1. ZERO SEMANA

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HELOUISE

Sem revisão.

Quem disse que casamento trás sorte, certamente tinha acabado de levar uma tijolada no meio da cara

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Quem disse que casamento trás sorte, certamente tinha acabado de levar uma tijolada no meio da cara. Porque, para mim, essa coisa só trouxe mais dor de cabeça.

Vejamos, meu dia começou já todo errado. Acordei com cinquenta pés esquerdos — só para você ter uma pequena noção de como está sendo fodido o dia —, escutei da minha mãe o dia todo de como Remy era isso, era aquilo, porque ele é gentil e blá blá blá... E foi só pelo o enorme e grande respeito, amor e admiração que tenho pela minha mãe que não a mandei ir para puta que pariu ou ir se foder com Remy até que os dois se fundisse e juntos fossem para o inferno. Dona Etienne, a mãe do Travis e Aimee, resolveu me alugar como ouvinte e tagarelou por quase duas malditas horas e meia da infância dos filhos, da vida de viúva e... Adivinham só? Sim, claro, isso mesmo. Remy.

A velha — com todo o respeito, porque eu a admiro muito, ainda mais quando ela está de boca fechada cuidando da vida dela e não tentando bancar a cupido e jogar o estúpido para cima de mim, como os carinhas do camelô fazem — praticamente passou a autobiografia de Remy para mim, como uma boa mãe faria do seu filho. E como uma mulher muito bem educada, sorri o tempo todo igual o coringa. Minhas bochechas estavam até ardendo, por pouco eu não precisaria me dar um soco na cara para elas voltarem ao normal.

Sem drama. Só digo a verdade.

Quando finalmente achei que estava livre para explorar a exageradamente enorme casa de campo onde aconteceria o casamento, eis que surge a cerimonialista pra me encher mais a minha paciência. Eu não sei o porquê, mas desconfio que a baixinha não foi com a minha cara desde ontem a noite, quando fomos apresentadas no ensaio da valsa dos padrinhos.

Será que foi algo que eu disse?

Possivelmente, sim. Mas quem se importa?

Outra coisa que também estou desconfiada é que aquela droga de depilação obrigatória era papo furado, a anão de jardim só queria me ver sofrer. Ordinária. Só não mato ela, porque uma vez li que matar nunca leva a nada e em parte porque tem muitas testemunhas.

Na hora do almoço, após eu ter me depilado por inteira, da cabeça aos pés, peguei um pouco de comida e fui me refugiar para bem longe da casa, afim de paz e sossego. Porém, claro, a porra do meu azar não queria colaborar e fez com que minha mãe, Dona Etienne e uma tia não sei das quantas de Remy me seguirem até a sombra gostosa da árvore grande, da qual eu estava descansando meu lado assassino.

E como se elas estivessem ensaiado alguns minutos antes de chegarem, bastou Dona Etienne elogiar o bom menino do Remy para a tal tia, que as três desencadeou tagarelar dele ao meu lado, da maneira que parecia que eu era invisível entre as três.

Qual é a delas afinal? Por que elas não vão jogar, sei lá, batalha naval, bingo ou o quem acerta a cabeça de quem primeiro com o facão?

Até a traidora da minha mãe está no meio, vendendo a filha como se fosse um peixe grande e muito feio para ser comido.

Possession - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora