Platônico

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- Você não vai demorar né?

Levantei meus olhos quase maquiados e observei a expressão ansiosa do seu rosto.

Hadassa tinha um sério problema com ansiedade. Faltava uma hora e ela já estava pronta, com seu salto preto e o vestido cinza de um ombro só. O cabelo produzido em uma trança embutida.

Eu terminava minha make, usava uma blusa xadrez e saia mini, além de botinhas com salto.

Guardei os pincéis, blushes, batons... Vida de mulher é complicada.

Pegamos nossos ingressos e pegamos um táxi. Minha mãe ainda não havia chegado, estava fazendo um grande negócio com a venda de um sítio. Por isso não hesitei em deixar um bilhete na geladeira.

No carro, Hadassa falava com alguns amigos por telefone.

- Ké, eles já estão nos esperando lá na casa de shows.

Dei um sorrisinho. Ainda não estava me sentindo bem. As dores da cólica começavam a passar depois de tomar quase quatro comprimidos.

Descemos do carro em uma rua cheia de gente. Fiquei meio perdida no primeiro momento, mas Hadassa avistou a galerinha e nos aproximamos.

- Oi meninas! - Disse Flavinha toda animada.

- Oi! - Dissemos juntas.

Tavito, Flavinha, Carlos e Deyse se posicionavam na fila de entrada. Conseguimos entrar com eles e lá dentro esperávamos a banda entrar no palco.

Estávamos no camarote 8 e os músicos enfim apareceram na casa lotada. Luzes se misturavam e o cantor principal entra dando boas-vindas ao público. Comecei a gritar que nem doida, e o alvoroço da galera era geral.

A primeira música começa a tocar e a nuvem de braços para cima se movimenta com o som das palavras em melodia.

Logo percebo um par de olhos me cercando. Isso não é normal quando muitas pessoas estão ao seu redor, mas aconteceu. Ele estava lá, o garoto da madrugada, Vitor. Seu camarote ficava em frente ao meu, era impossível eu não perceber. No primeiro momento, fingi que não o conhecia, observei rapidamente sua presença e continuei cantando as músicas.

Droga! Toda vez ele estava vidrado em mim como se somente eu existisse no mundo. Eu só queria curtir o show sem lembrar dos problemas, mas não tinha como impedir isso. Teria que falar com ele, enfrentar seu charme e agir com a razão.

Tirando esse detalhe, tudo ocorreu de maneira satisfatória. O show de duas horas terminara e Hadassa me puxou para o camarim, que estava lotado de fãs querendo tirar uma selfie com os artistas. Não conseguia falar com Hadassa, todo mundo fazia muito barulho, e eu realmente precisava sair dali. Não me levem a mal, mas eu odeio multidões de gente. Conseguimos tirar uma foto depois de muito insistirmos. Atravessamos a porta principal e senti alguém segurando meu braço. Olhei automaticamente para o dono do braço.

- Vitor.

Ele me encarou e disse apressado:

- Késia eu preciso falar com você, agora.

Hadassa que estava ao meu lado ouviu o garoto e me perguntou:

- Ké, você vem agora?

Estava sem saber o que responder porque eu precisava mesmo falar com ele, mas também não tinha o menor interesse em voltar sozinha para casa.

- Pode deixar, eu levo ela - Vitor respondeu em meu lugar.

- Fica tranquila, eu conheço ele - disse à minha amiga.

Minhas Viagens AventureirasWhere stories live. Discover now