Dereck suspirou e levantou o rosto se aproximando vagarosamente. Meu corpo inteiro entrava em desespero. Ele sorriu de forma maliciosa e apenas pegou as folhas de minhas mãos, me deixando totalmente confusa e curiosa.

- Me encontre na saída.

Dereck saiu de minha frente e de minha vista.

Aquilo era um encontro? Ou apenas mais uma conversa, amizade e nada mais? Oras, essas coisas não me deixavam tão perdida assim. Sempre fora certa de meus sentimentos, e agora essa...?

A verdade foi que as aulas seguintes não tiveram espaço em minha mente e para ser ainda mais sincera, eu estava com mais medo do que quando dei meu primeiro beijo.

Sim, Késia Collins Melbourne morrendo de medo de um rapaz! Susan estaria rindo freneticamente de mim agora.

O sinal havia batido e eu só pensava em uma pessoa. Arrumei minha bolsa na intenção de que minha demora o fizesse desistir daquilo. Fui praticamente a última a sair da Klein Mendes.

Andava pela calçada da escola olhando para todos os lados e ali só via poucos alunos esperando ônibus ou conversando entre si. Olhei atentamente para o ponto de ônibus. Nem sinal de Dereck. Respirei de alívio e resolvi escutar música enquanto o transporte não chegava.

Na parte mais interessante, sinto que uns dos fones foi retirado do meu ouvido, para uma voz se pronunciar, fazendo meu medo inteirinho voltar dentro de mim.

- Você demorou. Achei que não tinha cumprido com sua palavra. - O velho sorriso malicioso o acompanhava nessa frase.

- Como você apareceu aqui?!

Dereck soltou o meu fone e se virou para mim.

- Digamos que eu dei uma volta, para ter certeza de que você não fugiu. - Eu não sabia o que dizer, aliás isso me lembrava outros momentos que queria ter esquecido completamente.

- O que foi? - Dereck me fitou preocupado. - De repente ficou muda.

Voltando minha atenção a ele, falei:

- Não era nada, mas me responda, porque me convidou a te encontrar? Isso não é um pouco comum, Dereck?

Ele reagiu com surpresa.

- Bem, tenho umas coisas para te dizer e você está sim me evitando.

- Não estou fazendo isso agora. - Mostrei minhas mãos, em defesa.

- Claro, como quiser, mas antes de pegar qualquer ônibus, vamos a algum lugar. - Ele recostou o braço em meus ombros.

- Ok, mas tenho que ligar para meus pais.

- É mesmo, esqueci que ainda tem 17 anos.

Arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços.

- Não vem se gabar da sua velhice para cima de mim não. - Reclamei.

Dereck apenas riu.

***

Me fazendo andar que nem uma mula, finalmente chegamos ao tal lugar que ele queria.

Entramos em um prédio cinza, extremamente sem graça, mas por dentro, meu queixo quase caiu. Era um salão detalhado em iluminação colorida, um palco e muitos assentos de couro. Mas o que tornava o ambiente clássico e diferente eram os detalhes no rodapé, colunas e teto, em gesso coberto com tinta preta. Quando as luzes percorriam esses detalhes tudo ficava ainda mais bonito.

Girando no meio do palco, tirei minha mão do rosto e olhei para Dereck.

- Por que me trouxe aqui?

Minhas Viagens AventureirasWhere stories live. Discover now