8 - Ângulos Diferentes parte 2

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Por Pedro

Naquele dia eu nem imaginei oque aquela ligação significava, achei apenas que meu pai estava sentimental.

Ah se eu soubesse!

Eu lembro muito bem da minha infância, dos cuidados do meu pai, da forma amorosa que ele me tratava, lembro que quando acontecia alguma coisa no colégio ele já chegava rodando a baiana, eu não tenho do que reclamar.

Eu agradecia a Deus todos os dias por ter me colocado no caminho do pai Alexandre, varias foram as vezes que me peguei imaginando como seria a minha vida se tivesse sido abandonado na mão de outra pessoa.
Pelo menos isso aquela mulher fez de bom, soube me abandonar na mão da pessoa certa.

Não importa oque meu pai diga.

ABANDONO

Já pararam pra pensar na força dessa palavra?
Quando os meus pais me contaram eu tive uma forte crise de choro, eu até já me perguntei oque poderia ter de errado comigo, mas depois eu soube que eu era perfeito, maravilhoso, lindo, e que o problema não era comigo, e sim com ela.

Aquele bilhete que estava na mochila, eu fiz questão de queimar, aquilo foi como um ritual de passagem pra mim, eu decidi esquecer que já pertenci a outra família, nada daquilo me importava mais.

Meu pai era o Alexandre e minha mãe o Math!

Que ele nunca leia isso!

Meus pais me amaram e amam incondicionalmente, então eu nunca senti falta daquilo que não tive, ou seja, mãe.

Foi um pouco duro ver os amiguinhos sendo levados pela mãe para a escola, e nos dia das mães minhas avó fazia questão de ir no meu colégio, isso sempre me deu forças para superar também.

Vamos mudar esse clima de melancolia, isso nem combina comigo que sou um ser iluminadissimo.

Vamos falar sobre o Marcos
Aposto que vocês estão morrendo de inveja por não terem um boy magia como o meu!
Ele é maravilhoso, eu até prolonguei minhas férias pra curtimos mais, meus avós voltaram assim que o carnaval acabou, e eu fiquei mais dois dias.

- Não acredito que você está nervoso por causa disso! - ele gargalhava feito uma hiena do meu desespero

- Você está me levando para conhecer a sua familia... Como quer que eu me sinta? - ele me pagaria tudo quando tivesse que conhecer a minha familia.

Gente, eu nunca namorei, por isso nunca tive a necessidade de apresentar ninguém ao meu pai.
Mas já pararam pra imaginar esse dia?
Só de pensar no Allan e Bruno no mesmo ambiente que minha avó e meu pai, já me da calafrios.

Eu não resumi como chegamos até esse dia...

Bom, no outro dia, após o jantar, estávamos passeando de mãos dadas e algum filho da puta tirou várias fotos nossas, a confusão foi inevitável.
Mas as fotos só vieram a tona no ultimo dia de carnaval, meu pai me ligou furioso, minha acessora, meus amigos, meus tios, minha avó ficou gritando por uma hora.

Gente, porque minha família tem que ser tão dramática?

Enfim, ele me convenceu a ir conhecer sua família, não que eu não estivesse animado, só quem já passou por isso sabe como é constrangedor.

Os pais dele estavam nos esperando na porta da casa, o pai se chamava Rogerio, era um coroa alto, encorpado, era uma versão cabeluda e mais velha do filho, a mãe Leandra, me lembrou uma versão negra da senhora Weasley de tão fofa.

Eles me abraçaram, e passei por varias perguntas constrangedoras, estávamos sentados em cadeiras no quintal quando eles perguntaram dos meus pais.

- Eu fui adotado quando tinha dois anos de idade pelos meus pais - eles me olharam chocados - minha mãe me abandonou nos braços do meu pai Alexandre no estacionamento de um super mercado.

- Oh, meu filho... - a mãe de Marcos tinha lagrimas nos olhos

- Tudo bem - falei apertando as mãos dela e sorrindo - Eu agradeço pelos pais que eu tenho, apesar de um deles ter sido me tirado muito cedo. Meu pai Alexandre morreu de HIV quando eu tinha cinco anos.

Não sei porque eu contei a eles, podia simplesmente dizer alguma outra coisa.
Jesus! se você olhar desse ponto de vista minha vida parece bem sofrida.

Mas tratei de explicar a eles que sou muito feliz, e que meu pai era maravilhoso, ocultei a parte dele ser um pouco louco.

Pouco? Quanta modéstia da minha parte, não é mesmo?

A tarde foi maravilhosa, eu me senti muito bem com eles.
Antes que pensem " Ai, mas você nem narrou a conversa com ele"
Eles são só figurantes nessa história, o importante é oque eu falo com vocês.

Mas voltando ao assunto, antes de ter sido interrompido pelos pensamentos de vocês, nós voltamos juntos para Salvador, e eu o convidei para jantar na minha casa pra conhecer o meu pai.

RECOMEÇO (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora