7 - Ângulos Diferentes

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Por Math

Bem, eu tinha o direito de não receber aquela mulher?
Não, eu não tinha, eu podia julgar o modo que ela fez ao abandonar o Pedro, mas nunca, eu nunca poderia julgar os seus motivos.

Quando a deixei subir, eu precisei tomar uma dose de vodka, não estava nem um pouco preparado para oque estava prestes a acontecer.

Lembro como se fosse hoje:

—MAAAAATH! – gritou um Alexandre desesperado – VOCÊ NÃO VAI…
—ISSO É UM BEBÊ CRIATURA? – falei vendo ele que carregava uma criança que tinha no máximo 1 ano que me olhava assustada, e quando nossos olhos se encontraram em senti como se tivesse tomado um choque, uma corrente elétrica passou por mim – PELO AMOR DE DEUS, ME DIZ QUE TU NÃO ROUBOU ESSA CRIANÇA!

Eu nunca vou esquecer esse dia, na primeira vez que eu tomei o Pedro nos meus braços, ele era tão pequeno, tão indefeso, o amor que brotou foi instantâneo, antes mesmo de Alexandre dizer qualquer coisa sobre adoção, ou a sua ideia maluca de "simplesmente ficar com ele", lá no fundo eu já sabia que ele seria meu filho, e por mais que eu tenha tentado esconder, eu já o amava desde que nossos olhos se cruzaram.

Aaaah, gente... Vocês sabem o quão difícil é falar sobre esse assunto?
Se eu soubesse que naquele dia que eu deixei aquela mulher entrar na minha casa e me contar sua historia, me acarretaria tantos problemas...

Ela se sentou no sofá de frente para mim, por um momento tudo que ficamos fazendo foi olhar um ao outro, em silêncio. Negra, alta, por volta de 1,80, cabelo black, e seu rosto apresentava uma expressão de quem já havia sofrido muito, era nítido o sofrimento dela.

E como eu disse lá em cima, não podia julga-la.

- Então... Você diz ser a mãe do MEU filho? - era bom deixar claro quem era o pai gay louco ali - Pode me contar...

- Eu sei oque deve está pensando - sua voz era baixa e calma - Eu me arrependo tanto, mas aquele homem no estacionamento do super mercado era minha única esperança

- Como nos achou? - ela era a mãe dele, eu podia sentir isso, mas eu precisava saber mais - Porque depois de tanto tempo? Porque Agora?

- Eu procurei o Pedro Luís...

- Apenas Pedro, por favor - falei sorrindo e incentivando que ela continuasse

- Bom, eu procurei o Pedro por muito tempo, mas eu não sabia nada sobre aquele homem, fui em hospitais, creches, orfanatos... - lágrimas desciam pelo seu rosto e pelo meu também

- Antes de continuar, você parou pra pensar se o Alexandre é um maníaco? - foi cruel, eu sei, mas necessário - Se ele fosse um assassino? Eu sei que não posso julgar o "porque" mas o "meio"....

- Eu sei! - falou exasperada - Eu me perguntei essas coisas por anos... Então eu soube do cantor, eu vi a historia dele na TV, e havia fotos dele bebê, óbvio que eu reconheceria...

- Apenas me responda o Porque?

- Eu não tinha condições, tinha mais dois filhos, um marido drogado e bêbado que me espancava, uma vida miserável... - um aperto no meu coração se formou - Eu não podia fazer isso com aquela pobre criança. Ela não tinha culpa de nada, mas o desespero foi maior....

Ficamos em silêncio novamente, lágrimas escorriam pelo meu rosto, os soluços dela faziam o seu corpo todo tremer, então eu fiz a pergunta que mais me assustava até aquele momento, a pergunta que me traria grandes problemas

- Oque você quer? - minha voz saiu mais rouca que o normal

- Eu quero redenção, eu quero participar da vida do meu filho...

- Ele não é o seu filho... - falei secamente, o medo de perder o Pedro era muito grande - Ele é o meu filho, comi te disse, não posso julgar os seus motivos, afinal vemos isso diariamente, mulheres sendo julgadas e isso não faz o meu estilo, mas se tem uma coisa que eu nunca permitirei... - eu estava de pé já - É que se aproxime do meu filho novamente, talvez um dia se ele quiser, ou se ele sentir vontade.

- Você não tem esse direito! - ela também se levantou

- Está muito tarde para sua redenção - respondi abrindo a porta - Você perdeu a 17 anos atrás o direito de chama-lo de filho. Agora saia que eu tenho mais oque fazer, passar bem!

- Nós veremos muito em breve, tenha certeza disso - eu vi fúria nos seus olhos

- Não tenha tanta certeza! - e então bati a porta na sua cara

Já falei como o destino é filho da puta? Pois é!
Aquela mulher veio me afrontar naquele fatídico dia, eu sabia muito bem oque ela queria, afinal dinheiro move o mundo não é mesmo?
Eu liguei pro Pedro, precisava ouvir a voz dele

- Oi, Pai! - disse e eu podia sentir sua alegria - está mais calmo?

- Oi, Amorzinho - minha voz ainda estava rouca - Pedro... Você sabe que eu te amo mais que tudo nesse mundo, não é?

- Porque você está falando isso, pai? Aconteceu alguma coisa? - Eu senti a preocupação na sua voz, mas não podia contar a ele ainda - O senhor está chorando?

- Apenas me responda...

- Eu sei pai, eu também te amo mais que tudo nessa vida!

- Promete nunca me abandonar? - lágrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto - Promete que não importa oque aconteça, você nunca vai me deixar?

- Agora o senhor me deixou verdadeiramente preocupado! - respondeu - mas que pergunta é essa? Eu não deixaria o senhor por nada nesse mundo, o senhor é a minha fortaleza, sabe disso não é?

- Eu sei, meu Amorzinho, mas não se preocupa, não aconteceu nada - enxuguei as lagrimas e me levantei - Preciso desligar, Te amo meu filho!

- Também te amo, pai, tchau!

RECOMEÇO (Romance Gay)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن