Nas sombras da noite eu vago
perdido entre a fúria e a razão
buscando respostas que saciem a alma
ansiando pelo triunfo do amor sobre a ilusão.
No escuro da vida eu me escondo
sufocando medos e dúvidas cruéis
procurando pelas respostas que supram o vazio
tateando pelos ares ... ímpares ... do caos.
Revestido pelo negro da escuridão
lanço meus olhos em direção ao infinito ... estou perdido
mais que uma silhueta silente e sofrida
um espectro insigne ... poente ... ferido.
As trevas se fazem senhora das horas
num assomo de cruel tirania da dor
serei estranho ao mundo real ... social
ou, livre por opção, só vislumbro esta cor?
Sangra meu coração com este peso inaudito
sinto que fere minh'alma o estigma do só
veste transida de funesto portar
me mostra o alvo da vida ... pó ... acabar!
Mas se uma lágrima ganha a face
lembro-me da estrela que sorri no infinito
sopra uma brisa que refresca e acalma
olhos que iluminam o âmago da alma.
Onde estará esta luz que tantos enaltecem?
Onde encontrar o sentido da vida?
Talvez sonhos infantes ... vorazes quimeras
transtornos que a mente nega e incinera!
Quem sabe seja esta minha sina mundana
saborear o fel que vaza do íntimo do mundo
vislumbre angustiado daqueles que padecem
não amam ... não vivem ... não criam ... não tecem!
Imóvel ante o negror da alvorada guerreira
sinto minhas forças se exaurirem lentamente
meu eu se torna cansado ... senil ... vacilante
minha hora se faz tarde ... a noite se faz pedante.
Somente no seio da escuridão me encontro
sei que nada devo temer ... duvidar
sinto como se protegido pelo seio materno
doce alento que se torna eterno!
E no entanto o dia sucede a noite
ronda o peito esta ausência do você
grita alto em meus delírios diurnos
o sempre questionar: por quê?
Por quê?
Por quê?