capítulo 24

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Eva

Vou para minha sala completamente frustrada, uma noite toda e com certeza o dia seguinte tentando recuperar meu sono, perdidos por conta da porcaria de um baile! Furiosa. Sem dúvidas, essa palavra define como eu estou me sentindo, furiosa!!! "Calma Eva, respire fundo, no final, tudo dará certo." Mentalizo a voz da minha antiga professora de yoga e isso só me deixa mais estressada, assim vou ficar toda enrugada antes dos 30 anos! Volto aos meus afazeres, que graças aos dias que eu tenho trabalhado feito uma louca, não são muitos, adiantei tudo para me dedicar mais a minha tese de defesa para o julgamento, o que realmente anda difícil. O cara é um milionário, mas é acusado de barbaridades. Pego um arquivo que separei sobre o mesmo e começo a ler: filho único, foi neto único também pela parte materna e o caçula da parte paterna da família, assumiu a empresa da família aos 29 anos após a morte do pai, e de lá em diante os lucros vem decaindo, há muitas notícias dele em festas, eventos, um verdadeiro play boy. Só que hoje, aos 37 anos, da até nojo de ver as coisas a qual está sendo acusado. Vou fundo na minha pesquisa, o relato sobre estupro foi relatado como se tivesse ocorrido a 5 anos, era uma festa particular de adolescentes, logo após o baile de formatura, isso por si só, já me faz ver que muita merda deve ter acontecido; a vitima prestou queixa um mês depois, os laudos dos legistas confirmam o abuso, mas o réu se declara inocente, e relata não lembrar-se de nada após o baile: "muito conveniente" penso, a vítima disse que havia sido dopada, e quando acordou estava nua ao lado de seu agressor, alguns adolescente foram interrogados, muitas pontas foram deixadas soltas, o que me faz perguntar do porquê esse caso esta sendo reaberto agora, quando o réu foi inocentado mesmo havendo provas de um crime inafiançável. Na época foi um grande escândalo, a mídia caiu em cima, o que prejudicou a empresa e resultou meses depois, na morte do avô do réu de infarto. Preciso ir mais fundo, procuro em minhas pastas e encontro a que separei da infância dele, abro e vejo alguns laudos, o caso é incrível, ando trabalhando nele dia e noite, e sempre tem algo que ainda não sei, olhos as datas, agora faz mais sentido...

- Pronta senhorita? - ouço a voz rouca e marcante me acordar. Dou um sobressalto da cadeira e acabo derrubando algumas folhas, ele franze as sobrancelhas e eu apressadamente recolho a papelada e a organizo guardando-a - Nervosa Stuart? - pergunta e lá está novamente seu tom de deboche escondido atrás da pose super profissional

- Não senhor, me desculpe, estava apenas distraída - digo enquanto pego minha bolsa e olho no relógio 13:00hr da tarde - Bom almoço senhor. - digo e saio andando até o elevador, sinto o mesmo me acompanhar e quando olho para trás ele vem trazendo as caixas que Adeline trouxe mais cedo.

- Poderia até dizer que seu jeito distraído é relativamente engraçado, quando isso obviamente não atrapalha o nosso horário, ia esquecendo isso e teríamos um problema para vir buscar! - diz de maneira tão suave que eu até estranhando

- Desculpe-me - falo tentando pegar as caixas e o mesmo as desvia

- Eu as levo, mudanças de plano, vou acompanha-la até sua casa para pegar o que precisa e vamos direto para minha casa. Maria precisa resolver umas coisas e o motorista vai ficar a disposição dela. - diz enquanto saímos do elevador em direção a porta de saída, aceno para Megan e Arthur conversando na recepção e os mesmos acenam de volta

- Posso ir sozinha até lá senhor, ou posso encontra-lo já no evento, tenho o endereço. - digo, por que sinceramente, não me sinto nada a vontade de ficar sozinha com ele dentro de um carro, ou em sua casa, nem muito menos na minha. É demais pra mim. Ele me olha um instante, não baixo o olhar e parece que é sempre isso que ele procura em mim, um pouco de redenção, "me desculpe querido, terá que brincar de fazer cara feia com outra pessoa" penso.

- Você irá comigo! - diz forte e rude, como se mandasse em mim, babaca! "Ok, ele é meu chefe, mas isso não dá a ele o direito de ser um cretino!". Mantenho minha boca fechada, e apenas entro no carro, porque se eu abrir minha linda boquinha, mando esse infeliz ir para o quinto dos infernos! Vamos o caminho até minha casa em silêncio, como sempre ele abre a porta para que eu possa sair.

- Vai querer alguma coisa? - pergunto quando adentramos no meu apartamento, ele para um pouco, demora uns segundos para responder - Senhor Cross? - pergunto chamando sua atenção e ele então parece voltar a realidade

- Água! - diz e sua voz extremamente mais grossa que o normal, é quase brutal, mas tão baixa quanto um gemido

Perca o Controle (Livro Concluído - em revisão) Where stories live. Discover now