A provocação do Lobo

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— Pretende retornar ao orfanato? – Olivia perguntou verdadeiramente curiosa ao cruzar as pernas após se sentar na cama de Elle, e tamborilar os dedos em cima de seus joelhos. Olivia Hills admitiu ao olhar para a jovem: Elle Laffont conseguia ser bela ao transmitir tamanha ingenuidade em seu olhar. Os cabelos loiros mantinham-se soltos, o rosto infantil lhe dava um ar angelical se comparando com seus verdes. Porém, Olivia sabia o quanto aquela inocência lhe seria prejudicial ao conviver com Wolf. O homem desprezava pessoas como Elle, e se não houvesse uma razão para ele ficar ao seu lado, ela teria continuado no orfanato pelos próximos anos. – O senhor Wolf agiu de forma inapropriada?

Elle queria negar com todas as suas forças, mas sentiu suas faces se avermelharem diante da pergunta. O beijo roubado surgiu em sua mente com força. E inconsciente se viu relembrando do aroma dele, de seu gosto e da sensação de ter alguém tão próximo a si. Sua mão foi automaticamente de encontro aos seus lábios, e somente então se deu conta da presença de Olivia. A mulher lhe olhava fixamente.

— O senhor Wolf nada fez – Mentiu ao encarar a mulher assim que abaixou a mão. – Me acostumei a viver no orfanato. É o único lugar que conheço – Disse com a voz baixa – E não iria demorar para poder conseguir um trabalho para ajuda-los.

No segundo seguinte, Elle se viu levando a mão em sinal de arrependimento.

— Então era isso – Olivia sorriu vitoriosa ao se levantar – Deixarei os panfletos e espero que tenha uma resposta quando o senhor Wolf perguntar.

— A minha resposta será retornar ao orfanato.

Elle sentiu o seu corpo contrair ao escutar a gargalhada da mulher ficar cada vez mais alta. A mulher se divertira com a sua resposta, a deixando constrangida.

— Vamos ver se continuará pensando assim – Deu de ombros ao ir em direção a porta, deixando Elle solitária no quarto olhando para os folhetos em cima da cama. Como um imã foi puxada em direção a eles. Leu cada um deles lentamente temendo pelo seu futuro. Se estivesse no orfanato, estaria sorrindo com as crianças enquanto liam algum livro e discutiam sobre ele. A realidade se tornava difícil.

Se viu imersa em suas recordações até escutar a porta do quarto ser aberta e fechada. Ergueu os olhos ficando estática. Gregory Wolf a avaliava minuciosamente.

Elle sabia que deveria desviar o olhar e se levantar, mas não conseguiu. O seu corpo não escutava seus próprios comandos, pois seu olhar se mantinha no homem a sua frente. Gregory não se vestia como ela se habituara a vê-lo.

— Pretende fugir, Laffont? – Gregory perguntou atrevido ao dobrar a manga de sua camisa de lã para em seguida cruzar os braços em frente ao corpo. – É tão infantil por fugir por causa de um beijo? – O seu atrevimento surtiu efeito na jovem, que ergueu-se da cama com a respiração ofegante.

— Para o senhor foi apenas um beijo, mas fui criada sendo ensinada sobre os caminhos de Deus, e neles não devemos beijar qualquer pessoa por divertimento.

— Deve ser chato viver dessa forma – O seu sorriso de escarnio a ofendeu de tal maneira que ela se controlou para não ir até onde ele estava e lhe dar uma bofetada. – Está ofendida? Deveria reagir quando se sente ofendida.

— Espera que eu grite com o senhor?

—É uma opção – A provocou ainda mais. A cada provocação o rosto da jovem avermelhava-se, e ele percebeu a forma como os lábios dela se contraiam. – O que fará, Laffont?

A jovem apertou a sua mão com força, uma contra a outra ao rogar a Deus por paciência. As freiras sempre ensinavam que acima de qualquer raiva deveria haver uma razão para senti-la, e se esta não fosse suficiente deveriam dar a outra face. Elle escutara tudo isso por anos, e sabia o que deveria ser feito, porém não conseguiu. Não quando a provação encontrava-se em sua frente, sorrindo de suas respostas e de seu jeito após falar o quanto a desprezava.

— Se atreve a me provocar após tudo o que fez? – Perguntou ao erguer o nariz arrebitado – Se está esperando que eu diga algo que o faça me enviar para o orfanato, basta me dizer as palavras que as repetirei com vontade e alegria.

— Isso seria fácil demais – Descruzou os braços ao ir em direção a Elle, a qual recuou sem tirar os olhos dele. – Não ouse dar um passo – Ordenou e sorriu ao ver que ela lhe obedecia contra a sua vontade. Se aproximou lentamente, deleitando-se com o olhar dela. Elle Laffont o encarava não como uma garota ingênua, e sim uma jovem amedrontada – Um beijo simples lhe assustou de tal forma que está planejando fugir, és realmente uma criança – Segurou uma mecha de seu cabelo, cheirando-o em seguida – Se fugir irei até o inferno lhe pegar de volta. Eu direi quando deve ir embora, e quanto mais cedo compreender isso, melhor será para você, Laffont – Soltou o seu cabelo, segurando-a pelo pescoço – Devo fazer algo de que realmente tenha medo?

Gregory sentiu o corpo da jovem estremecer. Sentiu a respiração dela ficar mais ofegante e o cheiro dela lhe recordou uma fazenda.

— O seu cheiro é tão infantil quanto a sua imagem – Elle sabia que deveria se sentir ofendida pela forma como ele falara, mas passara anos sendo elogiada pela sua doçura e inocência. Seus cabelos sempre era alvo dos olhares das crianças, e todas afirmaram lembrar o sol. – Vamos mudar isso – Gregory aproximou o seu rosto dela – Abra sua boca um pouco ou irá se machucar – O tom de voz usado a fez engolir em seco. Wolf se divertia diante de seu desespero. Ele não esperava seguir em frente, porém algo no olhar de Elle o fez perder a lucidez ao beijá-la novamente, e desta vez a surpreendeu usando a sua língua. Desde o primeiro beijo percebera a inexperiência da garota em seus braços, e isso o instigou a ir além. Gregory Wolf a testava para ver até onde ela suportaria.

Elle manteve seus braços inertes ao lado de seu corpo, seus olhos permaneceram abertos, assustados, com o que acontecia. A língua de Gregory movimentava-se dentro de sua boca lhe dando uma estranha sensação.

Sem saber o motivo, ela se viu correspondendo de forma desajeitada. O sabor que se recordava dele foi substituído por algo doce e convidativo. Ela sentiu as mãos de Wolf em sua cintura, aproximando os seus corpos para no instante seguinte sentir-se solitária assim que ele se afastou com um sorriso vitorioso na face.

Um sorriso que ela sentia raiva pela prepotência.

— Pode praticar comigo o quanto desejar, Laffont – Vitorioso foi em direção a porta, porém antes de sair deu o seu último aviso – Se ousar escapar de mim, todos que estavam em sua volta irão sofrer. Os órfãos terão um lugar para permanecer enquanto estiver ao meu lado e escutar as minhas ordens.

— Está dizendo que vai ajudar o orfanato?

— Eu irei comprar o orfanato, se assim desejar. Nada vai faltar a eles, mas quando descumprir minhas regras eles irão sofrer.

Elle manteve seus olhos presos nas costas do terrível homem que lhe ameaçava sem hesitar.

CONTINUA...

Vocês acham que Gregory conseguirá transformar Elle? 

Ah... então nesse livro não tem um lobo realmente.. é um tipo de metáfora rsrsrs

Inocência (DEGUSTAÇÃO)On viuen les histories. Descobreix ara