Véspera de Despedidas

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Em meio a tanta baba, abri os olhos com dificuldade, me espreguiçando logo em seguida. Recolhi a toalha molhada que havia deixado no chão, (nada organizada) e coloquei algo mais decente para me vestir.

Desci para a cozinha e algumas pessoas já se empanturravam com alguma torrada ou bebida com cafeína. Cuidadosamente, passei nutella (quem não ama essa maravilha) em um pão de leite e mastiguei a mistura com um iogurte.

Na mesa, estavam tio Fernando, as primas de minha mãe, uma delas preparava panquecas, o pequeno Joe e a Joyce também se encontravam presentes.

- Como foi ontem? - Minha prima perguntou, levantando-se para pôr um copo na pia.

- No começo eu estava com muito medo de que algo grave acontecesse, mas depois que visitamos o quarto em que ela se encontrava, vi que estava bem, mesmo após uma cirurgia tão perigosa para uma senhora com aquela idade.

- Mas o que sua avó realmente tinha? - Ela indagou, expressando preocupação.

- Há alguns anos ela já havia feito uns exames e descobriu a pressão alta. Agora depois que chegou ao hospital fizeram mais uns exames e parece que a saúde dela se agravou com a tal da arritmia cardíaca.

- Essa doença é muito perigosa. Espero que sua avó fique bem Késia, conheci ela ontem no Natal e realmente queria ter uma avó como a sua.

Joyce sorriu e me abraçou nesse momento. Antes disso, com cuidado, coloquei o pão que estava comendo na mesa. Não podia fazer algo desastrado nesse dia, caso contrário, a empregada iria ser eu.

Logo, mais pessoas descem para a refeição matinal, e dentre elas, minha mãe, que me deu um beijinho na testa.

- Oi mãe. - Falei com um sorrisinho.

- Oi querida, Hadassa já acordou?

- Não, mas por que a pergunta?

- Parece que ela iria embora hoje, mas não tenho certeza.

Ao ouvir aquilo fiquei bem desanimada. Tinha esquecido completamente disso, tanta coisa havia acontecido e eu nem sabia mais que dia da semana era aquele.

- Lembrei dela ter dito algo parecido, mas vou perguntar. - Falei indo em direção à sala.

A casa estava repleta com a decoração de Natal. Minha mãe já organizava meus primos para tirarem a decoração externa da casa. Os 200 metros de pisca-piscas foram guardados junto com o papai Noel e o trenózinho de arame.

Enquanto tudo isso acontecia, subi para o quarto, verificar se Hadassa já estava de pé. E não deu outra. Era muito difícil essa ruiva ficar preguiçosa algum dia. Ela já estava acordada e pesquisava algo, muito concentrada em seu notebook.

Me aproximei e ela percebeu se virando em minha direção.

- Ah, oi amiga, estou procurando uma passagem para voltar ao meu trabalho. - Disse séria.

Fiz cara de cadela sem dono, dizendo:

- Então você vai mesmo?

- Sim.

Juro que lágrimas saíram dos meus olhos. Foi um pouco constrangedor, pois Hadassa nem prestou atenção no meu rosto, pois eu estava em pé e ela sentada olhando para o computador.

- E então, acho que vou comprar essa passagem aqui e... - Parou de falar quando atentou para minha cara de abandonada. - Amiga, você tá chorando!

Eu parecia uma manteiga derretida diante dela. Meu Deus de onde vem tanta água?

No mesmo instante minha amiga se levantou e me abraçou forte. Era impressionante como eu chorava por nós duas. Seus olhos continuavam como um deserto escaldante.

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