Eu sabia.
Porque há 6 meses atrás, Stella apareceu da minha casa, logo após o meu pai sair para trabalhar. Ela estava ofegante, o cabelo um pouco bagunçado, sua maquiagem estava borrada como se ela tivesse virado a noite com a mesma maquiagem, ela fumava compulsivamente um cigarro que tinha a marca de seu batom escuro em volta.
— Posso entrar? — Perguntou ela.
— Você não pode entrar com cigarro, meu pai odeia cigarro — Rebati.
— Tudo bem Nora, sem problemas. — Ela deu uma última tragada, e depois jogou a fumaça na minha cara. O cigarro caiu no chão e ela o pisou. Stella olhou para trás, por um breve momento pude sentir seu nervosismo, que ela rapidamente controlou. Ela passou por mim, e pude sentir o forte odor a álcool que ela exalava.
— O que você quer? — perguntei logo.
— Nossa, é assim que você cumprimenta uma parente que não vê a tanto tempo?
— Não somos parentes.
— Eu sei, mas somos da mesma família, você deveria ser um pouquinho mais cordial.
— Eu estou estudando Stella, seja o que for que você quer dizer, preciso que você diga rápido.
— Então você não vai mais pra escola...
— Não. Eu estudo em casa.
— Então você ainda está traumatizada...
— Isso não é da sua conta! — Falei alto.
Stella ficou me encarando, me analisando. Ela tinha os olhos verdes, extremamente claros, que se destacavam em contraste com seu cabelo liso, preto azulado.
— Você ainda toma os remédios pra depressão? — Perguntou ela, ainda me analisando.
Suspirei — Como falei, não é da sua conta — Disse, indo em direção a mesa da cozinha, onde estavam meus livros de Geometria.
—Eu preciso estudar Stella, então por favor se você puder dizer o que você quer e ir embora, eu agradeceria muito.
— Posso ir ao banheiro antes? — Perguntou ela.
Cruzei os braços, ela estava fazendo eu perder meu tempo. — Andar de cima, a esquerda.
Ela subiu quase correndo.
O que ela queria afinal? Ela sempre foi assim, achando que todo mundo tinha que fazer tudo que ela quisesse. No tempo que morei com ela vi como ela tratava a mãe, os amigos, e mesmo assim todos faziam tudo por ela; havia algo nela, algo que fazia com que as pessoas a odiassem mas mesmo assim queriam sua aprovação, as meninas a invejavam, os caras a amavam. Stella tinha algo que não dava para entender, mas fascinava.
Talvez eu tivesse me deixado afetar, ela nunca fez nada diretamente contra mim, mas minha aversão a ela era bem aparente. Talvez eu a invejasse, ela era linda, tinha o mundo a seus pés, enquanto eu vivia reclusa em casa, presa a remédios para depressão por causa de uma tragédia de família.
Stella não tinha problemas. Ou pelo menos era o que eu achava.
Já haviam se passado 10 minutos e ela não havia descido. Olhei no relógio, eram quase 11 horas, estava na hora de tomar o meu remédio. Subi as escadas e fui andando em direção ao meu quarto, e encontrei Stella lá, olhando alguns livros que estavam na minha estante.
— Não imaginava que você queria fazer Informática na faculdade, muito moderno da sua parte- disse ela, percebendo que eu havia entrado no quarto.
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Filme Nº 7
Mystery / ThrillerVencedor do 1° lugar em Mistério/Suspense do Projeto Uma dose a mais. Sinopse: Em 3 de agosto de 1995, Stella Caprini cometeu suicídio na sala de Fotografia de sua escola. Logo após seu funeral, Nora, uma prima distante, recebe misteriosamente ace...
Capítulo 1- Contrast
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