I Found You - |André Silva| ✔

● Capítulo 25 ●

|Ângela|

"Então, e o clássico como correu?"- tento arranjar assunto para que o ambiente não se torne constrangedor. É estranho isto acontece agora, nunca acontecia.

"Ângela, nós não viemos cá para falar de futebol."- a sua voz saí um pouco ríspida, coisa que o moreno se arrepende, dá para ver pelo seu olhar.

"Pois, certo, eu sei."- o meu olhar fixa-se nos meus pés a enterrarem-se na areia a cada passo que dou.- "Viemos falar sobre nós."- a minha voz fica trémula na ultima palavra que profiro. Não era um assunto fácil.

"E vamos ser cem por cento sinceros, por favor."- André pede e eu assinto com a cabeça.

"Podes começar tu."- ambos dizemos ao mesmo tempo e ambos nos rimos lodo de seguida.

"As senhoras primeiro."- o seu sorriso adorável volta a aparecer.

"Bem, por onde hei de começar. (?)"- tento abstrair-me do certo nervosismo, ansiedade, medo e talvez adrenalina que atravessa todos os cantos do meu corpo neste momento.- "Tu sabes, e eu sempre te disse que a nossa ligação é especial, conhecemo-nos de uma maneira bem estranha mas isso apenas nos fortaleceu. Eu gosto muito, mas mesmo muito de estar contigo. Tu fazes-me rir, fazes-me sentir bem, fazes-me sentir viva. Eu adoro-te."- uma pequena pausa é feita no meu discurso.- "Mas existem águas passadas que tu desconheces e isso complica tudo..."- suspiro.

"Tu também sabes que eu te adoro, adoro quando estamos juntos. E aquele beijo, aquele beijo eu não o consegui tirar da cabeça durante este tempo todo, não te consegui tirar da cabeça, Ângela."- os nossos olhares cruzam-se por instantes.- "Tu sabes que eu não sou muito bom com as palavras... E é incrível como tu tens esse efeito em mim num tão curto espaço de tempo. Eu definitivamente que sinto algo por ti, muito mais que uma mera atração mas ainda muito cedo para afirmar que estou apaixonado. Deixa-me explorar isto contigo, os dois."- o moreno para ficando á minha frente segurando nas minhas duas mãos.

"Eu, eu também."- admito um pouco tímida.- "Mas é complicado..."- começo a mexer no meu cabelo de um lado para o outro, um tique nervoso que tinha desde o sétimo ano.

"O quê? O que é tão complicado Ângela?"- Prosseguimos a nossa caminhada sem destino.- "Sabes que podes confiar em mim."

"É que eu tive um relacionamento, com um rapaz, que não correu da melhor maneira."- Encho-me de coragem e começo a falar do que tanto me atormenta.- "Ele era meu amigo, o primeiro que fiz quando entrei no primeiro ano do secundário, ele e a sua irmã. Conversávamos todos os dias, quase que fazíamos tudo juntos, saímos, íamos ao cinema. Eu deixei de estar com os meus melhores amigos para estar com ele e mais tarde me despertaram certos sentimentos."- Paramos mais uma vez e sentamo-nos nos rochedos descobertos.- "Eu estava tão apaixonada que implorei aos meus pais para o trazer connosco naquele verão para Portugal e eles alinharam. Esse verão, oh, foi um sonho e muito especial... Tu sabes, ele foi o primeiro... Não fazes a ideia do quão eu me arrependo disso."- André olhava-me atentamente enquanto eu continuava a contar a minha história.- "Continuamos o verão, muito apaixonados, pensava eu e quando chegamos de volta a Beverly Hills ele basicamente cagou para mim. Deixava-me pendurada sempre que eu combinava para estarmos juntos, deixou de se interessar simplesmente. E o motivo era o livro que permanecia no balneário dos rapazes com todos os nomes das raparigas do liceu, cada uma com uma pontuação de zero a dez e com um rapaz atribuído. Eu era um nove, um desafio portanto. Fiquei destroçada quando soube, com uma raiva enorme não só de Thomas mas do que todos aqueles nojentos fizeram a muitas outras raparigas amigas minhas."- as minhas lágrimas teimavam sair dos meus olhos a qualquer momento. Era um assunto que ainda mexia muito comigo.- "E o pior é que não dei ouvidos aos meus melhores amigos e fui na conversa fiada daquele anormal... A partir daí fechei-me quase por completo no que toca a assuntos amorosos, o meu sarcasmo e senso de humor são a minha arma para combater isso."