Capítulo 9 - A Bruxa

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Eu entrei na oca. Lá dentro, existia uma mulher, como esperado.

– Então é verdade, você veio mesmo! – ela disse.

– Seu amigo me trouxe aqui – falei.

– Ele não é meu amigo, é um anjo trazido do outro lado do mar. Ele não é nativo daqui.

– Ele usa umas coisas bem esquisitas mesmo no corpo. Eu também conheci uma Karaibebé que não era daqui. Iemanjá, da África.

– Conheci ele por intermédio de uma mulher exilada pela nação por manifestar sua religião. Ela me disse que se eu recitasse o feitiço "Vá Satanás, Barrabas e Caifás, tragam-me ele para que me dê quanto tiveres, me diga quanto souberes e me tornes a mais feliz das mulheres" poderia trazer a mim o homem que desejasse, e eu desejei você.

Ela me olhou de forma que eu não sabia explicar.

– Eu? Você me conhece?

– Não lembra? Quando você emergiu da lagoa, eu estava lá.

– Você era a mulher?

– Sim, Matinta é meu nome. A principio eu tive medo de você. Minha tribo foi destruída e capturada por um povo parecido com você. Mas quando vi que falava com um pássaro, percebi que não podia ser deles, pois eles não dialogam com a natureza, só matam.

– Uauiará me disse que eu deveria dar isso pra você tirei o muiraquitã da barba ruiva.

Nossa – ela se surpreendeu. – Eu já ouvi falar. Mas comumente são as mulheres que dão aos homens. Em especial as Icamiabas. Eu também tenho algo pra você...

Não sei descrever em palavras o que aconteceu posteriormente. O que posso dizer é que me senti muito atraído por Matinta e ali, me liguei a ela e fazendo isso, me liguei ao universo. E dando um pouco de mim a ela, eu me senti muito mais cheio de calor, do que quando apenas recebi das mães.    

MAMELUCO, Existência afogada.Kde žijí příběhy. Začni objevovat