Capitulo 47 - Invasão (PENÚLTIMO CAPÍTULO)

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Nataly


Hoje era um dia como qualquer outro para o mundo lá fora. Dezembro havia se iniciado há dezessete dias e em muitos lugares com diferentes culturas as pessoas começavam a se preparar para o Natal. Época para se juntar com sua família e celebrar o nascimento de Jesus. Eu não fazia isso a muito tempo. Na agência tínhamos uma ceia e coisas do tipo, mas eu nunca participava, já que nunca entendi ao certo porque comemorar por não termos famílias e estarmos trancafiados lá. Então enquanto famílias iam atrás de seus presentes e coisas do tipo eu ia atrás de um fugitivo ou protegia alguém. Era assim que eu passava meus natais e quaisquer comemorações de um mundo "humano". E eu sei que isso parece psicótico, mas era como eu vivia. Mas até que não seria um péssimo presente para a humanidade se eu prendesse ou matasse Mauricio hoje. Mesmo que eles nem fizessem noção do risco que corriam.

Depois de desligar as comunicações com a agência fomos para uma área que eu me recordava muito bem. Aquele cenário desértico com apenas alguns relevos e alguns matos baixos era onde minha mãe, anos atrás, veio para investigar alguma coisa e acabou morta pelas mãos de um dos seus melhores amigos.

Assim que desci do carro naquela manhã ensolarada e olhei para aquele lugar, agora esquecido e abandonado mais uma vez, tive a certeza que estávamos no local certo. Aliás melhor que se esconder onde matou uma vítima só se escondendo na agência. E isso eu tinha quase certeza de que ele não estava fazendo.

— Tem certeza que estamos no lugar certo? — Um agente perguntou enquanto ajustava seu colete ao seu corpo.

— Aqui foi o local do assassinato de uma das melhores agentes da S.W.A., e ele foi o assassino. Eu tenho certeza que esse é o local perfeito para se esconder. — Disse convicta.

— Mas não tem casas ou qualquer coisa para se esconder aqui. — Contatou se pondo ao meu lado com sua arma.

— É exatamente o que ele quer que pensem. — Sorri e comecei a caminhar em linha reta. Estacionamos um pouco longe de onde havia ocorrido o assassinato. Afinal não queríamos ser descobertos.

— Para onde exatamente estamos indo? — Um outro agente perguntou enquanto caminhávamos em uma formação que lembrava um losango e cobria todas as áreas inclusive o espaço aéreo.

— Fiquem atentos a qualquer movimento suspeito. — Respirei fundo tentando não pensar nas circunstâncias, apenas em fatos. Invadir, resgatar Alex, prender Mauricio, ganhar uma medalha e ir embora no dia seguinte. — Mais dez metros à frente. — Seguimos.

— Estamos no meio do nada. Isso é completamente insano. — Insistiram.

— Subterrâneo. — Disse fazendo com que eles parassem por um momento e me olhassem — Escutem! Aqui não é seguro, pois estamos totalmente visíveis. É isso que torna o lugar perfeito para um esconderijo subterrâneo. Ele sabe como um deve ser construído e como protegê-lo. Ele morou em um, caso não lembrem. E para proteger ele é capaz de qualquer coisa e isso inclui matar qualquer um que se aproxime. A nossa vantagem aqui são as câmeras alteradas, então por hora estamos seguros. Mas não podemos ficar brincando de casinha, porque uma hora eles vão perceber que há algo de errado com as câmeras. — Eles acenaram e continuamos a andar.

— Dez metros confirmados. — O agente ao meu lado disse parando de caminhar. — Para onde vamos?

Fechei meus olhos deixando que os flashes daquele dia voltassem à tona. Eu sai correndo daquele carro depois de ligar para Katia e segui para onde o corpo da minha mãe estava banhada em sangue e dividido em alguns pedaços. Eu chorei e eu gritei. Mas como toda criança essas imagens são distorcidas em minha mente para acreditar que ela não sentiu tanta dor ou que estava em paz. Eu não tenho certeza de como realmente ocorreu essa parte, são fragmentos que muitas vezes não se encaixam, mas me lembro dele sumir em meio a fumaça. Os psicólogos diziam ser uma metáfora e eu costumava a acreditar nisso. Mais uma forma de camuflagem. Mas agora existe todo um sentido por trás desse sumiço em meio a fumaça. Ninguém conseguiu entender até hoje como ele conseguiu fugir, mas agora eu sabia que ele não havia fugido. Havia muito vento naquele dia, por isso a "fumaça". Ele não caminhou muito mais que cinco metros até sumir, então não poderíamos estar longe da entrada de seu esconderijo.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora