o seu pedido.

Esperava não ter cometido um engano tático ao esperar tanto tempo para solicitar uma audiência formal, mas já estava preparado para partir e seu navio zarparia em algumas horas.

O sultão falava brandamente, seus negros olhos eram duros. Os homens ao seu redor assentiam, demonstrando concordarem, mas isso era o que faziam sempre. Não muito versado ao diálogo local, Christopher observou Ali. Seu amigo parecia calmo, ao traduzir tudo amavelmente.

– Meu pai diz que já sabe de seu desejo de conservar a garota Inglesa.

– Sabe?

– Oh, sim.

– E?

O sultão murmurou algo mais, levantado despreocupadamente as mãos, sua fronte se enrugado levemente. Ali pigarreou.

– Também diz que nunca foi tão incomodado por causa de um assunto tão corriqueiro quanto uma insignificante escrava e isso esta começando a aborrecê-lo. Parece que não somente eu expressei a minha opinião de que deveria deixar o presente a seus cuidados. Lele a mulher que certa vez foi sua favorita, dirigiu-se a ele e solicitou o mesmo. Seus ministros também concordam que seria melhor que a levasse junto com você quando partir.

– Permite ás mulheres pedirem alguma coisa? –perguntou Christopher com um toque de humor, inseguro se o tom da conversa era a seu favor ou não. Sabia que Dulce e Lele se tornaram amigas, de uma maneira cautelosa. Tanto quanto um guardião e seu prisioneiro podem ser.

– Não, não permite... Mas a verdade é que Lele é um pouco mais favorecida que as outras mulheres e parece que seus sentimentos sobre este tema são bastantes claros.

A boca da Ali se arqueou com um resignado sorriso. Sentado em um pequeno estrado o sultão falou outra vez.

– Diz que seus ministros são tolos e que eu tenho o coração brando no que se refere aos infiéis, –Ali o informou, estoicamente.

Uma ponta de panico oprimiu seu estomago. Por favor, Deus, rezou, não sentencie Dulce a uma vida de cativeiro e escravidão. Com esforço pigarreou.

– Diga a ele que nunca me entregaram um presente tão valioso quanto o que ele me deu ao chegar aqui.

Ali falou depressa, as melodiosas palavras fluíam. Seu pai simplesmente o olhavam impassível, assentindo com a cabeça enquanto respondia. Ali riu entre dentes.

– Diz que você também tem o coração brando e que é uma fraqueza estar tão apegado a uma mulher. Mas também compreende que sua raça e inferior e acredita que não pode evitar, por isso vai lhe conceder a garota. Pode ficar com ela.

Christopher sorriu de orelha a orelha e levantando-se de sua cadeira, em sinal de respeito fez uma reverência.

– Diga que me dá uma grande honra e que sempre me lembrarei das horas que passei em sua esplêndida casa.

O sultão levantou suas grisalias sombrancelhas, olhando seu filho e falando rapidamente.

– Diz que, ao que parece, é uma garanhão entre os homens, e que sua mulher Inglesa pode parecer pálida mas é, pelo que dizem, uma fera que grita quando a monta. Quer saber se essa historias são verdadeiras.

– Conte a ele, –disse Christopher serenamente,– Que fodemos tão ferozmente como os cavalos selvagens do deserto e sua paixão é como o ardente vento do verão, quente e implacável.

Ali riu outra vez.

– Contar o que me diz, –e então adicionou com um audível suspiro.–  Esta com problemas meu amigo. Tentei avisar.

– Sim. –adicionou Christopher,– Mas ao menos este é um problema muito agradável.

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Enquanto olhava as pequenas jóias em suas mãos, Dulce desejou sentir mais prazer diante de seu brilho e beleza natural.

– Muitas pérolas por uma noite, –disse com inconfundível triunfo.– Tudo o que fez foi cavalgar entre suas pernas.

Tentando controlar sua ansiedade, Dulce se voltou para ocultar as lágrimas que banhavam seus olhos. Com um doloroso nó em sua garganta disse com desespero.

– Ele vai partir.

– Mas deseja leva-la com ele, preciosa. Falei com o sultão em seu favor. Acredito que ele permitira.

Dulce piscou e voltou-se.

– Falou com ele?

O sorriso de Lele era quase nostálgico
e seus escuros olhos tranquilos.

– É mas que desejo o que o lorde Inglês sente por você, menina. Vejo-o toca-la enquanto dorme, percorre com os dedos  seus belos cabelos, acaricia seu rosto. Sussurra palavras que não posso ouvir, com muita ternura. A maneira como a beija na boca e a abraça tão docemente... Sim, ha uma grande paixão entre os dois, mas também algo mais. Poderia possuí-la sem nenhuma consideração, mas faz amor. Seu atraente lorde náo pode esconder suas verdadeiras emoções, –acrecentou brandamente.– Não pode esconder o modo como se entrega a ele, tão livremente, tão desejosa. E você também sente essa mesma ternura que acontece, ás vezes, entre um homem e uma mulher, ou nunca se submeteria voluntariamente. Ele e seu amante, mas sinto que você também o ama.

Ali naquele quarto que poderia ser sua prisão por toda a vida, Dulce se perguntou se poderia ser verdade. Era difícil dizer considerando o fato que não pudessem falar livremente um com o outro e seu único contato foi na cama. Era possível que duas pessoas se apaixonassem nessa circunstâncias? Certamente seus sentimentos por Christopher Uckermann, eram confusos, mas não tinha duvidas. Mesmo que a sua liberdade estivesse por um fio, estava desolada diante da ideia de não voltar a vê-lo nunca mais.

Uma suave chamada da porta a fez interromper os pensamentos e Lele deslizou para abrí-la, elegantemente como sempre, falando em voz baixa com uma jovem serva.

Quando se voltou, sorriu amplamente.

– Vou vestir-la, sua partida é em menos de uma hora.

O alivio fez com que seus joelhos temessem e Dulce respirou profundamente para tranquilizar-se.

– Graças, a Deus.

– Elogie a Alá e a grandeza de seu senhor, o Sultão, –corrigiu-a Lele severamente, e depois se pois a rir.– Pergunto-me se decidiu deixá-la ir po que caso ficasse, teria que ir aos pescadores de pérolas para procurar mais para você, Que acha, preciosa?

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A Perola Das ÁrabeasOnde histórias criam vida. Descubra agora